Para iniciar o diálogo acerca da construção do SUS, precisamos, antes de tudo, contextualizar historicamente a formulação de iniciativas e políticas públicas que não se restringem ao contexto brasileiro, pois este traz as marcas da evolução e da hegemonia dos diferentes modelos de saúde desenvolvidos nos países ditos “colonizadores”. Assim, convidamos você a mergulhar no percurso histórico que antecede a emergência do SUS, que apesar de tudo se tornou decisivo para possibilidade do exercício político na luta pela cidadania em nosso país.

Vamos, agora, analisar como ocorreu a instalação do modelo brasileiro de saúde, desde o início até a atualidade, relatando os avanços e retrocessos do processo.

 

Esses recursos do MPAS (que deveriam fazer lastro para o financiamento e assegurar benefícios no futuro) são pulverizados. Clique nas setas e veja de que forma isto ocorreu:

O Ministério da Saúde teve seu orçamento reduzido de 8% para 0,8%, permitindo o ressurgimento de epidemias relativamente controladas. Cria-se uma central de medicamentos, cuja principal função é a de ampliar a possibilidade de o remédio privado chegar à população pobre, aumentando muito os lucros dos fabricantes.

Retrocesso no ensino – o último passo

Então, as bases para o grande complexo médico-industrial estão plantadas aqui – hospitais, equipamentos e medicamentos. Faltava mexer na formação. Em 1968, a Reforma Universitária teve, entre outras intenções, a de reprimir a possibilidade de organização estudantil.

Em especial, na área da saúde, ocorreram intervenções que modificaram substancialmente a formação dos profissionais da saúde em direção à lógica capitalista de mercado.

Na Medicina, a recomendação era de, além de implantar o modelo Flexneriano, de que se executasse a supressão da disciplina de terapêutica, o que tornou os alunos reféns dos representantes de laboratórios, que passaram a agir como “ensinadores” do funcionamento dos medicamentos.

No curso de Farmácia-Bioquímica foi suprimida a disciplina de Farmacognosia (conhecer de onde são extraídos os princípios ativos dos medicamentos) e a de Farmacotécnica (como os princípios ativos se transformam em produto de venda), assegurando que nos tornássemos somente consumidores de medicamentos prontos vendidos pelas multinacionais.

Em dez anos (1964-1973), cresceu rapidamente o número de cursos de graduação em saúde, inclusive com a obrigatoriedade de seguir o modelo biologicista, hospitalocêntrico e fragmentado, com estímulo à “tecnificação”. Tudo isso ocorreu sob forte repressão do governo ditatorial militar, impossibilitando denúncia ou reação.

Foi, nesses anos, que o complexo médico-industrial “brasileiro” se fortaleceu a níveis inimagináveis. Seu lobby elegeu deputados, senadores e governadores e fez com que ministros viabilizassem seus interesses na política pública de saúde, feita no interesse de fortalecimento desse complexo. O discurso era de que primeiro o governo faria o bolo financeiro crescer, depois seria repartido.

O objetivo deste estudo é levar você a refletir criticamente sobre o processo histórico da construção das políticas de saúde no Brasil e as condições que antecederam e influenciaram a instalação do SUS.

Faça a autoavaliação a seguir e verifique seu aprendizado; caso não tenha um desempenho satisfatório, refaça seus estudos.

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