Módulo 5: Introdução à saúde materna, neonatal e do lactente no contexto das redes de atenção à saúde
Unidade 4: Perfil epidemiológico relacionado à saúde materna, neonatal e do lactente, e Sistemas de Informação em Saúde

Perfil epidemiológico relacionado à saúde materna, neonatal e do lactente
Perfil epidemiológico relacionado à saúde materna, neonatal e do lactente

Perfil epidemiológico da criança no Brasil

A Mortalidade Infantil

A redução da mortalidade infantil é ainda um desafio para os serviços de saúde e a sociedade como um todo. É um indicador que faz parte das Metas do Desenvolvimento do Milênio, compromisso assumido pelos países integrantes da Organização das Nações Unidas (ONU), do qual o Brasil é signatário. Tem como meta combater a pobreza, a fome, as doenças, o analfabetismo, a degradação do meio ambiente e a discriminação contra a mulher. Visa o alcance de patamares mais dignos de vida para a população, uma vez que a mortalidade infantil reflete as condições de vida da sociedade, conforme vimos na unidade anterior.

Em nosso país, muitas crianças morrem antes de completar o primeiro ano de vida, mas a situação está se alterando, com uma queda significativa da mortalidade infantil. Nos anos de 1930, tínhamos cerca de 160 mortes por mil nascidos vivo (NV), passando para 115 mortes/1000NV em 1970. Em 1980, este índice caiu para 83 mortes /1000NV, 47 mortes /1000NV em 1990, 27 mortes /1000NV em 2000 e 19 mortes /1000NV em 2007. Na mortalidade infantil, as causas estão associadas às afecções perinatais, malformações congênitas, infecções respiratórias, diarreia e outras infecções. Dados recentes apontam que as mortes neonatais representam 68% da mortalidade infantil (VICTORA et al., 2011*). Entre 1990 e 2007, conforme estatísticas divulgadas em maio de 2009 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a mortalidade infantil no Brasil caiu para menos da metade.

As mortes fetais têm apresentado decréscimo e houve melhoria da cobertura da notificação dos eventos vitais, no entanto ainda ocorrem mortes fetais previníveis. Também houve diminuição na mortalidade de crianças entre 1-4 anos de idade, passando de cerca de 6 mortes/1000NV em 1980 para 3 mortes/1000NV em 2000, sendo as principais causas os acidentes (21%), as infecções respiratórias (15%) e outras doenças infecciosas, como diarreia, septicemia, infecções virais e meningites (13%) (VICTORA et al., 2011*).

Para que as reflexões possam ser aprofundadas é importante ter os conceitos claros, por isso, faremos uma breve revisão conceitual:

Mortalidade Fetal
Expressa o número de óbitos fetais ocorridos antes da sua completa expulsão ou extração do organismo materno, independente do tempo de gestação.
Mortalidade Infantil
Expressa o número de óbitos em crianças menores de um ano de idade.
Mortalidade Neonatal
Expressa o número de óbitos em crianças menores de 28 dias de vida.
Mortalidade Neonatal Precoce
Expressa o número de óbitos em crianças na primeira semana de vida, os menores de 7 dias.
Mortalidade Neonatal Tardia
Expressa o número de óbitos em crianças entre 7 e 28 dias de vida.
Mortalidade na Infância
Expressa o número de óbitos em crianças menores de 5 anos de idade.

Palavra do Profissional

A mortalidade infantil, historicamente, tem sido utilizada como um indicador das condições de vida da população e está presente na agenda política, pois reflete o desenvolvimento social, econômico e político de um país, região ou município. Em nosso país, as desigualdades regionais e socioeconômicas são grandes desafios (VICTORA et al., 2011).

As mortes entre crianças de até um ano de idade diminuíram de 49 para 20, por mil nascidos vivos, enquanto as mortes de crianças até cinco anos de idade recuaram de 58 para 22, por mil nascidos vivos (BRASIL – IBGE, 2009). É importante destacar que muitas causas geram este número ainda elevado em nosso país. Em 2009, as principais causas de morte foram: acidentes (21%), infecções respiratórias (15%), outras doenças infecciosas (13%), diarreia, septicemia, infecções virais e meningites (51%), esta grande porcentagem por essas doenças pode ser relacionada aos grandes problemas que o nosso país ainda enfrenta como falta de rede de esgoto, miséria e falta de acesso aos serviços de saúde.

No Brasil, a região Nordeste tem os coeficientes de mortalidade na infância mais elevados, no entanto, desde 1990, vem ocorrendo uma redução anual da mortalidade infantil. O coeficiente de mortalidade infantil do Nordeste é 2,2 vezes maior que o da região Sul. Também temos iniquidades na mortalidade na infância por grupos étnicos, comparando crianças negras e brancas, que em 2004 foram 44 mortes em menores de 5 anos por 1000NV de crianças negras e 29/100NV de crianças brancas (VICTORA et al., 2011).

No Brasil, estamos vivenciando uma redução das disparidades sociais, diminuição da mortalidade infantil e ampliação da cobertura dos serviços de saúde, mas ainda há grandes desafios para melhorar a qualidade das intervenções em saúde e alcançar as crianças mais desfavorecidas (VICTORA, BARROS, 2005).

Para que haja maior redução da mortalidade infantil são necessárias estratégias vindas do governo para os serviços de saúde como: vigilância à saúde da criança, incentivo e acompanhamento do pré-natal, parto com segurança, triagem neonatal, incentivo ao aleitamento materno, acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, vigilância da violência e da mortalidade infantil. Muitos destes conteúdos serão desenvolvidos em unidade subsequentes.

A redução da mortalidade infantil é ainda um desafio para os serviços de saúde e para a sociedade como um todo. Faz parte das Metas do Desenvolvimento do Milênio, compromisso assumido pelos países integrantes da Organização das Nações Unidas (ONU).

Veja na próxima página alguns exemplos sobre avanços alcançados no Brasil quando o assunto é morbidade em crianças.