Módulo 9: Tecnologias do cuidado em saúde
Unidade 4: Cuidados paliativos a pessoas em condição crônica de saúde

O Processo de morte e morrer na relação com os Cuidados Paliativos
Terminalidade e cuidados paliativos
Os Cuidados Paliativos na sua relação com o usuário do Sistema de Saúde com DCNT, com a família e com a Rede de Atenção à Saúde
Proporcionar Cuidados Paliativos exige mudanças de atitudes e educação da equipe de saúde
Cuidando de quem cuida na perspectiva dos Cuidados Paliativos

Terminalidade e Cuidados Paliativos: alternativas aos saberes produzido acerca da morte e do morrer

O que ameaça a vida? A morte, além de nos causar medo é, também, uma ameaça à vida. Cada vez mais, o processo histórico-cultural nos conduz a ter medo da ameaça de morrermos. Nesse sentido, antigamente, as mortes caracterizavam-se por serem fatos mais públicos e sociáveis do que privados, porém, ao longo do processo civilizador, mudaram os problemas a que cada pessoa esta exposta, logo, alteraram-se os modos como os indivíduos lidam com o processo de morte e morrer (VARGAS; MEYER, 2003).

Note que os conhecimentos técnicos e científicos, anteriores ao século XX, caracterizavam-se por uma medicina como predominantemente paliativa, voltada para o alívio do sofrimento e para tratamentos que melhorassem a qualidade de vida. No entanto, o desenvolvimento tecnológico na área da saúde, verificado mais intensamente a partir da metade do século passado, transformou os indivíduos em consumidores de cuidados de saúde. Consequentemente, produziu-se determinados jeitos de cuidar que não visam mais, apenas, o alívio do sofrimento, mas também a cura das doenças. E, mesmo que algumas doenças sejam curadas, com o uso da tecnologia e o intervencionismo médico dentro das instituições hospitalares, consolidou-se o prolongamento da vida, adiando a morte (VARGAS; MEYER, 2003).

Palavra do Profissional
Mas, como já aqui, a morte nos ameaça, mesmo quando a máxima almejada seja a prevenção e a detecção precoce das doenças e, em último caso, o tratamento e a respectiva cura.

Acompanhe na animação a seguir alguns dados que reforçam esta temática:

Dessa maneira, inicialmente, os CP surgem como uma biopolítica para dar conta daquela porcentagem da população que preencherá as estatísticas de morbimortalidade do câncer. (SILVA, 2010).

Preste atenção nesta imagem, principalmente, na capa do Palliative care.

Capas dos Guias da Série de Manuais da OMS “Controle do Câncer” – Módulos de Planejamento, Prevenção, Detecção Precoce, Diagnóstico e Tratamento, Cuidados Paliativos e Políticas e Defesas (SILVA, 2010).

Palavra do Profissional
Agora, reflita sobre a imagem e descreva o que você está vendo.

Repare que, independente das diferentes descrições, o ponto em comum nessas capas é de se estar olhando para uma pessoa que, aparentemente:

  1. Já possui uma doença oncológica instalada e em estágio bastante avançado.
  2. A deterioração da imagem corporal e o tom de tristeza presente reportam à possibilidade desta pessoa estar próxima da morte.
  3. Cuja família, talvez representada pela outra pessoa presente na foto, ocupa um lugar de destaque, já que nos CP ela pode contribuir para proporcionar uma boa morte para a pessoa em fase terminal.

Saiba Mais
Para ampliar seus conhecimentos sobre os Cuidados Paliativos na perspectiva das políticas públicas de controle do câncer, indicamos a seguinte leitura: World Health Organization. Cancer control: knowledge into action: WHO guide for effective programmes: Palliative Care. Geneva: World Health Organization, 2007.

Clique aqui e confira.

As experiências do processo de morte e morrer perduram pela vida desses familiares e os significados que irão construir em torno do processo de perda depende também da qualidade das relações travadas. Assim, quanto mais o clima for de conforto e confiança, mais a experiência pode ser positiva, porque os gestos de atenção e cuidado ficarão presentes sempre nas lembranças dos familiares (FERREIRA; SOUZA; SUCHI, 2008).

A Enfermagem deve reconhecer que os CP vêm preencher uma lacuna existente no cuidado do doente terminal, à medida que minimiza os efeitos de uma situação fisiológica desfavorável, prezando pelo não abandono, pelo acolhimento espiritual do doente e de sua família, além do respeito à verdade e a autonomia do doente (OLIVEIRA; SÁ; SILVA, 2007).

A medicina paliativa não acelera nem retarda o processo de morrer; mas reconhece a morte como algo natural na vida. Nesta perspectiva, deve-se fornecer apoio e ajuda à pessoa em seu processo de terminalidade para que ela consiga viver mais ativa e criativamente possível até a hora de sua morte; aos familiares para que eles vivenciem com mais naturalidade e sem tanto sofrimento a doença de seu familiar e o processo de luto.

Fique atento, pois quando a cura não é possível, alternativas devem ser apontadas para tentar resolver o problema das alterações físicas que debilitam a pessoa e que ocorrem ao longo do desenvolvimento de uma doença crônica. Assim, os CP surgem como uma alternativa proposta para pensarmos de outro modo a assistência aos usuários do sistema de saúde fora de possibilidades terapêuticas de cura, inventando outros jeitos de cuidar.