Motivos para conhecer os indicadores de saúde e usá-los na prática cotidiana são fartos. Por isso, neste estudo, você vai compreender como os Sistemas de Informações em Saúde (SIS) podem ajudá-lo a obter dados e quais fatores estão envolvidos com a informação.

Você conhece algum Sistema de Informação em Saúde? Não? Através desses sistemas informatizados, você pode obter dados do Brasil, do seu estado, município e até bairro. Para isso, basta acessar a internet nos sites específicos e confiáveis que vamos indicar aqui.

O Brasil dispõe de vários Sistemas de Informações em Saúde, que são definidos como mecanismos de coleta, processamento, análise e transmissão da informação, necessários para planejar, organizar, operar e avaliar os serviços de saúde (FIOCRUZ; UnB; FINATEC, 1998)*. Dados registrados, sobretudo em âmbito municipal, compõem imensos sistemas informatizados que podem ser acessados para o cálculo de indicadores de saúde.

* FIOCRUZ; UnB; FINATEC. Sistema de informações. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 1998. (Série Gestão Operacional de Sistemas e Serviços de Saúde).

O acesso à informação é hoje perfeitamente possível para você em grande parte em razão do avanço tecnológico. O acesso à tamanha quantidade de dados e em tempo tão curto está diretamente relacionado ao avanço tecnológico que a humanidade vivenciou recentemente. E, quando falamos de informação, o aspecto tecnológico é uma importante dimensão que deve ser considerada.

Saiba mais:

A análise sistematizada de indicadores de saúde produzidos a partir de Sistemas de Informações de Saúde já permitiu produzir inúmeras evidências que atestam a existência de desigualdades socioeconômicas em saúde. Através de estudos epidemiológicos, verificou-se que os mais pobres e menos escolarizados adoecem e morrem mais, mais cedo e por causas mais evitáveis que os mais ricos. No Brasil, existe a Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais em Saúde, que produziu um rico relatório sobre desigualdades em saúde no Brasil. Acesse no endereço:

http:// www.cndss.fiocruz.br/pdf/home/relatorio.pdf

Porém, há uma segunda dimensão que é decisiva e determina o tipo e o acesso à informação. Trata-se da política. A própria origem dos dados e da estatística se refere a uma questão econômica e política.

Ainda em relação ao vínculo entre política e informação, graças à tecnologia e à disponibilidade de informações, hoje temos muito claro que as condições socioeconômicas estão fortemente associadas com o nível de saúde das pessoas, ou seja, os mais ricos, com maior escolaridade e com melhores empregos, apresentam melhores níveis de saúde.

Um exemplo importante da forte relação entre informação e política, é o Black Report.

No final da década de 1970 esta discussão era mais restrita e não se dispunha de tantos dados para comprovar essa relação. Nessa época, Douglas Black, um médico funcionário do Ministério da Saúde da Inglaterra, compilou dados do sistema de saúde inglês e produziu um rico relatório no qual descrevia as taxas de mortalidade das pessoas segundo suas condições socioeconômicas.
Black constatou a existência de profundas desigualdades sociais na mortalidade dos ingleses, porém teve a publicação do relatório vetada pelo governo de Margareth Thatcher, representante de uma coalizão conservadora para a qual não interessava difundir essa informação, por considerar que alimentaria reivindicações sociais por parte dos mais desprivilegiados, abalando a estrutura da sociedade inglesa. Foi preciso muito esforço para superar esse veto.

Tecnologia e política também determinam os modelos de gestão da informação que as instituições podem assumir, seja num Ministério da Saúde, numa Secretaria Municipal de Saúde ou na sua Unidade de Saúde.

Nessa temática, Davenport, Eccles e Prusak* identificaram diferentes modelos que podem existir isoladamente ou em conjunto em organizações públicas ou privadas. Veja a seguir as diferentes possibilidades dos modelos de gestão identificados por esses autores.

* DAVENPORT, T.H., ECCLES, R.G., PRUSAK, L.. Information Politics. Sloan Management Review. Cambridge, v. 34, n. 01, p. 53-65, Fall 1992.

Um Sistema de Informação em Saúde bem estruturado e bem utilizado pelos profissionais provê suporte para o planejamento e avaliação de ações e políticas. Além desse suporte gerencial, os SIS são importantes ferramentas de cidadania e mecanismo de participação popular.

Ainda em relação à informação, é difícil imaginar um controle social que funcione sem a sua difusão à população e é igualmente difícil pensar na efetivação dos princípios do SUS sem um forte e articulado controle social. Dessa maneira, construir instituições e processos de trabalho que gerenciem adequadamente a informação, que a utilizem cotidianamente e que a disseminem aos usuários do SUS deve ser compromisso de todos os que atuam na Estratégia Saúde da Família.

Agora vamos realizar a autoavaliação deste conteúdo.