Cuidados no trabalho de parto
Para grande parte das mulheres, o parto começa com a primeira contração uterina, continua durante as horas que se seguem até a total dilatação do colo uterino e nascimento da criança e termina com a mulher e as pessoas próximas estabelecendo o processo de vínculo com o recém-nascido. O cuidado de enfermagem nesta fase concentra-se no apoio à mulher e sua família, com o intuito de garantir o melhor resultado possível para todos os envolvidos (PIOTROWSKI, 2002).
É importante ressaltar que uma estratégia que favorece vivências positivas durante o trabalho de parto e parto é a possibilidade de a mulher e sua família conhecerem o local onde o parto será realizado, ainda durante a gestação. Além disso, conhecer e estabelecer vínculo com os profissionais que lhe prestarão a assistência ao parto podem aliviar a ansiedade e diminuir sentimentos de medo e insegurança (MAMEDE et al., 2009).
Considerando os períodos clínicos do parto, trataremos a seguir sobre o cuidado de enfermagem a ser realizado à mulher em cada período. Após a admissão da parturiente na maternidade e a realização da avaliação inicial, com revisão do registro de pré-natal, entrevista inicial, exame físico, exames laboratoriais necessários, fatores culturais e psicossociais relatados, e confirmação do período clínico do parto. As seguintes ações devem ser realizadas (PIOTROWSKI, 2002; LEVENTHAL, 2006; SAITO; RIESCO; OLIVEIRA, 2006), como veremos na Animação a seguir:
Dinâmica uterina – D.U.
Avaliação das contrações uterinas, realizando-se a dinâmica uterina (DU) para verificar intensidade, duração e frequência das contrações em um intervalo de 10 minutos; deve ser feita a cada 60 minutos. A DU deve ser analisada com relação ao seu efeito sobre a dilatação, o apagamento e a descida fetal no canal do parto.
Frequência Cárdio-Fetal - FCF
Avaliação da FCF para avaliar a vitalidade fetal; também deve ser feita a cada 60 minutos na fase latente do trabalho de parto e no início da fase ativa; e a cada 30 minutos de acordo com a progressão da fase ativa do trabalho de parto.
Toque vaginal
O toque vaginal (realizado por médico obstetra ou enfermeiro obstetra) deve ser feito com cautela e de acordo com os sinais e sintomas que a mulher apresenta durante o trabalho de parto. Observação da rotura das membranas amnióticas. O horário desta ocorrência deve ser registrado e devem ser avaliados: cor, odor, presença ou ausência de grumos, quantidade eliminada do líquido amniótico. A presença de mecônio no líquido amniótico pode ser um sinal de risco à saúde fetal, o que requer uma maior atenção da FCF durante o período. Estímulo à ingestão de dieta leve e hidratação, que traz benefícios para as parturientes de baixo risco, já que a desidratação alimentar severa pode ocasionar desidratação e cetose.
Deambulação
Estímulo à deambulação, principalmente nas primeiras horas do trabalho de parto, tendo em vista que a posição vertical ajuda na coordenação das contrações uterinas e na descida do feto, facilitando a dilatação e o apagamento do colo. Se a mulher estiver no leito, esta deve ser estimulada com relação à mudança de posição respeitando aquela que a mulher se sentir mais confortável. Lembrar que se a mulher estiver em decúbito dorsal horizontal, deve ser orientada a deitar de lado, para aliviar a compressão da aorta e da veia cava inferior.
Relaxamento
Orientações sobre as técnicas de relaxamento que devem ser iniciadas em um curso de gestante. Durante o período de dilatação as técnicas podem ser reforçadas e também podem ser realizadas pelo acompanhante ou douta; a utilização de música, realização de respiração lenta e profunda, massagem na região dorsal, banho ou a simples presença do acompanhante são estratégias que favorecem o relaxamento. Orientar também sobre outros métodos não farmacológicos para alívio da dor que possam existir na maternidade. O banho e a higiene íntima devem ser realizados, principalmente após o rompimento das membranas, ajudando assim no relaxamento, conforto e reduzindo o risco de infecção.
Orientações gerais
Favorecimento da segurança emocional da parturiente e de seus familiares, informando-os sobre o andamento do trabalho de parto. Estas informações contribuem para que a mulher se torne mais segura e tenha o controle sobre o que está acontecendo. Observação das eliminações oral, vaginal, urinária e intestinal. Náuseas e vômitos podem ser comuns e é importante orientar a mulher sobre isso.
Orientações gerais 2
A retenção urinária e formação de bexigoma podem prolongar o trabalho de parto e a micção deve ser estimulada a cada duas horas. Atentar para as características das secreções vaginais (sangramento e líquido amniótico). No final do período de dilatação a parturiente pode sentir vontade de evacuar (pela pressão do polo cefálico sobre o reto); neste caso, o toque vaginal será realizado por médico ou enfermeiro obstetra para verificar a iminência do parto.
É importante salientar que a tricotomia e o enteroclisma, procedimentos amplamente utilizados no passado, são considerados, na atualidade, como práticas claramente prejudiciais ou ineficazes, devendo ser eliminado o seu uso rotineiro (BRASIL, 2001; HOFMEYR, 2005).
Após a realização de todo o cuidado de enfermagem, devem ser feitos os registros de forma completa, permitindo o adequado acompanhamento da parturiente durante o período. O uso do partograma é recomendado, para o registro de todo o trabalho de parto, a partir da fase ativa.
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Palavra de Profissional |
O partograma é a representação gráfica do trabalho de parto; permite acompanhar sua evolução, documentar, diagnosticar alterações e indicar a necessidade de tomada de condutas apropriadas para a correção de desvios, ajudando também a evitar intervenções desnecessárias.

Figura 3.1 - Partograma
Fonte: Manual do Ministério da Saúde, Brasil (2001).
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Saiba Mais |
Saiba mais: Para maiores informações sobre como construir e elaborar um Partograma.
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Na próxima página abordaremos o cuidado continuo no período de expulsão e ações que devem ser desenvolvidas pelo profissional de enfermagem no trabalho de parto, parto e nascimento.