Atenção Pré-Concepção
b) Exame Físico
É importante ressaltar que, para muitas mulheres, esse pode ser seu primeiro contato com o sistema de saúde. Portanto, a oportunidade deve ser aproveitada para uma investigação de sua condição médica geral.
O exame físico deve ser completo, observando-se estado geral, peso, pressão arterial, palpação da tireoide, de todo o pescoço, região cervical e axilar, ausculta cardíaca e pulmonar, exame do abdômen e membros inferiores, pele e sistema musculoesquelético, seguindo o sentido céfalo-caudal.
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Palavra do Profissional |
Qualquer solicitação de exames deverá ser informada à mulher e ao parceiro. É nosso dever, como enfermeiros, ouvir e informar o casal.
O peso e a altura são determinantes para avaliar o índice de massa corporal. As gestantes com IMC acima de 25 kg/m apresentam com maior frequência malformações fetais, diabetes, pré-eclâmpsia e tromboembolismo, e neste caso o ideal seria uma dieta para perder peso antes da gestação. Por outro lado, IMC abaixo 20 kg/m, situação característica de baixo peso e desnutrição, aumenta a prevalência de anemia, parto prematuro e baixo peso do recém-nascido, impondo-se a necessidade de rever a dieta alimentar (SÃO PAULO, 2010).
c) Solicitação de Exames
Os exames laboratoriais na consulta pré-concepcional são utilizados para triagem, diagnóstico e aconselhamento diante do desejo do casal de engravidar. Quando bem utilizados e interpretados, auxiliam na identificação de condições que possam agravar a saúde da mulher e/ou do feto durante uma gestação. Da mesma forma, esta triagem identifica fatores de risco para doenças.
- Tipagem sanguínea e avaliação do fator Rh para prevenção da aloimunização Rh. Se a mulher for Rh negativo, solicitar pesquisa de anticorpos (Coombs indireto) e triagem sanguínea do parceiro;
- Hemograma completo para identificação de anormalidades hematimétricas;
- Sorologia para toxoplasmose com identificação de IgG e IgM. Em caso de mulheres suscetíveis, orientar profilaxia no sentido de evitar contato com fezes e secreções de felinos e a ingestão de carnes cruas;
- Sorologia para HIV e sífilis, sempre com aconselhamento e consentimento. Se houver sorologia positiva para sífilis, iniciar prontamente o tratamento da mulher e do parceiro e acompanhar clínico-laboratorialmente ambos. Em casos de sorologia positiva para o HIV, encaminhar para acompanhamento e tratamento, também incluindo cuidados com o parceiro. Independentemente de resultado, orientar todas as mulheres para a prática do sexo seguro, incentivando-as a utilizar preservativo;
- Sorologia para rubéola (em caso de dúvida quanto ao histórico vacinal). Se IgG negativo, indicar vacinação. A vacina contra a rubéola deve ser realizada pelo menos um mês antes de suspender a anticoncepção, embora alguns autores recomendem aguardar 90 dias. A colpocitologia oncológica, se tiver sido colhida há menos de três anos, para a identificação de neoplasia intraepitelial cervical ou câncer cérvico-uterino. Se forem identificadas alterações, dar prosseguimento à investigação;
- Avaliação de hepatite, solicitando HBsAg.
- Glicemia de jejum para mulheres com fatores de risco – idade igual ou superior a 35 anos, obesidade, parente de primeiro grau com diabetes, história prévia de diabetes gestacional, de macrossomia fetal, de óbito fetal de termo sem motivo esclarecido;
- Mamografia para mulheres com 35 anos ou mais, pertencentes a grupos populacionais com risco elevado de desenvolver câncer de mama;
- Sorologia para hepatite B (HBsAg e Anti-HBc) e para hepatite C (Anti-HCv) para mulheres com histórico clínico que indique a possibilidade de contaminação – esse histórico se refere às mulheres usuárias de drogas, com múltiplos parceiros, com histórico de doença sexualmente transmissível ou com histórico de transfusão de sangue.
- Parcial de urina para identificar infecção.
Nota: De acordo com a portaria do Ministério da Saúde Nº 2.488, DE 21 de outubro de 2011 que aprova a Política de Atenção básica é atribuição específica do enfermeiro, conforme protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor municipal ou do Distrito Federal, observadas as disposições legais da profissão, realizar consulta de enfermagem e solicitar exames complementares.
Lembre-se da avaliação pré-concepcional do parceiro, incluindo VDRL e Anti-HIV e atualize o calendário vacinal:
- vacina dupla adulto (tétano e difteria);
- vacina contra a hepatite B (vacina recombinante) para não vacinadas anteriormente;
- vacina com vírus vivo atenuado (tríplice viral: sarampo, caxumba e rubéola) deve ser realizada de preferência até 30 dias antes da gestação.
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Palavra do Profissional |
Em sua análise, todos os problemas encontrados devem ser analisados e, com base nos dados levantados, realize os cuidados e as orientações à mulher e familiares, considerando sua realidade, seu conhecimento e recursos que dispõe, conforme o seu plano de cuidados. E lembre-se de que todas as informações da consulta deverão ser registradas no prontuário da usuária do serviço e os cuidados e orientações mais importantes poderão ser redigidos em impresso específico e entregues à mulher e seu parceiro.
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