Módulo 6: Politica de redes de atenção à saúde
Unidade 4:Ética em Saúde: Vulnerabilidade, Responsabilidade Profissional e Dilemas Éticos no Cuidado à Pessoa com DCNT

Vulnerabilidade: uma discussão Bioética
Dilemas Éticos

Vulnerabilidade: uma discussão Bioética

De algum modo, por mais que alguma pessoa possa preencher todos os critérios do viver saudável, sempre haverá alguma faceta de seu processo de viver que o deixa vulnerável. Porém, não significa dizer com isto que devemos adotar um viés de cuidado persecutório em relação aos processos possíveis de adoecimento.

Palavra do Profissional
Nada disso. Mas, podemos, sim, afirmar que somos profissionais da saúde, eticamente falando, responsáveis. Responsáveis por que e por quem? Responsáveis pela defesa de uma vida digna, por reconhecer os aspectos que levam à maior ou menor suscetibilidade dos sujeitos serem vulneráveis.

Neste sentido, “vulnerabilidade” e “ser vulnerável” não tem o mesmo significado! Veja a seguir as explicações.

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Lembre-se de que essa vulnerabilidade socialmente determinada é o que se pode chamar de “secundária” ou “circunstancial” ou, ainda, de “susceptibilidade” (KOTTOW, 2003)*.

Neste ínterim, inferimos que a emergência do conceito de vulnerabilidade permite repensar a questão dos grupos e comportamentos de risco para além de aspectos individuais e enfatizar a importância de uma associação entre fatores coletivos e contextuais, levando ao reposicionamento dos sujeitos no contexto da prevenção.

Assim, deveríamos avançar para além da noção de uma vulnerabilidade generalizada, balizada exclusivamente na desigualdade de poder das relações de gênero, econômica, social e que expõe os sujeitos a riscos.

Palavra do Profissional
Ou seja, os profissionais da saúde devem também considerar as necessidades e concepções individuais e coletivas para pensar em interferir de modo propositivo na proteção da saúde.

Devemos estar cientes de que para muitas pessoas a promoção da saúde está relacionada com necessidades imediatas de manutenção fisiológica e social (comer, beber, vestir, ir e vir com segurança, por exemplo) do que com a ameaça, em longo prazo, de desenvolver uma DCNT; algumas pessoas aderem melhor às orientações de grupo, e se fortalecem no grupo, do que às orientações individuais.

A promoção da saúde é, pois, um espaço de negociação permanente e de entendimento da complexidade das relações e das potencialidades de intervenção.

Com essa compreensão, introduz-se a ideia das relações de poder entre as pessoas, os grupos e as nações. E, assim, aponta-se para a natureza dinâmica da vulnerabilidade, o que é fundamental para a emancipação dos usuários dos serviços de saúde. A pessoa vulnerável com necessidades não atendidas, com dificuldades para acesso aos bens, serviços e realização de suas capacidades vê-se mais frágil na negociação que pode ser menos justa e igualitária, predispondo-a a danos.