As intoxicações exógenas agudas têm se destacado entre os atendimentos de urgência e emergência no país. Apresentam-se de diversas formas, desde intoxicações acidentais até os casos de tentativas de autoextermínio. Alguns autores caracterizam as síndromes tóxicas como conjunto de sinais e sintomas agrupados e de forma consistente que quando identificados ajudam os profissionais a estabelecer um diagnóstico diferencial e orientar na indução de terapias definitivas.
Estas intoxicações são extremamente graves e trazem consequências sérias aos pacientes. Assim, um dado alarmante nos mostra conforme o Sistema Nacional de Informações Tóxico-farmacológicas (SINITOX), que no ano de 2009, foram notificados 101.086 casos de intoxicação a este serviço, sendo que, destes, 26.753 foram causados por medicamentos e 5.253 por agrotóxicos/uso agrícola.
No Brasil as principais causas de intoxicação em nosso meio são: os medicamentos; os animais peçonhentos; os produtos domissanitários.
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É importante destacar que o tratamento das intoxicações é de difícil manejo, visto que as substâncias químicas, suas características e toxicidade muitas vezes são desconhecidas pelos profissionais de saúde e a fisiopatologia das intoxicações também difere, dependendo do agente tóxico.
Abordagem inicial
No atendimento inicial das intoxicações exógenas devem ser consideradas as síndromes que colocam a vida do paciente em risco e implementado o seu pronto atendimento; esta é a fase de ressuscitação e avaliação inicial (BRASIL, 2009).
O conhecimento das síndromes toxicológicas é essencial para o reconhecimento do agente intoxicante. A síndrome toxicológica é uma constelação de sinais e sintomas que sugerem uma classe específica de envenenamento.
Veja a animação a seguir, que apresenta algumas das síndromes toxicológicas segundo o Centro de Informações Antiveneno da Bahia (2009).
Cuidados gerais imediatos
As primeiras medidas devem estar voltadas para a manutenção das funções vitais, procedente às técnicas de suporte básico de vida, tendo em vista a estabilização do paciente (DAL SASSO et al., 2006; CENTRO DE INFORMAÇÕES ANTIVENENO DA BAHIA, 2009; BRASIL, 2010):
• Desobstrução de vias aéreas, aspiração de secreções, retirada de corpos estranhos.
• Manutenção da respiração, ventilação e intubação se necessário.
• Manutenção da circulação, promovendo a estabilização hemodinâmica; obter acessos venosos, coletar sangue para exames laboratoriais de rotina e específicos.
Veja na animação a seguir como aprofundar o exame seguindo as instruções.
Observe também as instruções para venenos específicos:
• Monitorize o paciente para melhor observação das arritmias que podem evidenciar risco de morte. Pacientes arrítmicos devem ser assegurados com boa oxigenação, débito cardíaco apropriado e a correção dos distúrbios hidroeletrolíticos e acidobásicos. A hipotensão arterial manifesta-se secundária nas intoxicações por betabloqueadores, metildopa, opióides etc. Aos pacientes que se apresentam hipotensos, a conduta imediata consiste na instalação de dois acessos venosos para infusão de soluções cristalóides (Ringer lactato e soro fisiológico).
• Controle a temperatura. A hipertermia (temperatura acima de 41ºC) acarreta desnaturação das enzimas e comprometimento da função mitocondrial, alterando todo metabolismo celular. Em consequência, o paciente pode apresentar quadros de arritmia, insuficiência cardíaca congestiva (ICC), edema cerebral, hipotensão ou ainda insuficiência respiratória aguda (IRA).
A presença de bradicardia, taquicardia e hipotensão, anunciam frequentemente a classificação do agente. Por exemplo, as intoxicações por anfetaminas, atropina e derivados, cocaína, fenotiazidas e antidepressivos tricíclicos manifestam-se por taquicardia.
Neste estudo vimos que as intoxicações exógenas podem variar conforme o agente causal e a manifestação clínica, o que as torna muito similares a outras situações de emergência. Dessa forma, apresentamos como efetuar o reconhecimento e o cuidado dos pacientes que sofreram intoxicação aguda com as substâncias mais frequentes no atendimento de urgência. Agora, você já conhece e sabe como pode intervir nas principais intoxicações exógenas em situações de emergência.