Módulo 5: Introdução à saúde materna, neonatal e do lactente no contexto das redes de atenção à saúde
Unidade 4: Perfil epidemiológico relacionado à saúde materna, neonatal e do lactente, e Sistemas de Informação em Saúde

Perfil epidemiológico relacionado à saúde materna, neonatal e do lactente
Perfil epidemiológico relacionado à saúde materna, neonatal e do lactente

Morbidade e fatores de risco na infância

Victora et al.(2011*) afirma que as informações sobre morbidade em crianças no Brasil apresentam avanços, podemos citar alguns exemplos:

  • Algumas doenças infecciosas apresentam melhorias em seus indicadores, mas não para todas;
  • A poliomielite foi eliminada no nosso país em 1989;
  • O último caso autóctone de sarampo ocorreu em 1999;
  • Nas hospitalizações de crianças houve diminuição de casos de internação por diarreia em menores de um ano de idade, a partir dos anos 1980.
E a autora ainda aponta algumas situações que são consideradas problemas de saúde pública:
  • Aumento dos nascimentos de crianças prematuras, com uma prevalência que aumentou de 4% no início dos anos 1980 para mais de 10% após os anos 2000;
  • Aumento de cesáreas, contribuindo para o aumento de crianças prematuras, em geral entre 34 e 36 semanas de gestação;
  • Prevalência de crianças de baixo peso ao nascer em torno de 8%, desde o ano 2000;
  • A transmissão materno-infantil do HIV tem uma estimativa de 7%, variando de 5% na região Sul e de 15% na região Norte;
  • A sífilis congênita com taxa de 1,7 por 1000NV, que pode estar subestimada devido à subnotificação, sendo considerada inadmissível, pois é uma enfermidade totalmente prevenível com uma atenção pré-natal universal.

* VICTORA, C, AQUINO, E.M.L.; LEAL, M,C; MONTEIRO, C.A.; BARROS, F.C.; SZWARWALD, L. Saúde de mães e crianças no Brasil: progressos e desafios. The Lancet 2011; 377(9780):1863-1876. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/revista_the_lancet.pdf

Em geral, os fatores de risco para a saúde da criança, em função do risco ao nascer, adquiridos e/ou associados à morbimortalidade na infância (BRASIL, 2004) são os relacionados a seguir:

  • Recém-nascidos residentes em áreas de risco;
  • Recém-nascidos com baixo peso ao nascer (< 2.500g);
  • Recém-nascidos prematuros (< 37 semanas de idade gestacional);
  • Recém-nascidos com asfixia grave (Apgar < 7 no 5º minuto de vida);
  • Crianças internadas ou com intercorrências na maternidade ou em unidade de assistência ao recém-nascido;
  • Recém-nascidos de mães adolescentes (< 18 anos);
  • Recém-nascidos com mães de baixa instrução (< 8 anos de estudo);
  • História de morte de crianças < de 5 anos de idade;
  • Famílias que recebem orientações especiais à alta da maternidade/unidade do cuidado do recém nascido;
  • Crianças menores de um ano sem acompanhamento;
  • Menores de 6 meses que não mamam no peito;
  • Crianças que não comparecem para realização do teste do pezinho à unidade de saúde na primeira semana de vida;
  • Crianças com vacinas em atraso;
  • Crianças desnutridas ou com ganho de peso insuficiente ou com perda de peso recente sem acompanhamento;
  • Egressos hospitalares (prioridade para os menores de 5 anos);
  • Crianças com atendimento frequente em serviços de urgências;
  • Criança com doença crônica sem acompanhamento;
  • Crianças vítimas de violência e acidentes domésticos;
  • Crianças explicitamente indesejadas;
  • Crianças com diarreia persistente ou recorrente;
  • Crianças com anemia ou sinais de hipovitaminose A;
  • História de desnutrição nas outras crianças da família;
  • Crianças com sobrepeso/obesidade;
  • Mães sem suporte familiar;
  • Famílias sem renda;
  • Mães/pais/cuidadores com problemas psiquiátricos ou portadores de deficiência, impossibilitando o cuidado da criança;
  • Mães/pais/cuidadores em dependência de álcool ou drogas.

* BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Agenda de compromissos para a saúde integral da criança e redução da mortalidade infantil. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

Palavra do Profissional
É importante que você, profissional de saúde, conheça as prioridades e indicadores de saúde, pois todos esses fatores são condições que exigem intervenções efetivas, com vigilância em saúde, acompanhamento sistemático do crescimento e desenvolvimento da criança e monitoramento do aumento da probabilidade da existência de doença perinatal e infantil.

Saiba Mais
Acesse o site Organização Panamericana de Saúde (OPAS): http://new.paho.org/. Ela é um organismo internacional de saúde pública que se dedica a melhorar as condições de saúde dos países das Américas. É uma importante fonte de informação em saúde.

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CD): http://www.cdc.gov/ traz em seu conteúdo informações importantes para os profissionais em saúde, o que contribui para o aprimoramento do aprendizado.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF): http://www.unicef.org/ proporciona notícias atualizadas sobre a situação da infância no mundo, bem como oferece inúmeras matérias e textos que ajudam na reflexão sobre a infância. A UNICEF tem colaborado com a melhoria da situação de saúde das crianças em todo o mundo.

A Organização das Nações Unidas (ONU): http://www.onu-brasil.org.br/ é uma organização internacional formada por países que tem como missão trabalhar pela paz e o desenvolvimento mundiais. Neste sentido há representações da ONU em diversos países e no site você encontra importantes informações das mais diversas esferas do conhecimento, contribuindo enormemente para a ampliação e discussão da saúde no Brasil e no mundo.

Sistemas de Informação em Saúde da Criança

Assim como na saúde materna, também foram desenvolvidos alguns mecanismos de gerenciamento das informações coletadas no dia a dia da saúde da criança brasileira. Portanto, você conhecerá agora os principais Sistemas de Informação na saúde da criança na animação abaixo. Acompanhe.

Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos – SINASC
Contém informações epidemiológicas sobre os nascimentos informados em todo território nacional. A implantação desse sistema ocorreu de forma lenta e gradual em todas as unidades da Federação e, em muitos municípios, já apresenta um número de registros maior do que o publicado pelo IBGE, com base nos dados de Cartório de Registro Civil.
Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações – SI-PNI
Este sistema tem como principal objetivo “possibilitar aos gestores envolvidos no programa uma avaliação dinâmica do risco quanto à ocorrência de surtos ou epidemias, a partir do registro dos imunos aplicados e do quantitativo populacional vacinado, que são agregados por faixa etária, em determinado período de tempo, em uma área geográfica” (BRASIL, 2012*). Igualmente permite o controle do estoque de produtos imunobiológicos a fim de que os gestores possam programar sua aquisição e distribuição.
Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN
“É um instrumento para obtenção de dados de monitoramento do Estado Nutricional e do Consumo Alimentar das pessoas que freqüentam as Unidades Básicas do SUS. São contempladas pela Vigilância Alimentar e Nutricional todas as fases do ciclo de vida: crianças, adolescentes, adultos, idosos e gestantes” (BRASIL, 2012, p.1*).
Sistema de Informações de Mortalidade – SIM
Contêm dados sobre mortalidade no país, possibilitando a captação de dados sobre mortalidade, de forma abrangente e confiável, para subsidiar as diversas esferas de gestão na saúde pública. Essas informações permitem realizar análises de situação, planejamento e avaliação das ações e programas. O SIM produz estatísticas de mortalidade e a construção dos principais indicadores de saúde, bem como permite estudos do ponto de vista estatístico, epidemiológico e sociodemográfico.
Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN
Contém dados alimentados, pela notificação e investigação de casos de doenças e agravos que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória (Portaria GM/MS Nº 2325 de 08 de dezembro de 2003). Os estados e municípios podem incluir outros problemas de saúde importantes da sua região.
Sistema de Informações Hospitalares do SUS – SIHSUS
Contêm dados sobre os agravos predominantes e sua situação de internação.
Sistema de Informação de Atenção Básica – SIAB
É o principal instrumento gerencial dos Sistemas Locais de Saúde e de monitoramento das ações desenvolvidas na estratégia de Saúde da Família.
Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS - SIA
Este tipo de sistema é usado por hospitais para gerenciar ambulatórios e fornecer informações para o SUS como a capacidade de atendimento, a quantidade de atendimentos por especialidade, habitantes, procedimentos, etc.
Sistema Ambulatorial do SUS – SIASUA
É um sistema que reúne informações sobre o registro de atendimentos ambulatoriais no SUS e usa esses dados para ajudar no gerenciamento dos serviços de saúde.
REFERÊNCIAS
* BRASIL. Sistema de Vigilância Alimentar e Nuticional – SISVAN. Disponível em: http://nutricao.saude.gov.br/sisvan.php. Acesso em: 22 fev. 2012. Para acessar os sistemas de informações aqui citados recomendamos o link a seguir: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=21379

Bem, chegamos ao final do nosso estudo.

Vimos que a redução dos índices de mortalidade materna e infantil é fruto das grandes mobilizações ocorridas com a intenção de melhorar as condições de vida deste segmento populacional.

Para tanto, é necessário um esforço coletivo dos profissionais de saúde e de ações governamentais que priorizem o atendimento dessa clientela.

Nesse contexto, os registros nos Sistemas de Informação devem ser valorizados e aprimorados, pois a partir deles haverá o planejamento, a avaliação e a reorganização das ações.