No século XIX, as estatísticas demonstravam que a mortalidade feminina era superior à masculina. Os grandes progressos da obstetrícia não se processaram no domicílio das parturientes, mas nos hospitais. Entretanto, no final do século XIX, as mulheres começaram a se perceber melhor, estabelecendo uma imagem mais real e total de seu corpo, que era, até então, fluida e fragmentada. Buscaram meios para controlar as gestações e os nascimentos, penetraram no meio cultural e social e desenvolveram alguns trabalhos sob a orientação paterna. A gestação, de certa forma, passou a ser parcialmente controlada pelas mulheres, porém, ainda subjugada ao médico (KNIBIEHLER, 1990*).
* KNIBIEHLER, Ie. Corpos e Corações. In: PERROT, M., DUBY, G. História de mulheres no Ocidente: o século XIX. Porto: Afrontamento, 1990. v. 4, p. 351-393.
Desde o final do século XIX, uma série de descobertas científicas e tecnológicas passaram a abalar os fundamentos tradicionais da divisão do trabalho e do poder entre os sexos, fazendo recuar a mortalidade e diminuindo, consideravelmente, a parte ocupada pela gestação e amamentação na vida das mulheres. Os riscos de mortalidade e de morbidade maternas e infantis foram fortemente reduzidos no decorrer do século XX (COSTA-LASCOUX, 1990*).
* COSTA-LASCOUX, J. Procriação e bioética. In: PERROT, M.; DUBY, G. História das mulheres no Ocidente: o século XX. Afrontamento. Porto, v.5, p. 638-659, 1990.
No entanto, apesar das conquistas femininas e dos avanços da medicina, hoje ainda enfrentamos grandes dificuldades. Veja: