Como já afirmamos, a pedra fundamental da nova organização da Atenção Básica com a implementação do NASF é o Apoio Matricial, que pretende oferecer tanto retaguarda assistencial quanto suporte técnico-pedagógico às equipes de referência. Veja um exemplo prático:
Na Prática
A partir do estudo da área de abrangência, determinada equipe identificou alta prevalência de verminoses e baixo peso em crianças menores de dois anos em seis das oito unidades de saúde vinculadas a determinado município. Essa problemática conformava-se como constante motivo de solicitação de apoio das equipes da ESF, especialmente direcionada aos pediatras e aos assistentes sociais do Sistema Municipal de Saúde do município. Estudando o território adscrito, identificou-se que apenas 15% da população residente na área de abrangência possuía tratamento sanitário adequado, além de ser identificada uma fonte de água contaminada utilizada por grande parte da população.
Esse diagnóstico fez com que a equipe desenvolvesse um plano de ações para mudança da realidade que foi debatido com as equipes de saúde vinculadas em reuniões de planejamento das unidades de saúde, envolvendo-as também na execução do plano. Foram, então, realizadas articulações com associações de bairro para buscar apoio governamental para a mudança da situação identificada. Além disso, ações de debate ampliado sobre a questão foram programadas, envolvendo comunidade e profissionais da saúde para buscar alternativas locais visando à modificação da realidade sanitária identificada (por exemplo, evitando-se a contaminação da água consumida) e, inclusive, fomentando a constituição de um conselho local de saúde para exercer o controle social. Por último, os pediatras do município, articulados com a equipe, promoveram uma oficina sobre o tema, procurando instrumentalizar as Equipes de Saúde da Família para o cuidado dessas crianças.
O processo de articulação das equipes da ESF, com ou sem o NASF, demanda os mesmos princípios organizativos do processo de trabalho, que priorizará ações clínicas compartilhadas ou ações compartilhadas entre os diversos saberes profissionais de saúde no território, essencialmente interdisciplinares. Tais ações necessitam ser precedidas de discussão, planejamento e programação, com ênfase na troca de conhecimentos e nas responsabilidades mútuas através de diferentes metodologias e arranjos, tais como:
Tabela 1 – Metodologias para a articulação do processo de trabalho
O
Leitura Complementar:
FRANCO, Túlio Batista. As redes na micropolítica do processo de trabalho em saúde. In: PINHEIRO, R.; MATOS, R. A. Gestão em redes. Rio de Janeiro: LAPPIS-IMS/UERJ-ABRASCO, 2006. Clique aqui para acessar.
De acordo com a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), o NASF é uma equipe composta de profissionais de diferentes áreas de conhecimento que deve atuar de maneira integrada, apoiando os profissionais das Equipes de Saúde da Família, das Equipes de Atenção Básica para populações específicas, como consultórios na rua e equipes ribeirinhas e fluviais, e da academia da saúde (BRASIL, 2011).
Tendo como foco usuários e equipes de saúde vinculadas, o NASF deve basear sua lógica de atuação nos princípios da Atenção Básica ampliada e estruturá-la a partir de ações de apoio a essas equipes, fundamentando-se essencialmente na Educação Permanente em Saúde (EPS) e na integralidade da atenção, como já discutimos anteriormente no presente módulo.
Para a organização do processo de trabalho na perspectiva ampliada a partir do NASF, é recomendado utilizar como referência as normas publicadas pelo Ministério da Saúde, destacando-se o Caderno de Atenção Básica n. 27, que trata do tema. Você pode acessar esse material aqui.
Lacerda e Moretti-Pires