Módulo 6: Saúde materna, neonatal e do lactente - Enfermagem na atenção à saúde materno-fetal: pré-natal
Unidade 1: Gravidez como um processo de preparação da mulher e da família

Atenção Pré-Concepção
A gravidez como um processo e suas influências na vida da mulher

Atenção Pré-Concepção

a) Anamnese na consulta pré-concepcional

O profissional, ao dialogar com o usuário, deve ficar atento aos problemas de saúde e pesquisá-los, destacando-se, entre eles: a epilepsia, o diabetes, nefropatias, cardiopatias, a hipertensão, as doenças psiquiátricas, doenças sexualmente transmissíveis, colagenoses (lúpus e outras), os distúrbios da tireóide, as doenças tromboembólicas, doenças infecciosas (rubéola, varicela, toxoplasmose, hepatite B, infecção urinária) e o histórico vacinal (FESCINA, et al., 2010; BRASIL, 2006a; SÃO PAULO, 2010).

Palavra do Profissional
Uma escuta atenta, abertura ao diálogo, estar disponível e estimular a mulher a expressar suas necessidades são condições essenciais durante uma consulta. Lembre-se de que você é responsável pela coleta dos dados, pelo registro no prontuário e cartão, e também pelo compartilhamento de informações para fortalecer as capacidades da mulher para que ela possa decidir sobre sua saúde.

Uma outra questão é o cuidado que temos que ter com aquelas mulheres na fase do climatério. O climatério é o período no qual a função ovariana declina, iniciando ciclos menstruais anovulatórios, redução de óvulos, com decréscimo na produção de estrogênio. Embora a fertilidade esteja reduzida nesta fase do ciclo vital da mulher, a mulher pode engravidar. A mulher precisa de informações claras e objetivas sobre os riscos e cuidados, bem como conversar sobre mitos e realizar exames de saúde.

Lembre-se de que outros aspectos pessoais como, por exemplo, a existência de doenças crônicas não transmissíveis também devem ser pesquisados. O diabetes materno não gestacional, por exemplo, pode afetar o embrião, produzindo macrossomia, poliidrâmnio, malformações congênitas, cardiopatias, disgenesia caudal e quadros de múltiplas anomalias, abortos e morte perinatal.



Antes de engravidar, a mulher deve fazer um perfil glicêmico e hemoglobina glicosada (podendo pensar em engravidar com valor menor que 6%), substituir os hipoglicemiantes orais por insulina, se necessário for, e ter acesso à orientação e seguimento nutricional. É importante ainda, nas mulheres não diabéticas, pesquisar a glicemia (FESCINA, et al., 2010; SÃO PAULO, 2010).

Já no caso da hipertensão arterial crônica, há uma relação com a restrição do crescimento intrauterino, baixo peso ao nascer, prematuridade e mortalidade perinatal. O risco fetal é máximo quando existe proteinúria. A verificação dos sinais vitais, sobretudo, da pressão arterial é fundamental.

A mulher que estiver fazendo uso de inibidores da enzima conversora da Angiotensina (IECAs) e Antagonistas dos Receptores da Angiotensina II (ARA II) deverá substituí-los por outros agentes anti-hipertensivos por causarem dano renal no feto, sendo a droga de escolha a alfametildopa.

Quando a mulher faz uso de anticoagulantes cardíacos deve conversar com o seu médico, em função do efeito teratogênico desses medicamentos. O acompanhamento nutricional e dietético e a avaliação do comprometimento cardíaco e renal são essenciais quando a mulher é hipertensa (FESCINA, et al., 2010; SÃO PAULO, 2010).

Palavra do Profissional
A maioria das doenças transmissíveis interfere no desenvolvimento do embrião e deve ser evitada. Avalie a susceptibilidade à rubéola identificando as mulheres vacinadas ou que já tiveram a doença e, em caso de dúvidas, realize uma determinação da presença de anticorpos em todas as mulheres em idade fértil.

Todas as mulheres não grávidas que apresentarem resultado negativo para rubéola deverão ser vacinadas antes da gravidez ou depois do parto. Isto também se aplica a hepatite. No caso de resultado negativo, indique a vacinação e o uso de preservativo.

A atenção pré-concepcional consiste no processo de identificação de fatores de risco e de doenças que possam alterar a evolução normal de uma futura gestação. Contribui para melhora das condições existentes mediante intervenções precoces antes da concepção e do início da rotina pré-natal, sendo um instrumento para redução da morbidade e mortalidade materna e infantil (LU et al., 2000; BERRY et al., 2001).

Os cuidados para evitar a contaminação por toxoplasmose são: não ter contato com as fezes do gato, lavar alimentos e mãos, usar luvas para manusear a terra, não comer carne crua, não consumir leite e seus derivados crus ou não pasteurizados (BRASIL, 2006a).

Outra doença transmissível que necessita ser investigada é a sífilis. As mulheres com sífilis deverão ser informadas sobre os riscos de transmissão vertical da doença. No caso de diagnóstico positivo, encaminhar a mulher e companheiro para o tratamento e orientar o uso de preservativo. As mulheres em idade fértil têm o direito de se submeter à triagem para HIV (as mulheres soropositivas deverão ser informadas sobre o risco de transmissão vertical e sobre os tratamentos profilaticos existentes), prévio aconselhamento e garantia da confidencialidade.

O uso de preservativos é fundamental para evitar doenças sexualmente transmissíveis na gestação. Nos casos positivos de sífilis, deve-se tratar a mulher e também seu(s) parceiro(s) para evitar a evolução da doença e a sífilis congênita.

Em relação ao HIV, o risco materno e neonatal se reduz com a recuperação dos níveis de linfócitos T-CD4, redução da carga viral circulante para valores indetectáveis. Na vigência da gravidez, uma medida de profilaxia de transmissão vertical na gestação é administração de antirretrovirais e no parto do AZT (FESCINA et al., 2010; SÃO PAULO, 2010; BRASIL, 2006a).

Além disso, é importante ficar atento às patologias geradas por deficiência de algum nutriente e que possam interromper o curso normal da gravidez. Neste sentido, a anemia ferropriva merece destaque, pois está associada com placenta prévia, hipertrofia e descolamento placentário, pré-eclâmpsia e hemorragia pós-parto. E, se for severa, pode apresentar ainda, como consequência:

  • retardo de crescimento;
  • abortamento;
  • trabalho de parto prematuro;e
  • baixo peso fetal, por isso a mulher deverá seguir a profilaxia recomendada.

Palavra do Profissional
Toda mulher que estiver planejando engravidar e sofrer de anemia ferropriva deverá receber 120 mg de ferro por dia.

No caso de doença autoimune como lúpus eritematoso sistêmico é importante que a patologia esteja inativa ou mantida sob controle no mínimo seis meses antes da concepção e com funcionamento renal estabilizado (FESCINA, et al., 2010; SÃO PAULO, 2010; BRASIL, 2006a).

Como profissional da saúde, devemos observar alguns fatores importantes. Clique aqui para conhecê-los.

Depois de conhecer os fatores importantes que o profissional da saúde deve observar, siga em frente!