Módulo 8: Linha de Cuidado Nas Urgências/Emergências Traumatológicas
Unidade 1: Os cuidados de enfermagem à vítima de trauma

O papel da RAU no atendimento de urgência e emergência

Atenção às Urgências Traumáticas

Ressaltamos aqui, a importância do saber (conhecimento técnico-científico) e do saber fazer (habilidades técnicas de intervenção) em enfermagem em urgência, assegurando os princípios ético-legais da profissão, das relações interpessoais (saber ser) com os demais profissionais da equipe, com as famílias, com a comunidade e, ainda, em relação à segurança do paciente e do profissional de saúde.

Em seus estudos, você observará que os assuntos tratados nesta área estão articulados com os diferentes focos de abordagem sobre as RAUs e essa integração possibilitará o entendimento de sua participação como força de trabalho da RAU do SUS e o desenvolvimento de ações baseadas em práticas científicas e em princípios de segurança do paciente e do trabalhador.

Igualmente você estudará sobre os dados alarmantes bem como o perfil de morbimortalidade de causas externas e violência e de como o seu papel como enfermeiro de emergência deve ocupar uma posição diferenciada na atenção à saúde das vítimas de trauma, para identificar e intervir nas taxas de morbimortalidade, associando a prática baseada em evidências. Considere também o conhecimento do protocolo de atendimento à vítima de trauma na ordem de prioridades pelo “ABCDE”.

Então, sua missão agora será capacitar-se para o cuidado e acolhimentos destas pessoas. Boa sorte e que os estudos possam motivá-lo!

Acompanhe na animação seguir os principais cuidados da Atenção às Urgências Traumáticas:

Lembre-se que a assistência inicia no APH (Assistência Pré Hospitalar) móvel ou fixo, ou seja, nas ambulâncias ou Unidades de Pronto Atendimento e continua ao nível hospitalar (secundário ou terciário), a depender da necessidade da vítima, o que traduz a Rede de Cuidados ao paciente traumatizado.

A maneira de iniciar este atendimento será sempre seguindo a ordem apresentada a seguir pelo “ABCDE”, definida internacionalmente como: Veja na animação:

Perfil de morbimortalidade de causas externas e violência

A partir da década de 80 houve um crescimento na taxa de mortalidade por causas externas, as quais representam a segunda causa de morte no Brasil, sendo os acidentes e os homicídios os maiores responsáveis por este evento (OPAS, 2010).

O trauma é uma lesão de extensão, intensidade e gravidade variável, que pode ser produzido por agentes físicos, químicos, psíquicos e outros, de forma acidental ou intencional, instantânea ou prolongada, em que o poder do agente agressor supera a resistência encontrada (FREIRE, 2001; SOUSA et al., 2009).

Considerada a terceira causa de morte no mundo, atrás apenas das doenças cardiovasculares e do câncer (FUNDAP, 2010), o trauma atinge uma população jovem e em fase produtiva, tendo como consequência o sofrimento humano e o prejuízo financeiro para o Estado, que arca com as despesas de assistência médica e reabilitação, custos administrativos, seguros, destruição de bens e propriedades e, ainda, encargos trabalhistas.

No período de 1990 a 2005, a mortalidade por causas externas no grupo dos 15 aos 29 anos passou de 69% para 77% no sexo masculino e de 32% para 35%, no sexo feminino, em relação aos óbitos por todas as causas. Embora as taxas de mortalidade específica por causas externas nos anos 1990 apresentem discreta tendência de declínio a partir de 2003, elas se mantêm ainda em patamares muito elevados. Em 2005, para cada 100 mil indivíduos do sexo masculino nessa faixa etária, foram informados 168,6 óbitos (OPAS, 2010).

Dados epidemiológicos sobre causas de morbimortalidade em nosso país indicam uma acelerada progressão de mortes por causas externas, tornando-se a segunda causa de óbitos no gênero masculino e a terceira no total. Segundo Minayo (2009), no Brasil, estudos epidemiológicos apontam as causas externas/violência como o maior responsável pelos altos índices de morbidade e mortalidade em adultos jovens, sendo considerado um problema de saúde pública.

Palavra do Profissional
Causas externas: Conceito empregado pela área da saúde para se referir a mortalidade por homicídios e suicídios, agressões físicas e psicológicas, acidentes de trânsito, transporte, quedas, afogamentos e outros.

Violência: atos realizados, individual ou institucionalmente, por pessoas, famílias, grupos, classes e nações, visando agredir o outro, de forma física, psicológica e até espiritual.

Na década de 1990, mais de um milhão de pessoas morreram vítimas de violência e acidentes: cerca de 400 mil por homicídios, 310 mil em acidentes de trânsito e 65 mil por suicídios; o restante é distribuído entre outras causas de acidentes, com destaque para os afogamentos, que podem ocultar atos suicidas (MINAYO, 2009). Assim, você pode perceber que o trauma acarreta consequências sociais e econômicas tanto para os indivíduos quanto para a sociedade, pois as lesões relacionadas a ele podem ocasionar incapacidades físicas ou mentais, temporárias ou permanentes e também levar ao óbito.

Um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada do Governo Federal (IPEA) mostra que entre 1998 e 2004 o SUS cobriu R$ 12,2 milhões de internações em média por ano, desse total R$ 715 mil foram provocadas por causas externas. O custo dessas internações equivale a R$ 606 milhões, isso representa 7,5% do total do custo da saúde. Embora as estatísticas mostrem incidência maior de trauma em grandes centros urbanos, essa situação vem atingindo também municípios menores, principalmente aqueles próximos às grandes rodovias. Essa situação reflete diretamente nos serviços locais de saúde, havendo a necessidade cada vez maior de profissionais qualificados para esse tipo de atendimento (OPAS, 2010; SOUSA et al., 2009).

Acesse o portal do IPEA para ver mais detalhes, clique no logo a seguir:

A elevada taxa de mortalidade de adultos jovens: O peso das causas externas (óbitos por homicídios, suicídios e acidentes) superou o das doenças infecciosas e parasitárias entre os grupos jovens da população, desde a década de 1960. Contudo, todas as fontes de informação atualmente disponíveis indicam a existência de um excesso de mortalidade nesses grupos etários, o que se deve à prevalência de taxas muito altas de mortalidade por homicídios e acidentes (OPAS, 2010).

A produção de evidências epidemiológicas contribui para o avanço do aprimoramento do conhecimento de enfermagem no que se refere à situação da população brasileira nas mais variadas vertentes das suas condições do processo de saúde e de doença (SOUSA et al., 2009).

Saiba Mais
A violência é extremamente cara aos cofres públicos. União, estados e municípios gastaram quase cinco bilhões de reais no tratamento das vítimas de violência em 2004, valor que representa cerca de um por cento do total de gastos com a saúde pública no Brasil. Assista à reportagem completa na página do Jornal da Gazeta no Youtube.

Clique aqui e confira.

Você acompanhou nesse estudo que seu papel como enfermeiro de emergência deve ocupar uma posição diferenciada na atenção à saúde das vítimas de trauma, para identificar e intervir nas taxas de morbimortalidade, associando a prática baseada em evidências. Considere também o conhecimento do protocolo de atendimento à vítima de trauma na ordem de prioridades pelo “ABCDE”.