A Reforma Psiquiátrica Brasileira surge com um intenso processo de discussão coletiva relacionada à saúde mental, envolvendo o questionamento dos conceitos instituídos e a construção de novos referenciais teóricos e políticos no contexto da psiquiatria (ALMEIDA, 2011). Pode-se entender esta mudança como um sistema, sendo este entrelaçado e dinâmico, que se configura a partir do território subjetivo e existencial dos sujeitos. Este processo se configura pela incorporação do Paradigma de Atenção Psicossocial ao olhar o fenômeno da loucura, tendo como estratégia a desinstitucionalização e o fechamento gradativo dos hospitais psiquiátricos e a criação de serviços substitutivos extra-hospitalares.
O Paradigma de Atenção Psicossocial (PAP) se coloca como norte da Política Nacional de Saúde Mental, sustentando com isso seus princípios e ações em diferentes campos, o prático, o político, o social e o cultural. Para que possamos transformar nosso entendimento frente à Saúde Mental, a partir da PAP, se faz necessária uma visão ampliada quanto ao sofrimento psíquico e principalmente quanto à crise. Neste processo histórico, muitas teorias buscaram oferecer respostas diversas, várias não apresentaram resolubilidade e consistiram em procedimentos de violência e tentativas de normalização, além de terem contribuído para um circuito eterno de dependência do hospital psiquiátrico (COSTA, 2007).
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A crise psiquiátrica
Neste estudo abordaremos o entendimento da crise psíquica a partir do paradigma psicossocial e princípios do SUS, que contrapõe o modelo tecnicista de atendimento. Para esta compreensão, é importante pensar na emergência como um conjunto de interesses afetivos e práticos contrastantes, em que o sujeito e sua crise são uma parte e não a totalidade da situação.
Mas é sempre importante entender que o processo clínico ou psíquico de crise pode ser iniciado por diversos fatores, sendo necessário avaliá-los com profundidade a fim de analisar a melhor forma de intervir.
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Tipos de crises
Crise orgânica: exige agir a partir de dados objetivos estabelecidos.
Crise subjetiva: exige o desejo de saber fazer o outro falar
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Elementos norteadores para a intervenção na crise
Entendendo a intervenção em crise como um processo de valores e princípios vitais, é necessário que toda a ação seja avaliada singularmente. O cuidado incondicional se caracteriza como um momento de encontro entre a objetividade técnica e a subjetividade da vida. Para isso, se faz necessário, no momento da intervenção na crise, saber fazer o sujeito falar.
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Na página a seguir, veremos os aspectos norteadores das intervenções de enfermagem no caso de crise psiquiátrica.