a) Anamnese na consulta pré-concepcional
O profissional, ao dialogar com o usuário, deve ficar atento aos problemas de saúde e pesquisá-los, destacando-se, entre eles: a epilepsia, o diabetes, nefropatias, cardiopatias, a hipertensão, as doenças psiquiátricas, doenças sexualmente transmissíveis, colagenoses (lúpus e outras), os distúrbios da tireóide, as doenças tromboembólicas, doenças infecciosas (rubéola, varicela, toxoplasmose, hepatite B, infecção urinária) e o histórico vacinal (FESCINA, et al., 2010; BRASIL, 2006a; SÃO PAULO, 2010).
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Uma outra questão é o cuidado que temos que ter com aquelas mulheres na fase do climatério. O climatério é o período no qual a função ovariana declina, iniciando ciclos menstruais anovulatórios, redução de óvulos, com decréscimo na produção de estrogênio. Embora a fertilidade esteja reduzida nesta fase do ciclo vital da mulher, a mulher pode engravidar. A mulher precisa de informações claras e objetivas sobre os riscos e cuidados, bem como conversar sobre mitos e realizar exames de saúde.
Lembre-se de que outros aspectos pessoais como, por exemplo, a existência de doenças crônicas não transmissíveis também devem ser pesquisados. O diabetes materno não gestacional, por exemplo, pode afetar o embrião, produzindo macrossomia, poliidrâmnio, malformações congênitas, cardiopatias, disgenesia caudal e quadros de múltiplas anomalias, abortos e morte perinatal.
Antes de engravidar, a mulher deve fazer um perfil glicêmico e hemoglobina glicosada (podendo pensar em engravidar com valor menor que 6%), substituir os hipoglicemiantes orais por insulina, se necessário for, e ter acesso à orientação e seguimento nutricional. É importante ainda, nas mulheres não diabéticas, pesquisar a glicemia (FESCINA, et al., 2010; SÃO PAULO, 2010).
Já no caso da hipertensão arterial crônica, há uma relação com a restrição do crescimento intrauterino, baixo peso ao nascer, prematuridade e mortalidade perinatal. O risco fetal é máximo quando existe proteinúria. A verificação dos sinais vitais, sobretudo, da pressão arterial é fundamental.
A mulher que estiver fazendo uso de inibidores da enzima conversora da Angiotensina (IECAs) e Antagonistas dos Receptores da Angiotensina II (ARA II) deverá substituí-los por outros agentes anti-hipertensivos por causarem dano renal no feto, sendo a droga de escolha a alfametildopa.
Quando a mulher faz uso de anticoagulantes cardíacos deve conversar com o seu médico, em função do efeito teratogênico desses medicamentos. O acompanhamento nutricional e dietético e a avaliação do comprometimento cardíaco e renal são essenciais quando a mulher é hipertensa (FESCINA, et al., 2010; SÃO PAULO, 2010).
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Todas as mulheres não grávidas que apresentarem resultado negativo para rubéola deverão ser vacinadas antes da gravidez ou depois do parto. Isto também se aplica a hepatite. No caso de resultado negativo, indique a vacinação e o uso de preservativo.
A atenção pré-concepcional consiste no processo de identificação de fatores de risco e de doenças que possam alterar a evolução normal de uma futura gestação. Contribui para melhora das condições existentes mediante intervenções precoces antes da concepção e do início da rotina pré-natal, sendo um instrumento para redução da morbidade e mortalidade materna e infantil (LU et al., 2000; BERRY et al., 2001).
Os cuidados para evitar a contaminação por toxoplasmose são: não ter contato com as fezes do gato, lavar alimentos e mãos, usar luvas para manusear a terra, não comer carne crua, não consumir leite e seus derivados crus ou não pasteurizados (BRASIL, 2006a).
Outra doença transmissível que necessita ser investigada é a sífilis. As mulheres com sífilis deverão ser informadas sobre os riscos de transmissão vertical da doença. No caso de diagnóstico positivo, encaminhar a mulher e companheiro para o tratamento e orientar o uso de preservativo. As mulheres em idade fértil têm o direito de se submeter à triagem para HIV (as mulheres soropositivas deverão ser informadas sobre o risco de transmissão vertical e sobre os tratamentos profilaticos existentes), prévio aconselhamento e garantia da confidencialidade.
O uso de preservativos é fundamental para evitar doenças sexualmente transmissíveis na gestação. Nos casos positivos de sífilis, deve-se tratar a mulher e também seu(s) parceiro(s) para evitar a evolução da doença e a sífilis congênita.
Em relação ao HIV, o risco materno e neonatal se reduz com a recuperação dos níveis de linfócitos T-CD4, redução da carga viral circulante para valores indetectáveis. Na vigência da gravidez, uma medida de profilaxia de transmissão vertical na gestação é administração de antirretrovirais e no parto do AZT (FESCINA et al., 2010; SÃO PAULO, 2010; BRASIL, 2006a).
Além disso, é importante ficar atento às patologias geradas por deficiência de algum nutriente e que possam interromper o curso normal da gravidez. Neste sentido, a anemia ferropriva merece destaque, pois está associada com placenta prévia, hipertrofia e descolamento placentário, pré-eclâmpsia e hemorragia pós-parto. E, se for severa, pode apresentar ainda, como consequência:
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No caso de doença autoimune como lúpus eritematoso sistêmico é importante que a patologia esteja inativa ou mantida sob controle no mínimo seis meses antes da concepção e com funcionamento renal estabilizado (FESCINA, et al., 2010; SÃO PAULO, 2010; BRASIL, 2006a).
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