Módulo 9: Tecnologias do cuidado em saúde
Unidade 4: Cuidados paliativos a pessoas em condição crônica de saúde

O Processo de morte e morrer na relação com os Cuidados Paliativos
Terminalidade e cuidados paliativos
Os Cuidados Paliativos na sua relação com o usuário do Sistema de Saúde com DCNT, com a família e com a Rede de Atenção à Saúde
Proporcionar Cuidados Paliativos exige mudanças de atitudes e educação da equipe de saúde
Cuidando de quem cuida na perspectiva dos Cuidados Paliativos

Os Cuidados Paliativos na sua relação com o usuário do Sistema de Saúde com DCNT, com a família e com a Rede de Atenção à Saúde

Buscamos contextualizar a mudança de paradigma dos cuidados paliativos, ao abordá-lo na sua relação com o usuário do sistema de saúde com DCNT, com a família e com a Rede de Atenção à Saúde, para além da centralidade de inserção na instituição hospitalar e no processo de terminalidade.

Agora nos deteremos na articulação entre os CP e a pessoa que desenvolve uma DCNT. No entanto, convém explicitar que existem poucas referências que abordam o tema sob essa perspectiva, ou seja, não centrado apenas na interface CP e terminalidade. Logo, ao longo desta seção apresentaremos a você uma proposta que busca esmiuçar como cuidar de uma pessoa com DCNT na perspectiva da filosofia dos CP. Ainda que alguns aspectos do que aqui discutiremos não encontre respaldo nos atuais estudos brasileiros. Porém, cabe lembrar que utilizamos um estudo realizado por Moritz et al (2011), que nos proporcionou subsídios para aprimorar a explicação efetuada. Neste estudo, ainda que o título se reporte ao fim da vida, à terapia intensiva e à instituição hospitalar, podemos verificar uma ampliação da discussão para além do processo de terminalidade.

Saiba Mais
Para você melhor compreender este estudo, recomendamos a leitura do artigo que relata a pesquisa: MORITZ, R. D.et al. II Fórum do “Grupo de Estudos do Fim da Vida do Conesul”: definições, recomendações e ações integradas para cuidados paliativos na unidade de terapia intensiva de adultos e pediátrica. Rev. Brasileira de Terapia Intensiva. São Paulo, v. 23, n. 1, p. 24-29, jan./mar. 2011.

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Atente que os CP se iniciam no momento do diagnóstico de uma vida de limitação ou qualidade diminuída devido à condições crônicas ou envelhecimento. A qualidade de vida nesta fase inclui bem-estar físico, psicológico, social e espiritual (KELLY et al, 2011).

É importante identificar corretamente a pessoa que deve receber CP até o final da vida.

Os critérios utilizados para identificar do paciente que necessita de CP incluem qualquer condição de doença conhecida por ser limitativa da vida como, por exemplo: demência; DPOC; insuficiência renal crônica; câncer metastático; cirrose; distrofia muscular; fibrose cística, ou ainda que tem uma grande chance de levar à morte como: sepse; falência de múltiplos órgãos; traumatismo grave; e doença cardíaca congênita complexa (WEISSMAN; MEIER, 2011).

Inicialmente, na década de 90 do século XX, a definição de CP proposta abordava somente o tratamento a ser prestado no final da vida. No entanto, desde 2002, esta definição se estendeu, de forma que a tendência atual é de que todas as pessoas com doenças que ameacem a vida recebam, de forma precoce e integrada, cuidados curativos e paliativos, sendo a intensidade do tratamento individualizada de acordo com as necessidades e os desejos dos usuários do sistema de saúde e de seus familiares. Observe que estas formas de cuidado não se anulam, podendo ser complementares no cuidado à pessoa em situações de risco de vida e de sua família.

A principal questão a ser enfrentada pela equipe assistencial, pessoa doente e familiares não é se o usuário do sistema de saúde é candidato a CP, mas sim, qual a prioridade do tratamento, a cura e o restabelecimento ou o conforto e a qualidade de vida?

Para isso, devem ser levadas em consideração tanto as questões biológicas (gravidade, prognóstico, tratamentos disponíveis para a doença), quanto questões éticas (equilíbrio entre autonomia e beneficência, por exemplo) e pessoais ou culturais (valores e preferências diante da vida, da morte ou participação em decisões). Nesta perspectiva, na DCNT a integração entre os CP e curativos deve existir desde o momento do diagnóstico inicial, o que é considerado cada vez mais importante na busca de um atendimento de qualidade (KUSCHNER et al, 2009; CURTIS; VINCENT, 2010; NELSON et al, 2010). Vale ressaltar que, em pacientes sob tratamento ambulatorial, o início precoce dos CP integrado aos cuidados modificadores de doença foi associado tanto a melhor qualidade de vida, quanto a importante ganho de sobrevida.(TEMEL et al., 2010)

Palavra do Profissional
Lembre-se, a lógica aqui exposta é de que os CP devem ser fornecidos para todos os usuários do sistema de saúde com DCNT e para seus familiares.

Na sequência abordaremos o tema sobre as recomendações quanto aos CP a serem prestados às pessoas com DCNT. Continue!