Módulo 5: Introdução à saúde materna, neonatal e do lactente no contexto das redes de atenção à saúde
Unidade 3: Organização da rede de atenção à saúde materna e infantil

Organização da rede de atenção à saúde materna e infantil

Organização da rede de atenção à saúde materna e infantil

A organização de um sistema de saúde está em constante construção, não é estática e deve analisar as necessidades e mudanças sociais e culturais da sociedade. Ao acompanhar tais transformações é preciso prover ações de saúde para garantir acesso, direito e qualidade.

A organização dos serviços de saúde em redes está ligada à concepção de aprofundar a estratégia de regionalização, no âmbito do SUS, para a qualificação da atenção, da gestão e do cuidado em saúde, com a organização de redes integradas e regionalizadas de atenção à saúde.

Rede de Atenção à Saúde é um conjunto de ações e serviços de saúde articulados, de diferentes densidades tecnológicas, com a finalidade de garantir a integralidade da atenção à saúde (Decreto nº7508, de 28 de Junho de 2011).

Os benefícios da integração e constituição das redes de saúde são: racionalizar gastos, otimizar recursos e promover uma atenção condizente com as necessidades dos usuários, que dependem do aperfeiçoamento na gestão intergovernamental nas regiões de saúde, para um adequado pacto de responsabilidades entre as esferas de governo e a qualificação da atenção primária à saúde para coordenar o cuidado e ordenar sua continuidade nos outros níveis de atenção em saúde (SILVA, 2011*).

* SILVA, S. F. Organização de redes regionalizadas e integradas de atenção à saúde: desafios do Sistema Único de Saúde (Brasil). Ciênc. saúde coletiva [online]. 2011, vol. 16, n. 6, p. 2753-2762. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232011000600014.

Palavra do Profissional
Mas, podemos perguntar: como a Atenção Primária à Saúde (APS) pode ordenar a continuidade do cuidado no contexto das redes de atenção à saúde?

Para Silva (2011*) a APS tem importância primordial como coordenadora do cuidado e ordenadora do acesso dos usuários para os demais pontos de atenção à saúde e seu papel-chave para o adequado funcionamento das redes depende de:

  • Ações de saúde abrangentes e articuladas para garantir a vigilância, prevenção de agravos e promoção da saúde;
  • Gestão do cuidado com continuidade por meio da regulação do acesso e integração com outros níveis de atenção;
  • Disponibilidade de profissionais generalistas com boa formação, com utilização de melhores evidências científicas;
  • Escopo assistencial amplo, incluindo diferentes especialidades que atuem de forma articulada com os profissionais generalistas;
  • Integração matricial com os especialistas.

* SILVA, S. F. Organização de redes regionalizadas e integradas de atenção à saúde: desafios do Sistema Único de Saúde (Brasil). Ciênc. saúde coletiva [online]. 2011, vol. 16, n. 6, p. 2753-2762. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232011000600014.

Neste contexto, a APS é a articuladora das intersecções da Rede. Portanto, é importante conhecer como ela se articula e as especificidades dela no que se refere à atenção à saúde materna e infantil.

No Brasil estamos enfrentando um fenômeno chamado "Gestante Peregrina", pois os serviços de saúde apresentam dificuldades em sua organização e acesso deixando a mulher vulnerável. Por isso, é preciso intensificar a vinculação da gestante à unidade de referência para a assistência ao parto, com acesso equânime a um cuidado integral, resolutivo, de qualidade, humanizado e em tempo adequado, fortalecendo a “Gestante não peregrina!” e “Vaga sempre para gestantes e bebês!”

Por isso, procuramos trazer aqui contribuições essenciais para a compreensão do que se deseja para que o “fenômeno da gestante peregrina” deixe de existir. Como é o caso da Rede Cegonha que você pode conferir na animação a seguir:

Como um novo modelo de atenção à saúde da mulher e da criança a Rede Cegonha preconiza cuidados:

  • Às mulheres: direito à gravidez, parto, aborto e puerpério seguros e humanizados, além do acesso ao planejamento familiar.
  • Às crianças: direito ao nascimento seguro e humanizado e ao crescimento e desenvolvimento saudáveis.
Para que o nascimento possa ser seguro, a Rede Cegonha também garante a cobertura de leitos de alto risco, a implantação do método Canguru e UTI/UCI Neonatal, possibilitando um cuidado integral ao RN de risco. No entanto, a Portaria que criou essa rede prevê que sua implantação seja gradativa em todo o território nacional, respeitando os critérios epidemiológicos, tais como: taxa de mortalidade infantil, razão de mortalidade materna e densidade populacional.

Veja na próxima página também sobre A organização da Rede Cegonha