Quando uma equipe de saúde, em qualquer fase do atendimento, não reconhece os princípios da biomecânica do trauma, as lesões da vítima podem passar despercebidas (PHTLS, 2007). Por essa razão, chamamos sua atenção para conhecer os princípios que envolvem as lesões traumáticas associando o local da ocorrência e o mecanismo do trauma.
O Trauma
Desafiamos você a refletir sobre a seguinte questão: “O que é trauma e quais as suas causas?” Trauma é definido como um evento nocivo que advém da liberação de formas específicas de energia ou de barreiras físicas ao fluxo normal de energia (PHTLS, 2007). Essa energia existe em cinco formas físicas, cuja descrição você acompanha mais adiante:
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De todas as lesões, a energia mecânica é uma das causas mais comuns, ela é encontrada nas colisões de veículos automotores.
Percebemos a presença da energia química quando, por exemplo, uma criança ingere soda cáustica acondicionada em uma garrafa de refrigerante.
A energia térmica pode ser dissipada no momento em que um cozinheiro borrifa combustível na churrasqueira, aumentando a chama e queimando a face. As lesões de pele são frequentes no verão, devido à exposição à energia por irradiação.
A transferência de energia elétrica é comum quando ocorre manipulação com fiação elétrica, provocando diferentes padrões de lesões, como queimaduras (pele, nervos, vasos sanguíneos, músculos e ossos), ejeção no momento da passagem da corrente elétrica, levando a diferentes traumas (cabeça, coluna, tronco e membros) e, ainda, arritmia, em algumas vezes, seguida de parada cardiorrespiratória devido à liberação de potássio na circulação sanguínea decorrente da lesão do músculo cardíaco (PHTLS, 2007).
A seguir, vamos entender as principais classificações do trauma. Acompanhe na animação:
Essa subclassificação é importante para que medidas de prevenção possam ser criadas e aplicadas nos ambientes e nas populações de risco, com o objetivo de diminuir a mortalidade e a morbidade provocada pelo trauma (PHTLS, 2007; SOUSA et al., 2009).
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Conhecendo a biomecânica ou cinemática do trauma: os princípios da avaliação:
A cinemática ou biomecânica do trauma são princípios que envolvem a energia física presente no momento desse evento, e quando conhecida pelo profissional médico, enfermeiro ou pelo auxiliar/técnico de enfermagem, as lesões do paciente serão avaliadas e interpretadas com maior exatidão, para a mais apropriada tomada de decisão terapêutica. Perante este entendimento, são propostas atualmente três fases para as condições de avaliação da cinemática do trauma: pré-colisão, colisão e pós-colisão (PHTLS, 2007).
Veja na animação a seguir detalhes sobre esta avaliação:
Para que as equipes que prestam atendimento pré-hospitalar ou hospitalar possam dimensionar as possíveis lesões e a gravidade provocadas pela transferência de energia, algumas informações referentes à cinemática são importantes como, por exemplo: Caiu de que altura? O solo era de terra, grama ou concreto? Há quanto tempo?
Desta forma, é importante considerar, na admissão do cliente na urgência e emergência, que a equipe de saúde, seja o técnico de enfermagem, enfermeiro ou médico, busque o máximo de informações sobre o mecanismo do trauma. Todas as informações referentes ao mecanismo do trauma são importantes, devendo ser associadas às alterações identificadas na avaliação (ATLS, 2007; CYRILLO, 2005, 2009; PHTLS, 2007; SOUSA et al., 2009).
Atuando em serviços de atenção às urgências, você verificará que a população infantil apresenta um maior número de lesões e de maior gravidade. Isto se deve ao fato de a criança apresentar menor quantidade de massa corpórea, tecido adiposo, tecido conectivo elástico e maior proximidade dos órgãos, se comparado à mesma transferência de energia que incide sobre um cliente adulto. Identificaremos esses aspectos no conteúdo mais adiante.
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Saiba Mais |
Você acompanhou neste estudo o tema trauma e tipos de traumas bem como conheceu a biomecânica ou cinemática do trauma e seus princípios da avaliação. Uma vez reconhecendo esses princípios você terá informações necessárias para tomar decisões diagnósticas e terapêuticas.