Módulo 5: Classificação de Risco e Acolhimento
Unidade 2: Acolhimento com classificação de risco conforme o Ministério da Saúde do Brasil

Humanização, acolhimento e classificação de risco
Os Eixos e Suas Áreas de acordo com o Ministério da Saúde

Os Eixos e Suas Áreas de acordo com o Ministério da Saúde

O espaço é um território que se habita, que se vivencia, onde convivemos e nos relacionamos. “É um território que se experimenta, que se reinventa e que se produz. Uma produção do espaço que acontece porque há processos de trabalho, encontros entre as pessoas, modos de se viver e modos de ir reconstruindo o espaço” (BRASIL, 2006 p.28 -29*).

* BRASIL. Ministério da Saúde. Política nacional de atenção às urgências. 3. ed. ampl. Brasília: Ed. Ministério da Saúde, 2006. 256 p.: il. – (Série E. Legislação de Saúde).

A orientação da ambiência na urgência, articulada à diretriz do acolhimento, favorece que ao se intervir, criar e recriar os espaços físicos na urgência problematize-se também as práticas, os processos de trabalho e os modos de viver e conviver nesse espaço.

O Acolhimento com Classificação de Risco é o guia orientador para a atenção e gestão na urgência, no qual outros modos de estar, ocupar e trabalhar se expressarão nesse lugar e solicitarão arranjos de espaços singulares, com fluxos adequados que favoreçam os processos de trabalho nos serviços de urgência e emergência(BRASIL, 2006).

* BRASIL. Ministério da Saúde. Política nacional de atenção às urgências. 3. ed. ampl. Brasília: Ed. Ministério da Saúde, 2006. 256 p.: il. – (Série E. Legislação de Saúde).

Para entender a lógica do atendimento destes espaços e seus usos nestes serviços, o Ministério da Saúde (MS) organizou uma estrutura composta por eixos e áreas que evidenciam os níveis de risco dos pacientes.

A proposta de desenho se desenvolve pelo menos em dois eixos (BRASIL, 2006*):
• O do paciente grave, com risco de morte, denominado eixo vermelho, e
• O do paciente aparentemente não-grave, mas que necessita ou procura o atendimento de urgência, denominado de eixo azul.

Cada um desses eixos possui diferentes áreas, de acordo com a clínica do paciente e os processos de trabalho que nele se estabelecem, sendo que essa identificação também define a composição espacial por dois acessos diferentes. Assim, temos como Eixos e suas Áreas a seguinte estrutura organizada para a ambiência na Emergência conforme a seguir (BRASIL, 2006*):

* BRASIL. Ministério da Saúde. Política nacional de atenção às urgências. 3. ed. ampl. Brasília: Ed. Ministério da Saúde, 2006. 256 p.: il. – (Série E. Legislação de Saúde).

Eixo Vermelho: Este eixo está relacionado à clínica do paciente grave, com risco de morte, sendo composto por um agrupamento de três áreas principais:

Área Vermelha
É nesta área que está a sala de emergência, para atendimento imediato dos pacientes com risco de morte, e a sala de procedimentos especiais invasivos.
Área Amarela
Composta por uma sala de retaguarda para pacientes já estabilizados, porém ainda requerem cuidados especiais (pacientes críticos ou semicríticos).
Área Verde
Composta pelas salas de observação, que devem ser divididas por sexo (feminino e masculino) e idade (crianças e adultos), a depender da demanda.

Eixo Azul: é o eixo dos pacientes aparentemente não graves. O arranjo do espaço deve favorecer o acolhimento do cidadão e a classificação do grau de risco. Possui 3 (três) planos de atendimento:

Plano 1
Espaços para acolhimento, espera, recepção, classificação do risco e atendimento administrativo. A diretriz principal, neste plano, é acolher, o que pressupõe a criação de espaços de encontros entre os sujeitos.
Plano 2
Área de atendimento médico, lugar onde os consultórios devem ser planejados de modo a possibilitar a presença do acompanhante e a individualidade do paciente.
Plano 3
Áreas de procedimentos médicos e de enfermagem (curativo, sutura, medicação, nebulização). É importante que as áreas de procedimentos estejam localizadas próximas aos consultórios, ao serviço de imagem e que favoreçam o trabalho em equipe.

A construção de um protocolo de classificação de risco a partir dos existentes e disponíveis nos textos bibliográficos, porém adaptado ao perfil de cada serviço e ao contexto de sua inserção na rede de saúde, é uma oportunidade de facilitar a interação entre a equipe multiprofissional e de valorizar os profissionais da urgência (BRASIL, 2006, 2011*).

É também importante que serviços de uma mesma região desenvolvam critérios de classificação semelhantes, buscando facilitar o mapeamento e a construção das redes locais de atendimento. A elaboração e a análise do fluxograma de atendimento no pronto-socorro, identificando os pontos nos quais se concentram os problemas, promovem uma reflexão profunda sobre o processo de trabalho (BRASIL, 2011*).

* BRASIL. Portaria nº 1.600, de 07 de julho de 2011 - Reformula a Política Nacional de Atenção às Urgências e Institui a Rede de Atenção à Urgências no Sistema Único de saúde.

Palavra do Profissional
Sugerimos, então, que você participe em sua região tanto da construção quanto da implantação de um protocolo de classificação de risco. O que você pensa sobre isso? Discuta com sua equipe sobre o que você tem refletido aqui.

Como exemplo desta proposta de Classificação de Risco na Emergência, citamos o artigo de Claudia Abbês e Altair Massaro (2004*) em que a Classificação de Risco se dá nos seguintes níveis:

* Brasil. Ministerio da Saude. Secretaria Executiva. Nucleo Tecnico da Politica Nacional de Humanizacao. Brasilia: MS. 2004.(Serie B. Textos Basicos em Saude). Disponível em: www.slab.uff.br/textos/texto84.pdf.

A identificação das prioridades é feita, por exemplo, mediante adesivo colorido colado no canto superior direito do Boletim de Emergência.

Os pacientes classificados como verde podem também receber encaminhamento à unidade básica de referência pelo serviço social ou enfermeiro, com garantia de consulta médica e/ou cuidados de enfermagem, situação que deve ser pactuada previamente.

Os pacientes classificados como azul também poderão ser encaminhados para o acolhimento na Unidade Básica de Saúde de referência ou terão seus casos resolvidos pela equipe de saúde.

Palavra do Profissional
Estabelece-se, assim, um fluxo de atenção em saúde na lógica de Redes como proposto pelo Ministério da Saúde.

Como ilustração prática da aplicação do protocolo, os pacientes que deverão ser encaminhados diretamente à sala vermelha para atendimento imediato são os que apresentam as seguintes situações/queixas conforme destacam (ABBÊS, MASSARO 2004*):

* Brasil. Ministerio da Saude. Secretaria Executiva. Nucleo Tecnico da Politica Nacional de Humanizacao. Brasilia: MS. 2004.(Serie B. Textos Basicos em Saude).Disponível em: www.slab.uff.br/textos/texto84.pdf.

• Politraumatizado grave – Lesão grave de um ou mais órgãos e sistemas, Escala de Coma de Glasgow (ECG) < 12.
• Queimaduras com mais de 25% de área de superfície corporal queimada ou com problemas respiratórios.
• Trauma crânio encefálico grave – (Escala de Coma de Glasgow) ECG <12.
• Estado mental alterado ou em coma ECG <12; história de uso de drogas.
• Comprometimentos da coluna vertebral.
• Desconforto respiratório grave: cianose de extremidades, taquipnéia (FR>20mvpm), agitação psicomotora, sudorese, saturação de O2 ≤90.
• Dor no peito associado à falta de ar e cianose (dor em aperto, facada, agulhada com irradiação para um ou ambos os membros superiores, ombro, região cervical e mandíbula, de início súbito, de forte intensidade acompanhada de sudorese, náuseas e vômitos ou queimação epigástrica, acompanhada de perda de consciência, com história anterior de IAM, angina, embolia pulmonar, aneurisma ou diabetes; qualquer dor torácica com duração superior a 30 minutos, sem melhora com repouso).
• Perfurações no peito, abdome e cabeça.
• Crises convulsivas (inclusive pós-crise).
• Intoxicações exógenas ou tentativas de suicídio com Glasgow abaixo de≤ 12.
• Anafilaxia ou reações alérgicas associadas a insuficiência respiratória.
• Tentativas de suicídio.
• Complicações de diabetes (hipo ou hiperglicemia).
• Parada cardiorrespiratória.
• Alterações de sinais vitais em paciente sintomático: Pulso > 140 ou < 45bpm; PA diastólica < 130 mmHg; PA sistólica < 80 mmHg; FR >34 ou <10ipm.
• Hemorragias não controláveis.
• Infecções graves – febre, exantema petequial ou púrpura, alteração do nível de consciência.