Veja a seguir a visita do Enfermeiro Marcos à família para falar sobre os cuidados com os doentes.
Observem que as famílias, além de conviverem com a condição crônica de um de seus membros, defrontam-se muitas vezes com diversos tipos de problemas, direta ou indiretamente vinculados ao seu modo de cuidar (FISHER et al., 2000).
Você concorda? Alguma vez você considerou o impacto da doença na estrutura familiar dos usuários de sua unidade de saúde? Já parou para pensar como a família se reorganiza diante de uma doença crônica de um de seus membros? Que tal explorarmos algumas dessas situações? Você sabia que um dos problemas mais frequentes vivenciados pelas famílias é a dificuldade financeira?
Constata-se que a situação econômica pode ser agravada quando envolve a condição crônica, por dois fatores: os custos elevados do tratamento continuado e as limitações impostas pela doença e tratamento na atividade laboral.
As situações sociais próprias da realidade brasileira (como desemprego, baixa renda, condições precárias de moradia, alcoolismo, violência, entre outros) podem ser também fatores agravantes para as doenças crônicas. Estes fatores contribuem para intensificar desequilíbrios e refletem diretamente na vida do usuário.
Alguma vez você precisou acionar o serviço social por problemas financeiros detectados num núcleo familiar? Já orientou algum indivíduo sobre a solicitação de auxílio junto à Previdência de modo a garantir a continuidade do tratamento? Lembre-se de que dificuldades de ordem social também são vivenciadas pelas famílias de usuários com condições crônicas.
A dificuldade de acesso aos serviços de saúde, tanto pelo distanciamento geográfico entre a residência e a unidade de atendimento mais próxima quanto pelo número de consultas disponibilizadas, infraestrutura e recursos disponíveis pelas unidades de saúde, faz com que, muitas vezes, os usuários retornem para casa sem atendimento ou sem o devido seguimento e sistematização da assistência que as doenças crônicas exigem.
Outra dificuldade reside no fato de que as famílias podem enfrentar problemas de cunho cultural, técnicos e relacionados à falta de orientação, precisando assim, com frequência, de ajuda profissional.
Estas situações implicam na possibilidade de nos depararmos com famílias que apresentem dificuldades até mesmo cognitivas. Para efeito de ilustração, existem usuários que não conseguem organizar os horários dos medicamentos, sendo necessárias algumas estratégias propostas pelos profissionais, tais como o uso de símbolos como o sol e a lua, ou outros, que indiquem os horários de tomada dos medicamentos.
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Além de evidenciar as dificuldades enfrentadas pelas famílias em seu cotidiano, como apresentado anteriormente, ressaltamos novamente que a família desempenha papel fundamental na manutenção e controle da saúde de seus membros, principalmente no caso da ocorrência da condição crônica no seio familiar, pois a ela cabe arcar com a continuidade do cuidado ao usuário no seu processo de viver e adoecer.
Cabe aqui pensarmos no fator hereditariedade, já discutido em unidades anteriores, como um dos fatores de risco para o surgimento da doença. Desta forma, pensar na educação dos usuários com hipertensão e diabetes pode favorecer a aquisição de hábitos saudáveis na família.
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Entretanto, apesar de se atribuir à família o cuidado à saúde de seus membros, isto quase sempre ocorre sem que lhe sejam fornecidos os recursos e condições necessários. Isto dificulta que ela assuma com responsabilidade a sua parcela no processo de cuidar, o que muitas vezes pode trazer prejuízos para o seu bem-estar físico ou mental, decorrentes, por exemplo, do aumento dos custos e das responsabilidades.
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