Módulo 8: Linhas de Cuidado: Oncologia - (Câncer de Mama, Câncer do Colo do Útero e Tumores da Próstata)
Unidade 5: Autocuidado no Câncer de Mama, Câncer do Colo do Útero e Tumores da Próstata.

Autocuidado relativo à prevenção/detecção precoce
Autocuidado durante tratamento/reabilitação

Orientações de autocuidado

Ao considerar indivíduos com câncer de mama, câncer do colo do útero e tumores da próstata, bem como as modalidades terapêuticas empregadas no tratamento dessas patologias. Faz-se necessário fornecer orientações de autocuidado visando o preparo e melhor enfrentamento diante dos efeitos colaterais e possíveis complicações de cada modalidade terapêutica, assim como durante o período de reabilitação, de modo a proporcionar melhor qualidade de vida a esses indivíduos.

Queremos ressaltar com você, enfermeiro, a necessidade de incluir a participação do indivíduo e da família durante todo o processo, você se lembra que esta questão já foi abordada em sua profundidade em módulos anteriores? Dessa forma, é necessário conscientizá-los das ações que lhe competem em cada fase, colaborando para a continuidade e sucesso do tratamento.

Um ponto importante também a ser destacado é que as necessidades, os conhecimentos prévios e as habilidades, assim como os recursos disponíveis devem ser igualmente levados em consideração quando pensamos em autocuidado.

Outra questão que merece destaque quando trabalhamos o autocuidado em oncologia é que não se trata de ações pontuais, ao contrário, o manejo ao longo do tempo é essencial para atingir a eficácia e eficiência do tratamento. Dessa forma, o usuário deve engajar-se continuamente nas práticas de cuidados de saúde, buscando conhecer cada vez mais as consequências da doença e das terapias empregadas (HOLMAN; LORIG, 2004).

Para que o usuário possa atuar ativamente no processo de cuidar durante o tratamento e a reabilitação, primeiramente ele precisa receber orientações a respeito, uma vez que é inexperiente neste novo papel.

Compartilhando
E aqui nós ressaltamos outra peculiaridade das doenças crônicas, no nosso caso específico a oncologia: como preparar os usuários para uma caminhada tão difícil e incerta.

Pensando que as consequências da doença podem mudar ao longo do tempo, é preciso reforçar com o usuário que algumas características do quadro clínico são esperadas e algumas podem ser exclusivas e que, além disso, os desfechos determinam os próximos passos da terapia (HOLMAN; LORIG, 2004). Portanto, ainda que as reações não sejam as esperadas, elas precisam ser detectadas e manejadas de modo a não comprometer o andamento do tratamento.

Palavra de Profissional
Você está conseguindo acompanhar o raciocínio? Está claro para você que a participação do usuário e da família é fundamental para garantir a continuidade do tratamento oncológico? Pois bem, nosso objetivo é trabalhar essa participação, para que ela possa contribuir com a obtenção dos melhores resultados possíveis. Vamos lá?

Para que o usuário participe de todo o percurso, ele precisa reconhecer suas responsabilidades, bem como adquirir confiança para lidar com as consequências da doença.

Dessa forma, ele passa a ser um parceiro de gestão do cuidado e juntamente com os demais profissionais de saúde ele torna-se responsável por mudanças de comportamentos, por ajustes emocionais, além de elaborar relatórios precisos sobre os acontecimentos relacionados à doença e eventos adversos do tratamento (HOLMAN; LORIG, 2004).

Por outro lado, os profissionais de saúde, em especial o enfermeiro, devem contribuir para desenvolver essas habilidades no usuário. O foco é assegurar a continuidade e a integração dos cuidados.

Palavra de Profissional
Que tal pensarmos nessa parceria do usuário de forma mais prática? Traga um exemplo da sua prática diária.

Sem contemplar as modalidades de tratamento disponíveis para o câncer de mama, o câncer do colo do útero e os tumores da próstata, discutiremos, a partir de agora, algumas situações práticas que especifiquem as responsabilidades do usuário, assim como as orientações que devem ser oferecidas pela equipe de saúde durante o tratamento e a reabilitação.

Pretendemos trazer situações reais para exemplificar as ações de autocuidado necessárias nessa fase da doença.

Considerando que a maioria dos pacientes com câncer é tratada cirurgicamente, em uma situação de cirurgia, quando se pensa no usuário submetido a um procedimento cirúrgico para o tratamento do câncer de próstata, alguns aspectos devem ser considerados no autocuidado.

Acompanhe na animação quais são estes aspectos, segundo (VIANNA; NAPOLEÃO, 2009):

Sinais e sintomas esperados
Ex: presença de pequena quantidade de sangue na urina nos primeiros dias e sinais e sintomas que requerem procurar o serviço de saúde (Ex: aumento/persistência do sangramento).
Cuidados com o cateter urinário e o sistema coletor fechado
Ex: manter o cateter fixo ao abdome, evitar contato do sistema coletor com o chão ou superfícies sujas, não desconectar o sistema.
Higiene e cuidados com a ferida cirúrgica
Ex: banho diário, limpeza da junção meato-sonda durante o banho, cuidados com os pontos cirúrgicos e com a pele.
Hidratação e nutrição
Ex: estabelecer uma dose diária recomendada de líquidos, evitar ingestão de líquidos e alimentos irritantes vesicais como cafeína e álcool, evitar alimentos que provoquem constipação intestinal.
Terapia medicamentosa e retorno ao serviço de saúde e Atividades
Ex: não levantar peso, não realizar atividades que requeiram maiores esforços, não realizar atividade sexual até liberação médica.
Incontinência urinária
Ex: determinar juntamente com membros da equipe de saúde alternativas indicadas para melhorar a incontinência, inclusive necessidade de seguimento com profissional especializado. Orientar urinar em intervalos de tempo regulares após a retirada do cateter vesical, iniciar exercícios para o assoalho pélvico, entre outras.
Função sexual
Ex: discutir alternativas juntamente com a equipe, encorajar pacientes e parceiras a expressarem suas dúvidas e preocupações.

Você percebeu quantas informações devem ser fornecidas e a importância do conhecimento específico sobre a doença?

Percebeu também o manejo da doença por parte do enfermeiro, a fim de que ele consiga contemplar no momento da orientação as especificidades da doença e do seu tratamento?

O sucesso da intervenção depende desses cuidados.

Na próxima página daremos continuidade a este tema, abordando mais características que envolvem os cuidados no tratamento do câncer. Acompanhe!