Vamos retornar agora ao conceito mais pragmático da integralidade, estamos falando das Ações Integradas da Saúde. Parte-se do pressuposto de que toda ação em saúde é derivada de uma concepção saúde–doença. Então, se falamos de ações integradas, estamos falando de uma concepção integrada de saúde–doença.
Vamos explicar melhor:
A concepção saúde–doença biologicista, ou seja, causada por um desencadeador biológico (unicausal), nos leva a agir na recuperação e na reabilitação da saúde. Um modo de ver multicausal, com seus condicionantes, é o ecológico-ambiental, que nos leva a agir na proteção da saúde e na prevenção de doenças. Um entendimento de saúde–doença como processo e sua determinação social têm como consequência a promoção da saúde.
Seria intervir articulando as ações de promoção, proteção, prevenção, recuperação e reabilitação. Voltemos ao pressuposto de que toda ação em saúde é consequente a uma concepção saúde–doença. Ora, as ações integradas implicam uma concepção saúde–doença da integralidade, reconhecem a determinação social, o condicionante ecológico-ambiental e o desencadeador biológico. Não significa negar o biológico, mas contextualizá-lo, localizá-lo dentro de outra perspectiva que não reduz, mas amplia, segundo Cutolo (2001). Outras aproximações são possíveis, conforme demonstra o quadro a seguir.
Relações entre concepção saúde–doença e ações em saúde, epidemiologia e educação
Fonte: CUTOLO, 2001.
Passaremos agora a discutir a coordenação do cuidado. Assim é chamada a organização dos atributos da APS: a gestão do processo de trabalho da equipe que otimiza os demais atributos e que dinamiza os fluxos, isto é, que cadastra, investiga, determina, acompanha, encaminha, produz ações integradas, acolhe e promove resolubilidade.
Por opção teórica, não seria previsível localizar a coordenação do cuidado e entendê-la dentro de uma perspectiva de gestão da Vigilância da Saúde? Então, a Vigilância da Saúde seria o esforço como proposta metodológica de gestão:
[...] para integrar a atuação do setor saúde sobre as várias dimensões do processo saúde/doença, especialmente do ponto de vista da determinação social. A partir daí busca desenvolver propostas de operacionalização dos sistemas de saúde, de forma a se respeitar uma visão mais totalizadora (CAMPOS, 2003, p. 577).
A Vigilância da Saúde, como eixo estruturante de gestão local, parte do sentido de território, da identificação dos riscos e seus determinantes e condicionantes, e do planejamento das ações de cuidado.
Verdi, Da Ros, Cutolo e Souza