Módulo 8: Enfermagem na Atenção à Saúde da Mulher, do Neonato e à Família no Alojamento conjunto
Unidade 4: Intercorrências maternas e neonatais

Intercorrências maternas
Distúrbios tromboembólicos e Intercorrências Neonatais

Trombose venosa profunda e complicações urinárias

1. Trombose venosa profunda

O risco de trombose é maior no puerpério que na gestação, devido à liberação de tromboplastina pela dequitação. Além da hipercoagulabilidade, existem outros fatores de risco para este acometimento, como: parto cesárea, trabalho de parto prolongado, imobilização, varizes e vida sedentária. A trombose venosa profunda (TVP) é um fator de risco para embolia pulmonar, levando a puérpera à morte em 12% a 15% dos casos (BRASIL, 2003).

Segundo Brasil (2003), o diagnóstico de TVP é basicamente clínico, pode ser confirmado com métodos por imagem (Ultrassom Doppler). Seguem abaixo as principais manifestações clínicas do TVP:

  • Dor intensa no local, edema.
  • Aumento da temperatura cutânea no local afetado, geralmente nos membros inferiores.
  • Dor provocada ao toque ou compressão local.
  • Empastamento muscular.
  • Presença de circulação colateral.

Palavra do Profissional
O que podemos fazer para cuidar de puérperas com TVP?

  • Orientar repouso no leito, mantendo o membro afetado elevado.
  • Colher coagulograma e hemograma com contagem de plaquetas, antes do início do tratamento.
  • Realizar os cuidados de enfermagem para o tratamento com anticoagulante. Geralmente, o anticoagulante utilizado é a heparina. O tratamento é composto por duas fases: fase aguda e fase de manutenção (BRASIL, 2003).

Saiba Mais
Para saber detalhes do tratamento na fase aguda e na fase de manutenção, consulte a pagina 80 do documento “Urgências e emergências maternas: diagnóstico e conduta em situações de risco de morte materna”, disponível AQUI.

2. Complicações urinárias

O trabalho de parto é um período em que as parturientes estão sujeitas a traumas das vias urinárias devido a compressões e distensões exageradas. As consequências dos traumas causados nas vias urinárias geralmente ocorrem nos primeiros cinco dias de puerpério. São elas: hematúria, incapacidade vesical e incontinência urinária (NEME, 2000).

  • Hematúria: A hematúria pode ser visível ou microscópica. O trauma da uretra ou da mucosa vesical são as causas de sangramento. Os traumas podem ocorrer nas seguintes situações (NEME, 2000):
    1. Quando a cabeça fetal está profundamente insinuada.
    2. Quando realizamos a sondagem vesical sem afastar a apresentação fetal da uretra.
    3. Quando o cateterismo vesical for realizado antes da anestesia (raquianestesia ou peridural), nos casos de parto cesárea.

Na realização do cateterismo vesical, introduza a sonda entre os dedos indicador e médio a fim de afastar a apresentação fetal da uretra. Para realizar a punção e a introdução da solução anestésica a gestante deve ficar sentada. Se o cateterismo for realizado antes da anestesia, a gestante pode sentar-se em cima da sonda provocando um trauma uretral.

Em casos de hematúria visível, deve-se evitar a realização de novo cateterismo, deve-se promover a remoção de coágulos com a lavagem da sonda vesical de demora (SVD) com soro fisiológico aquecido e deve-se considerar o uso profilático de antibiótico (ATB) (NEME, 2000).

  • Incapacidade vesical: A administração exagerada de líquidos pela via endovenosa, o edema e os traumas provocados pelo trabalho de parto podem causar super distensão vesical manifestando a incapacidade vesical. A incapacidade vesical leva ao “bexigoma” no período pós-parto.
  • Retenção urinária: A puérpera queixa-se de dor localizada em baixo ventre, nem sempre associada pela paciente ou pela equipe de saúde à retenção urinária. Podemos identificar a retenção urinária observando alguns sinais:
    1. Longo período de ausência miccional no pós-parto.
    2. Dor da região hipogástrica no momento da palpação.
    3. Macicez à percussão.

Palavra do Profissional
O que você, como enfermeiro, pode fazer para ajudar a puérpera com retenção urinária?

Antes da utilização da sonda vesical podemos dispor de alguns artifícios que podem estimular a micção espontânea, como por exemplo: abrir uma torneira, o barulho da água pode estimular a micção, compressas frias na região supra púbica. Caso estes artifícios não funcionem, a sonda vesical deve ser utilizada da seguinte forma: deve-se manter a sonda vesical por 24 horas e realizar cateterismo intermitente por mais doze horas. Geralmente, as funções vesicais e miccionais se restabelecem normalmente. A ATB profilática é utilizada por 24 horas após a retirada da sonda e é recomendado realizar coleta de urina após 15 dias para confirmar ausência de infecção (NEME, 2000).

  • Incontinência urinária: as lesões vesicouterovaginais no pós-parto imediato resultam em incontinência urinária. Geralmente, este tipo de lesão é ocasionada pelo parto cesárea, em que o obstetra pode transfixar as paredes anterior e posterior da bexiga, resultando em uma fístula vesicouterina ou vesicovaginal.
Na identificação de uma fístula pequena, deve-se realizar o cateterismo vesical de demora (SVD) e mantê-lo até a cicatrização local e o fechamento da fístula. No caso da identificação da fístula ser no momento do ato cirúrgico, a reparação deve ser realizada imediatamente e a SVD deve ser mantida por 10 dias (NEME, 2000).

Saiba Mais
Leia a elaboração do Projeto Diretrizes, “Bexiga urinária: cateterismo intermitente”, disponível AQUI.

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