1. Infecção puerperal
A infecção puerperal é uma das causas de morte materna, contribuindo com 15% das mortes em países em desenvolvimento. Quando não leva a mulher à morte, pode causar doença inflamatória pélvica (DIP) e infertilidade (OMS, 2005).
A infecção puerperal é localizada nos órgãos genitais ocorrendo após o parto ou o aborto. Identifica-se nas seguintes manifestações: hipertermia de 38°C ou mais nas primeiras 24 horas após o parto, por pelo menos dois dias dentre os dez primeiros dias de puerpério; hipertermia de 38ºC ou mais, dentre pelo menos quatro tomadas diárias bucais (NEME, 2000).
Ainda de acordo com Neme (2000), listaremos abaixo algumas causas predisponentes para infecção puerperal:
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Palavra do Profissional |
A mulher com infecção puerperal terá queixas de calafrios e de mal estar geral, dor no baixo ventre, útero dolorido e apresentará subinvolução uterina, lóquios purulentos e fétidos (OMS, 2005).
A infecção puerperal pode manifestar-se de três formas: localizada, propagada e generalizada. De início, a infecção pode ser localizada, podendo propagar-se, tornando-se generalizada, assumindo uma maior gravidade e agressividade microbiana. Veja detalhes a seguir das situações clínicas possíveis:
Quadro 4.1: Situações clínicas.
Fonte: NEME (2000).
As principais bactérias que causam a infecção puerperal, segundo manual da OMS (2005), são: Estreptococos, Estafilococos, Escherichia coli (E. coli), Clostridium tetani, Clostridium welchii, Clamydia, Gonococos (bactéria que causa doenças sexualmente transmissíveis). As bactérias podem ser do meio endógeno (são bactérias já existentes, habitualmente na vagina e no reto, não sendo prejudiciais à saúde) e do meio exógeno (bactérias introduzidas na vagina vindas do exterior).
É muito importante que você mantenha técnicas assépticas no trato com as gestantes e puérperas e; não esqueça de manter a higiene adequada das mãos.
2. Mastite puerperal
A proporção de trauma mamilar em mulheres no início da lactação é alta e se constitui em um importante fator de risco para o desmame (MONTRONE et al., 2006). O trauma é uma porta de entrada para um agente etiológico que pode causar mastite (SALES, 2000). Algumas espécies de micro-organismos têm sido associadas à mastite puerperal e ao abscesso mamário, com destaque para o <em>Stafilococus aureus </em>como agente mais comum da mastite lactacional infecciosa (CHEN et al., 2010; VIEIRA et al., 2006). |
Mastite é uma doença inflamatória da mama, geralmente unilateral, que pode ou não ser acompanhada por infecção. É geralmente associada com a lactação, por isso é também chamada de mastite lactacional ou puerperal (WHO, 2000). A principal causa da mastite lactacional é a estase do leite, associado à infecção. O processo inflamatório se instala quando se esgotam os mecanismos de proteção da puérpera contra a infecção, aumentando ainda mais a estase do leite (VIEIRA et al., 2006).
Tais intercorrências podem ser evitadas ou solucionadas por meio de suporte emocional à nutriz, manejo específico e ações de promoção e apoio ao aleitamento materno desempenhado pelos profissionais de saúde (GIUGLIANI; LAMOUNIER, 2004; GIUGLIANI, 2004).
Assim, o desempenho do profissional de saúde na promoção do aleitamento materno e no manejo de intercorrências mamárias é considerado elemento básico para o sucesso da amamentação, sendo necessária a discussão sobre as demandas da assistência e a prática realizada pelos profissionais (BRACCO; TADDEI, 2000).
O tratamento tradicional para abscesso mamário consiste em incisão e drenagem. Este tratamento está associado a um período de recuperação prolongado, trocas frequentes de cobertura, dificuldades de amamentação e a possibilidade de resultados estéticos insatisfatórios (SCHWARZ; SHRESTHA, 2001; HANSEN; AXELSSON, 2003). Atualmente, abscessos menores que 5cm de diâmetro são resolvidos com repetidas aspirações através de agulha, apresentando bons resultados estéticos (ERYILMAZ et al., 2005).
3. Depressão Puerperal
Entre as intercorrências maternas mais frequentes, destacamos a depressão puerperal, cujo conteúdo já foi abordado na Unidade 2 do presente módulo.
Neste estudo aprendemos as principais intercorrências da puérpera no intuito de favorecer sua identificação e seu direcionamento para as intervenções de enfermagem.