Com relação ao recém-nascido, o exame físico respeitará o momento do nascimento e dos cuidados imediatos durante a recepção dessa criança, sendo realizado posteriormente aos cuidados mediatos.
As mãos do examinador e os instrumentais utilizados devem ser previamente aquecidos; o posicionamento do recém-nascido deve ser confortável, atentando-se para a permeabilidade das vias aéreas, com promoção de uma ventilação efetiva, principalmente nos primeiros momentos de vida extrauterina.
Os materiais necessários para o exame físico do recém-nascido em sala de parto são: balança, régua antropométrica, fita métrica, estetoscópio e termômetro.
Como já explicitado, o exame físico é, preferencialmente, realizado seguindo a sequência do geral para o especial e no sentido crânio caudal, para que o registro seja feito sem nenhum esquecimento.
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Palavra de Profissional |
Durante o exame físico, o recém-nascido deverá permanecer no berço de recepção (berço aquecido), uma vez que estará despido (risco para perda de temperatura), facilitando a visualização de aspectos importantes na inspeção; mantê-lo em decúbito dorsal (atentar para permeabilidade de vias aéreas).
Inicia-se o exame com observação do aspecto geral do recém-nascido, envolvendo postura espontânea, simetria corporal, flexão da cabeça e extremidades, como também a presença de movimentos espontâneos. A cor, a característica da pele e quaisquer deformidades evidentes são observadas nesse momento (BRASIL, 2011; JARVIS, 2002; HOCKENBERRY, 2006).
A partir da observação do recém-nascido é possível coletar informações diversas e importantes como a presença de más-formações e fácies típicas de determinadas síndromes genéticas. Também se consegue identificar alterações na coloração da pele (cianose) e no padrão respiratório, como aumento do esforço e desconforto respiratório e utilização de musculatura acessória.
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Saiba Mais |
Inspeciona-se o posicionamento e as características faciais do recém-nascido, sendo possível a identificação de alterações. Os ouvidos serão inspecionados com relação ao tamanho, forma, alinhamento das aurículas, presença de condutos auditivos externos, apêndices pré-auriculares. Deverá ser observado o reflexo de sobressalto como resposta mediante um ruído alto. Avaliar a permeabilidade das narinas e presença de secreção ou dilatação durante a respiração - batimento de aletas nasais (BRASIL, 2011; JARVIS, 2002; HOCKENBERRY, 2006). Com relação à boca, o enfermeiro deverá inspecionar lábios e gengivas e presença mínima de salivação (HOCKENBERRY, 2006). Utilizando um dedo enluvado, colocado dentro da boca do recém-nascido, palpa-se o palato, verificando sua integridade, como também o reflexo de sucção (BRASIL, 2011; JARVIS, 2002; HOCKENBERRY, 2006).
No tórax, deverão ser inspecionadas as condições da pele, formato do tórax e a configuração dos mamilos; mensura-se o perímetro torácico. O abdômen deve ser inspecionado durante a respiração, sendo importante verificar presença de retrações (torácicas, subcostais, intercostais, de fúrcula) e a utilização de musculatura acessória. Deverão ser palpados o impulso apical (observando sua localização) e a parede torácica em busca de frêmitos; se o recém-nascido estiver chorando, palpa-se o frêmito tátil. Nesse momento, a ausculta dos ruídos respiratórios será realizada, bem como das bulhas cardíacas e dos ruídos abdominais (JARVIS, 2002; HOCKENBERRY, 2006).
No abdômen, é importante que seja inspecionada a sua forma e a condição da pele no local. Observa-se o coto umbilical, a presença dos vasos (2 artérias e 1 veia) ou de hérnia. A palpação do abdome deverá ser realizada considerando-se o turgor e ser superficial quanto ao tônus muscular; palpar fígado e baço, e se possível deve ser registrado a medida com as polpas digitais. Devem ser palpados também os pulsos femorais e linfonodos inguinais e por fim, realizar a percussão de todos os quadrantes (BRASIL, 2011; HOCKENBERRY, 2006).
Nas extremidades superiores observa-se o turgor da pele, o tônus muscular, o leito ungueal, reflexo de preensão palmar. Em seguida, segurando o recém-nascido e puxando-o para cima é possível observar o retardo da cabeça, ou seja, a incapacidade do neonato de segurar a cabeça ereta quando puxado para a posição sentada (JARVIS, 2002; HOCKENBERRY, 2006).
Nas extremidades inferiores também serão observados o turgor da pele e o tônus muscular. Testa-se o sinal de Ortolani para identificação da presença ou ausência de luxação congênita de quadril. O reflexo de preensão plantar será realizado tocando-se a base dos dedos dos pés do recém-nascido de modo que resulte em flexão ou preensão. Outro reflexo testado é o de Babinski, riscando-se a parte externa da região plantar do pé para cima, a partir do calcanhar, ocorrendo a dorsiflexão do polegar e abertura dos demais dedos em leque (JARVIS, 2002; HOCKENBERRY, 2006).
Figura 2.4: Manobra de Ortoloni
Figura 2.5: Reflexo de Babinski
Na genitália feminina, inspecione lábios, clitóris e vagina pérvia. No sexo masculino, inspecione a posição do meato uretral e palpe os testículos no saco escrotal (BRASIL, 2011; HOCKENBERRY, 2006).
Segurando o recém-nascido por debaixo das axilas e voltado de frente para o examinador, este deverá observar o tônus muscular dos ombros. O enfermeiro deverá executar uma rotação lenta do recém-nascido de um lado para o outro, observando o reflexo dos olhos de boneca. Virando o recém-nascido de costas para o examinador, o reflexo de marcha é testado, como também a capacidade do recém-nascido de sustentar a cabeça nessa posição (JARVIS, 2002; HOCKENBERRY, 2006).
Colocando o recém-nascido em decúbito ventral, inspeciona-se o comprimento da coluna, reflexo de curvatura do tórax e a simetria das pregas glúteas. Observa-se a pele intacta ou quaisquer sinais de aberturas dos tratos sinusais ou protrusões. Verifica-se a abertura pérvia anal (JARVIS, 2002; HOCKENBERRY, 2006).
Finalizando o exame físico do recém-nascido, inspecione o canal auditivo, a membrana timpânica e evoque o reflexo de Moro (BRASIL, 2011; JARVIS, 2002; HOCKENBERRY, 2006).
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Saiba Mais |
Este estudo trouxe subsídios para a realização da avaliação materno-fetal e neonatal. A realização da anamnese e do exame físico completo da parturiente e do recém-nascido, bem como os achados provenientes destes, instrumentalizam o enfermeiro para a elaboração de um plano de assistência de enfermagem fundamentado. Este planejamento pretende ser individual e propõe um cuidado adequado e qualificado para cada mulher e recém-nascido no decorrer do trabalho de parto, parto e nascimento.