Módulo 8: Enfermagem na Atenção à Saúde da Mulher, do Neonato e à Família no Alojamento conjunto
Unidade 2: Alterações fisiológicas e psicológicas da mulher no pós-parto

Alterações fisiológicas da mulher no pós-parto
Alterações psicológicas da mulher no pós-parto

Alterações fisiológicas da mulher no pós-parto

A frequência do pulso está diminuída nos primeiros 6 a 8 dias de puerpério e é chamada de bradicardia puerperal (60 a 70bpm). Esta ocorre devido a uma diminuição das contrações cardíacas após o nascimento do bebê e à redução do leito vascular (SANTOS, 2011a); MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2010; ZIEGEL; CRANLEY, 1985).

No que se refere ao peso corporal, em média, a puérpera perde cerca de 5 quilos logo após o parto (feto, placenta, líquido amniótico), havendo queda adicional de aproximadamente 3 quilos (involução uterina, loquiação, diurese, sudorese) entre o 7o e 10o dia (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2010).

Na animação a seguir apresentamos ainda mais modificações do puerpério:

Em outras situações, as mulheres conseguem urinar, mas são incapazes de esvaziar completamente a bexiga, permanecendo urina residual. Como resultado do trauma do parto, o meato urinário e os tecidos subjacentes podem se apresentar edemaciados, irritados e traumatizados. Essas alterações, aliadas a outros fatores como a diminuição da sensibilidade pela anestesia e a dificuldade de urinar em posição horizontal, contribuem para a ocorrência da retenção urinária, que, quando presente, expõe à mulher a um alto risco de infecção do sistema urinário.

A incontinência urinária não é muito frequente, todavia pode ocorrer nos primeiros dias de puerpério, desaparecendo em seguida. É causada principalmente pela atonia esfincteriana ou por lacerações traumáticas. De modo geral, a função ureteral volta ao normal dentro de seis a doze semanas (SANTOS, 2011a; ZIEGEL; CRANLEY, 1985; HENTSCHEL; BRIETZKE, 2006).

  • Sistema respiratório: após o parto, em consequência do esvaziamento uterino, ocorre a descompressão do diafragma, provocando o desaparecimento da dificuldade respiratória e a mudança do tipo respiratório, passando de costal superior para toracoabdominal (SANTOS, 2011a; MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2010).
  • Sistema tegumentar: com frequência, ocorre queda de cabelos, sudorese e enfraquecimento das unhas, estas tornam-se quebradiças. A hiperpigmentação da face (cloasma gravídico), do abdome (linha nigra) e da mama (aréola secundária) sofre redução gradativa, mas, às vezes, poderá ser de duração longa. Resultantes da gravidez recente, as estrias de coloração violácea permanecem, porém, sua tonalidade é alterada para o aspecto perolado, esbranquiçado.
  • Sistema endócrino: uma vez expulsa a placenta, se deflagra uma queda brusca das concentrações circulantes dos hormônios que lhe são atribuídos, especialmente no que se refere ao estrogênio e à progesterona. A diminuição, em quantidades consideráveis, dos níveis plasmáticos de estradiol e de progesterona permite a manifestação completa da ação lactogênica da prolactina e da ocitocina, cuja secreção, acrescida dos hormônios corticoides, é fundamental para a produção e a ejeção láctea.

O restabelecimento dos ciclos menstruais se dá em função dessas alterações hormonais. Nas mulheres não lactantes, este restabelecimento ocorre em aproximadamente 6 semanas após o parto, nas lactantes, este período é variável, dependendo da frequência e da duração do estímulo da sucção ou da ordenha manual (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2010).

  • Sistema digestivo: logo após o parto, com o esvaziamento do útero, o estômago, o intestino delgado e o cólon retornam à posição anatômica normal, favorecendo o esvaziamento mais rápido do estômago e a normalização das funções gastrointestinais. Mesmo assim, neste período é frequente a ocorrência da obstipação intestinal causada principalmente pela(o):
    • Morosidade intestinal estabelecida durante a gestação.
    • Súbita perda da pressão intra-abdominal.
    • Diminuição da motilidade gastrointestinal pelo uso de analgesia ou anestesia usada durante o parto.
    • Relaxamento ou flacidez da musculatura abdominoperineal.
    • Repouso físico relativo e dieta da puérpera.
    • Medo da puérpera de romper os pontos ou de sentir dor ao evacuar.
    • Presença de hemorroidas (veias varicosas no reto), decorrentes do esforço distendido no período expulsivo.

Além das alterações supra mencionadas, é importante destacar que os edemas gengivais, algumas vezes presentes na gravidez, também regridem em alguns dias após o parto (SANTOS, 2011a; ZIEGEL; CRANLEY, 1985; MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2010).

Nesta unidade obtivemos subsídios acerca das principais alterações físicas no organismo materno no pós–parto com vistas a instrumentalizar o enfermeiro a relacioná-las aos cuidados de enfermagem. Destacamos a importância do papel do(a) enfermeiro(a) no reconhecimento dessas alterações, como forma de diminuir os riscos para a saúde do binômio mãe e filho e garantir uma assistência de qualidade.