Módulo 9: O cuidado nas urgências e emergências: cirúrgicas, ginecológicas e obstétricas, psiquiátricas, pediátricas e demais agravos.
Unidade 4: O cuidado de enfermagem nas urgências e emergências psiquiátricas

Crises Psíquicas
Casos Clínicos

Crises Psíquicas

Conforme Ferigato, Campos e Ballarin (2007), a intervenção nas situações de crise necessita de alguns elementos norteadores para a ação. São eles:

Elementos norteadores para a ação em crise psiquiátrica

A postura do profissional
Toda prática profissional tem de ser pautada por continência, acolhendo o paciente no momento de seu sofrimento mais intenso e agindo de acordo com esta experiência. Para isto, o profissional precisa aceitar a realidade de sofrimento do sujeito e a partir disso tentar transformá-la em outras possibilidades de realidade mais feliz e criativa. Ou seja, dar valor a experiência vivenciada pelo sujeito a partir da sua realidade sem necessariamente sustentar e fortalecer a sua crise.
A valorização do sujeito
Implica levar em consideração sua condição de ser humano, e não apenas de doente ou sujeito em crise; significa respeitar seu tempo, sua individualidade e singularidade, que nem sempre vão ao encontro das expectativas dos profissionais, dos familiares e da sociedade em geral.
A escuta terapêutica
Escutar se coloca como medida de extrema importância em uma intervenção, pois esta ação se caracteriza como o momento de aproximação e criação de vinculo com o sujeito em crise. Essa escuta deve ser ampliada a todos os tipos de linguagem (verbal ou não) e desprendida de qualquer julgamento moral. É fundamental salientar que nem sempre ao escutarmos o outro teremos uma resposta imediata para diminuir sua angústia; e se, por um lado, isso gera uma grande angústia a quem ouve, por outro lado, a ânsia por uma resposta ou por um instrumento de cura, pode privar o profissional de escutar.
A corporeidade do sujeito em crise
Entender o sujeito a partir de sua identidade e não apenas de sua doença faz olharmos ele também em sua expressão corporal e com isso termos o cuidado que se deve ter a cada intervenção direta na corporeidade do sujeito em crise: seja na administração medicamentosa, nos cuidados da higiene, no toque ao falar ou em atividades específicas como massagens, relaxamentos, entre outros. O processo de sofrimento do sujeito e sua relação com o corpo devem ser sempre lembrados.
O auxílio psicofarmacológico
No processo de sofrimento psíquico, a medicação tem o papel de não modificar, por si própria, o curso natural do problema do sujeito, mas de estabelecer condição de relação diferente entre o sujeito e seu problema, entre sujeito e equipe, sujeito e meio ambiente.

Intervenções básicas nas situações de crise

Conforme Saraceno, Asioli e Tognoni (2001), o profissional em uma intervenção de crise precisa levar em conta as diversas possibilidades imagináveis, avaliando o sujeito em sua complexidade. Para que isso ocorra, é necessário entender que a crise psíquica é composta por especificidades que se diferem das situações clínicas e por isso necessitam de estratégias diferentes.

Fonte: Livro - Manual de Saúde Mental, Editora HUCITEC, São Paulo, 2001

Neste estudo discutimos o cuidado à pessoa em situação de crise psíquica, oferecendo subsídios para que o profissional Enfermeiro possa, primeiramente, sensibilizar-se para as ações de emergência em saúde mental, gerando com isso a possibilidade de intervenções qualificadas e complexas. Com esse processo, a enfermagem poderá auxiliar na desconstrução do imaginário social da loucura e melhorar a resolubilidade da assistência oferecida pelos serviços de saúde do país.