Módulo 6: Saúde materna, neonatal e do lactente - Enfermagem na atenção à saúde materno-fetal: pré-natal
Unidade 1: Gravidez como um processo de preparação da mulher e da família

Atenção Pré-Concepção
A gravidez como um processo e suas influências na vida da mulher

Atenção Pré-Concepção

b) Exame Físico

É importante ressaltar que, para muitas mulheres, esse pode ser seu primeiro contato com o sistema de saúde. Portanto, a oportunidade deve ser aproveitada para uma investigação de sua condição médica geral.

O exame físico deve ser completo, observando-se estado geral, peso, pressão arterial, palpação da tireoide, de todo o pescoço, região cervical e axilar, ausculta cardíaca e pulmonar, exame do abdômen e membros inferiores, pele e sistema musculoesquelético, seguindo o sentido céfalo-caudal.

Palavra do Profissional
Qualquer solicitação de exames deverá ser informada à mulher e ao parceiro. É nosso dever, como enfermeiros, ouvir e informar o casal.

O peso e a altura são determinantes para avaliar o índice de massa corporal. As gestantes com IMC acima de 25 kg/m apresentam com maior frequência malformações fetais, diabetes, pré-eclâmpsia e tromboembolismo, e neste caso o ideal seria uma dieta para perder peso antes da gestação. Por outro lado, IMC abaixo 20 kg/m, situação característica de baixo peso e desnutrição, aumenta a prevalência de anemia, parto prematuro e baixo peso do recém-nascido, impondo-se a necessidade de rever a dieta alimentar (SÃO PAULO, 2010).

c) Solicitação de Exames

Os exames laboratoriais na consulta pré-concepcional são utilizados para triagem, diagnóstico e aconselhamento diante do desejo do casal de engravidar. Quando bem utilizados e interpretados, auxiliam na identificação de condições que possam agravar a saúde da mulher e/ou do feto durante uma gestação. Da mesma forma, esta triagem identifica fatores de risco para doenças.

  • Tipagem sanguínea e avaliação do fator Rh para prevenção da aloimunização Rh. Se a mulher for Rh negativo, solicitar pesquisa de anticorpos (Coombs indireto) e triagem sanguínea do parceiro;
  • Hemograma completo para identificação de anormalidades hematimétricas;
  • Sorologia para toxoplasmose com identificação de IgG e IgM. Em caso de mulheres suscetíveis, orientar profilaxia no sentido de evitar contato com fezes e secreções de felinos e a ingestão de carnes cruas;
  • Sorologia para HIV e sífilis, sempre com aconselhamento e consentimento. Se houver sorologia positiva para sífilis, iniciar prontamente o tratamento da mulher e do parceiro e acompanhar clínico-laboratorialmente ambos. Em casos de sorologia positiva para o HIV, encaminhar para acompanhamento e tratamento, também incluindo cuidados com o parceiro. Independentemente de resultado, orientar todas as mulheres para a prática do sexo seguro, incentivando-as a utilizar preservativo;
  • Sorologia para rubéola (em caso de dúvida quanto ao histórico vacinal). Se IgG negativo, indicar vacinação. A vacina contra a rubéola deve ser realizada pelo menos um mês antes de suspender a anticoncepção, embora alguns autores recomendem aguardar 90 dias. A colpocitologia oncológica, se tiver sido colhida há menos de três anos, para a identificação de neoplasia intraepitelial cervical ou câncer cérvico-uterino. Se forem identificadas alterações, dar prosseguimento à investigação;
  • Avaliação de hepatite, solicitando HBsAg.

  • Glicemia de jejum para mulheres com fatores de risco – idade igual ou superior a 35 anos, obesidade, parente de primeiro grau com diabetes, história prévia de diabetes gestacional, de macrossomia fetal, de óbito fetal de termo sem motivo esclarecido;
  • Mamografia para mulheres com 35 anos ou mais, pertencentes a grupos populacionais com risco elevado de desenvolver câncer de mama;
  • Sorologia para hepatite B (HBsAg e Anti-HBc) e para hepatite C (Anti-HCv) para mulheres com histórico clínico que indique a possibilidade de contaminação – esse histórico se refere às mulheres usuárias de drogas, com múltiplos parceiros, com histórico de doença sexualmente transmissível ou com histórico de transfusão de sangue.
  • Parcial de urina para identificar infecção.

Nota: De acordo com a portaria do Ministério da Saúde Nº 2.488, DE 21 de outubro de 2011 que aprova a Política de Atenção básica é atribuição específica do enfermeiro, conforme protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor municipal ou do Distrito Federal, observadas as disposições legais da profissão, realizar consulta de enfermagem e solicitar exames complementares.

Lembre-se da avaliação pré-concepcional do parceiro, incluindo VDRL e Anti-HIV e atualize o calendário vacinal:
  • vacina dupla adulto (tétano e difteria);
  • vacina contra a hepatite B (vacina recombinante) para não vacinadas anteriormente;
  • vacina com vírus vivo atenuado (tríplice viral: sarampo, caxumba e rubéola) deve ser realizada de preferência até 30 dias antes da gestação.

Palavra do Profissional
Em sua análise, todos os problemas encontrados devem ser analisados e, com base nos dados levantados, realize os cuidados e as orientações à mulher e familiares, considerando sua realidade, seu conhecimento e recursos que dispõe, conforme o seu plano de cuidados. E lembre-se de que todas as informações da consulta deverão ser registradas no prontuário da usuária do serviço e os cuidados e orientações mais importantes poderão ser redigidos em impresso específico e entregues à mulher e seu parceiro.

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