Módulo 7: Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes Mellitus (DM)
Unidade 3: Aspectos culturais e psicossociais do viver com doença crônica e a inserção da família como unidade de suporte ao cuidado em DCNT

Aspectos culturais e psicossociais do viver com doença crônica
A Família como unidade de suporte ao cuidado

Suporte familiar

Poucos são os profissionais de saúde que abordam aspectos benéficos do cuidado relacionados aos sentimentos de recompensa, amor, orgulho e satisfação. Outra questão interessante, quando consideramos a família como unidade de suporte, consiste em reconhecer que os costumes sobre as práticas de saúde, os valores, as percepções em relação à doença e ao tratamento são pensados de maneira diferente pelos usuários, familiares e pelos profissionais de saúde.

Para compreender melhor o exposto, vamos retomar as características culturais e psicossociais presentes no seio familiar que interferem no enfrentamento das doenças. Tomaremos como exemplo a questão da alimentação.

Clique na animação para ver.

Percebeu como é complexo considerar as características culturais e psicossociais presentes no seio familiar na experiência do adoecimento? Sugerimos que você faça um exercício reflexivo, buscando elementos da sua prática diária que sustentem tais características. Registre na ferramenta Destaque de Conteúdo.

Precisamos atentar que, nos determinantes culturais, a televisão apresenta-se como uma forte influência como transmissora de informações, propagando modos de ser e de estar no mundo.

Ainda no que se refere aos costumes, mencionamos também as terapias complementares, tais como o uso tradicional de chás, cujas informações passam de geração para geração.

Que tal listar outras terapias complementares utilizadas ou referidas pelos usuários no seu contexto? Registre na ferramenta Destaque de Conteúdo.

O cuidado pode ser revelado por meio de expressões, ações, padrões, estilos de vida e sentidos diferentes. Desse modo, o cuidado cultural pode ser definido como:

[...] os valores, as crenças e os modos de vida padronizados aprendidos, subjetiva e objetivamente, e transmitidos, que auxiliam, sustentam, facilitam ou capacitam outro individuo ou grupo a manter seu bem-estar, saúde, melhorar sua condição humana e seu modo de vida ou lidar com a doença, a deficiência ou a morte (LEININGER, 1985).

Palavra do Profissional
O olhar da autora converge com o que discutimos até agora e aponta a necessidade da enfermagem conhecer o universo cultural dos usuários e suas respectivas famílias, para que possa compreender as variações no cuidado à saúde e assim elaborar e implementar um cuidado que atenda às reais necessidades do usuário e de sua família na rede de atenção em DCNT.

Neste sentido, o processo de cuidar e ser cuidado é permeado pelas concepções de vida, saúde, doença e cuidado dos indivíduos, sendo influenciado pelas relações familiares e sociais. Nesta linha de pensamento, a análise das práticas de cuidado da família ao indivíduo com doença crônica revela as regras e os procedimentos sobre as suas concepções de cuidado.

Considerando as concepções de cuidado, você consegue compreender como é difícil atingir alguns objetivos em saúde quando o próprio usuário e a família não assimilaram o seu processo de adoecimento? Tomando como exemplo um usuário com hipertensão arterial, como fazer para que ele incorpore novas práticas se ele não experimenta nenhum desconforto?

É importante assumirmos que, muitas vezes, a busca do atendimento pelos usuários e familiares ocorre apenas na presença de sinais e sintomas da doença. Isto explica a dificuldade das ações preventivas em saúde, uma vez que a procura pelos serviços é em decorrência de sinais e sintomas já manifestados.

Você já pensou que para algumas pessoas as consequências da doença podem ser percebidas como aspectos inerentes à jornada da vida? Por exemplo, uma pessoa pode entender que as complicações renais decorrentes da hipertensão arterial vão acontecer, independente de seguir corretamente o tratamento ou não.

Outra questão interessante é equacionar as expectativas. O que representa o estado de saúde para o usuário sob meus cuidados? Será que os objetivos estipulados no plano de cuidados são compartilhados? Eles atendem às expectativas do usuário ou do próprio enfermeiro?

O enfermeiro deve ter clareza na definição das intervenções em DCNT, individuais e coletivas, considerando os aspectos culturais e psicossociais, e a família como suporte para o cuidado.

Não podemos ignorar que o “completo bem-estar”, que define saúde, pode variar consideravelmente de acordo com características individuais, temporais e espaciais. Cada indivíduo elabora a própria maneira de viver de acordo com a cultura e com os meios a que pertence.