Quando falamos em modelos conceituais em saúde, está implícito que existem diferentes conceitos que determinam diferentes maneiras de ver o que é ou como se faz saúde (ou se tratam as doenças). Essas diferentes maneiras de ver propiciam pensamentos e práticas diferenciados, mais ou menos eficientes, mais ou menos científicos, mais ou menos onerosos, fragmentados ou não.

Então, vamos desenvolver aqui essas duas questões que se colocam: a primeira, sobre as diferentes formas de ver a saúde, e a segunda, sobre os modelos conceituais em saúde.

Sobre as diferentes formas de ver a saúde, a discussão que se faz é epistemológica.

Há uma epistemologia chamada construtivista, que diz que o conhecimento/a ciência é um processo, ou seja, está constantemente mudando.

O processo de mudança do conhecimento sofre um período de harmonia das ilusões, segundo Fleck, ou de ciência normal, segundo Kuhn, ou de estabilidade, conforme Piaget, ou de continuidade, conforme Bachelard. Evolui para que os dados instabilizadores/anormais/desarmônicos rompam epistemologicamente mudando a ciência antiga. É colocado um novo estilo de pensamento/paradigma para ser a verdade provisória da nova ciência, que acumula o velho e, com isso, traz o princípio do conhecimento máximo. Isto parece muito mais uma discussão filosófico-sociológica, mas ela é básica para que se entenda a saúde.

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Reflexão:

Um exemplo interessante, extraído da Gestalt (da psicologia), para discutirmos um pouco mais acerca desse tema, pode ser a leitura de três letras: A-I3-C. Após isso, a leitura de três números: I2 ,I3, I4. A pergunta é: o que significa o I3?

Bom, num contexto de letras, é a letra bê; num contexto de números, é o número treze. Logo, eu vejo as coisas dentro de um contexto. Naquela realidade de números, não me é dada outra coisa senão ver o treze.

Nos modelos conceituais em saúde, a consideração do contexto é fundamental. Se eu penso sobre a tuberculose, dentro de um jeito de pensar, posso pensar que é uma doença causada por uma bactéria (mycobacterium tuberculosis); que, com o advento do microscópio, conseguimos localizar a sua causa; e que, com a invenção dos antibióticos, passamos a tratá-la definitivamente. Mais que isso, com a vacina, passamos a evitar que as pessoas se contaminem com a bactéria e fiquem doentes.

Este raciocínio é ditado por um jeito de ver, que pode ser questionado de diversas maneiras, clique nas setas da animação a seguir e confira!

A ampliação da qualidade de vida mediante o oferecimento de serviços públicos de saúde, boas condições para a classe trabalhadora, melhorias nas condições salariais/econômicas, habitações melhores, projetos de saneamento e urbanização, empoderamento das classes populares, ampliação da democracia são questões significativas na promoção de saúde e prevenção de doenças. Isso já é a outra maneira de ver.

Portanto, a primeira maneira de ver/conceber o processo saúde/doença chamamos de biomédica; e a segunda, chamamos de determinação social da doença; ou seja, estes são dois modelos conceituais em saúde.

Faça a autoavaliação a seguir e verifique seu aprendizado; caso não tenha um desempenho satisfatório, refaça seus estudos.

MEDIDAS DE FREQUÊNCIA DE DOENÇASMEDIDAS DE FREQUÊNCIA DE DOENÇAS MEDIDAS DE FREQUÊNCIA DE DOENÇAS