Módulo 8: Linhas de Cuidado: Oncologia - (Câncer de Mama, Câncer do Colo do Útero e Tumores da Próstata)
Unidade 1: Acolhimento, vínculo e responsabilização do enfermeiro na atenção à pessoa com Câncer de Mama, Câncer do Colo do Útero e Tumores da Próstata.

Humanização, acolhimento, vínculo e responsabilização do enfermeiro na assistência ao usuário em tratamento oncológico.

O papel do enfermeiro

Para Fontes e Alvim (2008), se o enfermeiro dialoga com o usuário, procura garantir-lhe voz, colaborando para a reflexão sobre sua condição de doente, isso pode fazê-lo questionar, criticar, indagar sobre o tratamento e seus diferentes efeitos no seu corpo e na sua vida, permitindo expressar suas angústias e expectativas. A conversa só será Cuidado se afetar o outro naquilo que o outro espera e deseja. Seu uso no cuidado de enfermagem pode ser intencional para estabelecer vínculo, promover o encontro, construir relações, acessar o outro.

Compartilhando
Na medida em que o diálogo avança, vai se estabelecendo confiança e os laços entre esses sujeitos vão se estreitando. Por meio do diálogo, trabalha-se a subjetividade do cliente no cuidado, ajudando-o a lidar com suas emoções e sentimentos, tornando-o participante do processo de cuidar. Na prática do diálogo, faz-se necessário desenvolver a habilidade da escuta sensível, garantir voz ao usuário, tentar conhecer e entender os seus sentimentos, ações e reações diante do impacto do câncer, pois assim o profissional poderá ajudá-lo na tomada de consciência acerca de sua situação concreta e contribuir para a superação dos desafios que se apresentam com o surgimento da doença.

A disponibilidade no estabelecimento da relação de troca e reciprocidade com os usuários aumenta a possibilidade de autocrescimento e autoconhecimento destes e abre espaço para uma relação efetiva e dialógica. Nesta direção, o resgate da humanização nas práticas de saúde se dá pelo uso das tecnologias de relações, como acolhimento, vínculo e responsabilização. O acolhimento como diretriz da Política Nacional de Humanização (PNH), deve fazer parte de todos os encontros do serviço de saúde, ou seja, não exige um local, hora certa, nem mesmo um profissional específico para acontecer.

O acolhimento é um modo de operar os processos de trabalho em saúde de forma a atender a todos que procuram os serviços, ouvindo seus pedidos e assumindo uma postura capaz de acolher, escutar e pactuar respostas mais adequadas aos usuários. Implica prestar um atendimento com resolutividade e responsabilização, orientando, quando for o caso, o paciente e a família em relação a outros serviços de saúde para continuidade da assistência e estabelecendo articulações com estes serviços para garantir a eficácia desses encaminhamentos.

Em outras palavras, trata-se de assumir uma postura ética que implica acolher o usuário em suas queixas, reconhecer que ele é o protagonista do processo saúde-doença, bem como responsabilizar-se pela resolução da queixa relatada.

Palavra de Profissional
Você consegue compreender a dimensão dessa postura? Será que o acolhimento, no sentido literal da palavra, faz parte da sua prática assistencial? Pense nisso!

Que tal pensar em uma situação da prática assistencial para ilustrar o enunciado acima? Vamos lá?

Você recebe na sua unidade de saúde uma mulher com queixa de um caroço na mama e dor. Você precisa acolher esta mulher, adotar uma postura compreensiva. O acolhimento representa a primeira abordagem realizada e nesse contato inicial é preciso estabelecer um vínculo de modo que a mulher exponha de forma clara seus reais problemas. Você precisa identificar se ela apresenta algum sinal de alerta.

Sinais de alerta no câncer de mama: caroço na mama; vermelhidão ou calor na mama; mudança no aspecto da pele da mama; saída de líquido do mamilo; climatério ou menopausa; sinais de violência.

Se a resposta for negativa, ela passará apenas pela consulta de enfermagem. Caso a resposta seja positiva, ela deve ser encaminhada para consulta médica imediatamente, prosseguindo a investigação diagnóstica.

Independente do desfecho, ressaltamos que a partir desse contato a mulher deve sentir-se estimulada a recorrer sempre ao serviço, confiante na resolutividade o atendimento prestado.

Ficou mais claro para você?

Pois bem, quando acolhemos, assumimos o compromisso de responder as necessidades dos usuários que procuram os serviços de saúde. Nesta direção, quando pensamos no planejamento do cuidado, parte integrante do processo de enfermagem, devemos considerar também o usuário como protagonista em seu processo terapêutico.

Ao pensar na elaboração do plano de cuidados de enfermagem na situação hipotética mencionada, as decisões devem ser tomadas em conjunto. É preciso identificar o significado que a provável doença tem para a mulher em questão, pois suas atitudes serão reflexos dessa representatividade. Desta forma, precisamos orientá-la de forma clara sobre os procedimentos necessários para investigação diagnóstica, tratamento, acompanhamento. Não podemos atropelar as decisões da usuária.

O usuário precisa ser reconhecido como sujeito e participante ativo no processo de produção da saúde. Neste intuito, é preciso levar em consideração sua cultura, seus saberes e sua capacidade de avaliar riscos.

A responsabilidade e o compromisso da equipe de enfermagem em criar vínculos e estabelecer relações próximas e claras com o sofrimento do outro permite um processo de transferência entre o usuário e o profissional, resultando na construção da autonomia do usuário (RIZZOTTO, 2002).

Dentro desta mesma temática, vamos conhecer na próxima página sobre de que forma é realizado o acolhimento humanizado.