Trombose venosa profunda e complicações urinárias
1. Trombose venosa profunda
O risco de trombose é maior no puerpério que na gestação, devido à liberação de tromboplastina pela dequitação. Além da hipercoagulabilidade, existem outros fatores de risco para este acometimento, como: parto cesárea, trabalho de parto prolongado, imobilização, varizes e vida sedentária. A trombose venosa profunda (TVP) é um fator de risco para embolia pulmonar, levando a puérpera à morte em 12% a 15% dos casos (BRASIL, 2003).
Segundo Brasil (2003), o diagnóstico de TVP é basicamente clínico, pode ser confirmado com métodos por imagem (Ultrassom Doppler). Seguem abaixo as principais manifestações clínicas do TVP:
- Dor intensa no local, edema.
- Aumento da temperatura cutânea no local afetado, geralmente nos membros inferiores.
- Dor provocada ao toque ou compressão local.
- Empastamento muscular.
- Presença de circulação colateral.
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Palavra do Profissional |
O que podemos fazer para cuidar de puérperas com TVP?
- Orientar repouso no leito, mantendo o membro afetado elevado.
- Colher coagulograma e hemograma com contagem de plaquetas, antes do início do tratamento.
- Realizar os cuidados de enfermagem para o tratamento com anticoagulante. Geralmente, o anticoagulante utilizado é a heparina. O tratamento é composto por duas fases: fase aguda e fase de manutenção (BRASIL, 2003).
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Saiba Mais |
Para saber detalhes do tratamento na fase aguda e na fase de manutenção, consulte a pagina 80 do documento “Urgências e emergências maternas: diagnóstico e conduta em situações de risco de morte materna”, disponível
AQUI.
2. Complicações urinárias
O trabalho de parto é um período em que as parturientes estão sujeitas a traumas das vias urinárias devido a compressões e distensões exageradas. As consequências dos traumas causados nas vias urinárias geralmente ocorrem nos primeiros cinco dias de puerpério. São elas: hematúria, incapacidade vesical e incontinência urinária (NEME, 2000).
- Hematúria: A hematúria pode ser visível ou microscópica. O trauma da uretra ou da mucosa vesical são as causas de sangramento. Os traumas podem ocorrer nas seguintes situações (NEME, 2000):
- Quando a cabeça fetal está profundamente insinuada.
- Quando realizamos a sondagem vesical sem afastar a apresentação fetal da uretra.
- Quando o cateterismo vesical for realizado antes da anestesia (raquianestesia ou peridural), nos casos de parto cesárea.
Na realização do cateterismo vesical, introduza a sonda entre os dedos indicador e médio a fim de afastar a apresentação fetal da uretra. Para realizar a punção e a introdução da solução anestésica a gestante deve ficar sentada. Se o cateterismo for realizado antes da anestesia, a gestante pode sentar-se em cima da sonda provocando um trauma uretral.
Em casos de hematúria visível, deve-se evitar a realização de novo cateterismo, deve-se promover a remoção de coágulos com a lavagem da sonda vesical de demora (SVD) com soro fisiológico aquecido e deve-se considerar o uso profilático de antibiótico (ATB) (NEME, 2000).
- Incapacidade vesical: A administração exagerada de líquidos pela via endovenosa, o edema e os traumas provocados pelo trabalho de parto podem causar super distensão vesical manifestando a incapacidade vesical. A incapacidade vesical leva ao “bexigoma” no período pós-parto.
- Retenção urinária: A puérpera queixa-se de dor localizada em baixo ventre, nem sempre associada pela paciente ou pela equipe de saúde à retenção urinária. Podemos identificar a retenção urinária observando alguns sinais:
- Longo período de ausência miccional no pós-parto.
- Dor da região hipogástrica no momento da palpação.
- Macicez à percussão.
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Palavra do Profissional |
O que você, como enfermeiro, pode fazer para ajudar a puérpera com retenção urinária?
Antes da utilização da sonda vesical podemos dispor de alguns artifícios que podem estimular a micção espontânea, como por exemplo: abrir uma torneira, o barulho da água pode estimular a micção, compressas frias na região supra púbica. Caso estes artifícios não funcionem, a sonda vesical deve ser utilizada da seguinte forma: deve-se manter a sonda vesical por 24 horas e realizar cateterismo intermitente por mais doze horas. Geralmente, as funções vesicais e miccionais se restabelecem normalmente. A ATB profilática é utilizada por 24 horas após a retirada da sonda e é recomendado realizar coleta de urina após 15 dias para confirmar ausência de infecção (NEME, 2000).
- Incontinência urinária: as lesões vesicouterovaginais no pós-parto imediato resultam em incontinência urinária. Geralmente, este tipo de lesão é ocasionada pelo parto cesárea, em que o obstetra pode transfixar as paredes anterior e posterior da bexiga, resultando em uma fístula vesicouterina ou vesicovaginal.
Na identificação de uma fístula pequena, deve-se realizar o cateterismo vesical de demora (SVD) e mantê-lo até a cicatrização local e o fechamento da fístula. No caso da identificação da fístula ser no momento do ato cirúrgico, a reparação deve ser realizada imediatamente e a SVD deve ser mantida por 10 dias (NEME, 2000).
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Saiba Mais |
Leia a elaboração do Projeto Diretrizes, “Bexiga urinária: cateterismo intermitente”, disponível
AQUI.
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