Módulo 8: Linhas de Cuidado: Oncologia - (Câncer de Mama, Câncer do Colo do Útero e Tumores da Próstata)
Unidade 2: Atuação interdisciplinar na atenção à pessoa com câncer de mama, câncer de colo do útero e câncer de próstata.

– Conceituando e compreendendo a interdisciplinaridade

Atuação interdisciplinar

A complexidade do ser humano, suas necessidades de saúde e as múltiplas possibilidades de cuidados à saúde disponíveis na atualidade afirmam diariamente que a atenção à saúde não é de competência de um profissional, mas de toda equipe.

Cada pessoa deve ser considerada, bio, psico e social, de modo interdependente e inter-relacionado. A natureza humana mantém intercâmbios contínuos com o meio em que vive num constante esforço de adaptação às novas condições que se modificam na trajetória de vida. Neste ínterim, profissionais de áreas diversas, representantes de várias ciências, integram equipes de saúde, tendo como enfoque a totalidade dos aspectos inter-relacionados à saúde e à doença. Logo, a atuação em equipe é a possibilidade de colaboração de várias especialidades que denotam conhecimentos e qualificações distintas na abordagem biopsicossocial. No entanto, este mesmo aspecto pode dificultar a compreensão mútua e a possibilidade de uma tarefa uniforme, pelas diferenças próprias de cada área, tanto no nível do conhecimento em si, como da própria tarefa (GIMENES; CARVALHO-MAGUI; CARVALHO, 2000).

Conscientes da necessidade da atuação em equipe, dos diversos profissionais colaboradores na atenção à saúde, numa ação integrada (interdisciplinaridade) e não fragmentada (multidisciplinaridade), discutiremos na sequencia o que é interdisciplinaridade.

Palavra de Profissional
Vamos começar pela interdisciplinaridade na atenção à saúde, sua importância na atenção oncológica no cuidado às pessoas com diagnóstico de câncer de mama, colo do útero e de próstata.

O processo de trabalho em saúde, apesar de organizado a partir da prática de distintos profissionais, é marcado pela determinação de ações que, muitas vezes, mantêm a fragmentação dos cuidados (MENOSSI; LIMA; CORRÊA, 2008) por meio da prática multiprofissional.

A associação de disciplinas com um objetivo comum, sem que cada uma tenha que modificar significativamente sua maneira de compreender as coisas, chamamos de interdisciplinaridade. Com a interdisciplinaridade adota-se uma visão de totalidade, considerando o tempo, o espaço e o contexto (social, ético, político, econômico e outros) que constituem o real, num movimento dialético, complexo, considerando as múltiplas determinações.

A interdisciplinaridade permite percebermos as interações e ligações entre os fenômenos e considera a irredutibilidade e complexidade do ser e do viver humano.

A atuação interdisciplinar, nas equipes de saúde e de Enfermagem, expressa uma prática de inter-relação e interação entre as diversas disciplinas, articulando os conhecimentos, num constante ir e vir para resolução dos problemas ou alcance dos objetivos e, consequentemente, ampliando as fronteiras disciplinares. Implica em reflexão-ação-reflexão. Esse constante construir, desconstruir e reconstruir pode contribuir para a evolução e inovação da Enfermagem como conhecimento e profissão (MEIRELLES; ERDMANN, 2005).

A dimensão humana integral se perde em meio à desarticulação das chamadas dimensões biológica, psicológica e social.

Reflita um pouco mais sobre este tema, acessando a animação a seguir:

Para a concretização de uma proposta de trabalho pautada em um eixo interdisciplinar, emerge a noção de estratégia. Essa noção é oposta a de programa. Enquanto em um programa é pré-determinada uma sequencia de ações, cujo funcionamento depende de circunstâncias que permitem o seu cumprimento, a estratégia leva em consideração o inesperado, o novo, no sentido de modificar ou enriquecer sua ação. Dessa forma, se as circunstâncias são adversas o programa fracassa. Uma estratégia, ao contrário, aproveita-se das novas circunstâncias para construir novos cenários (MORIN, 2001b).

Cabe ainda ressaltar que construir a interdisciplinaridade implica também em lidar com a complexidade das relações humanas que se desenvolvem na situação de trabalho grupal.

No entanto, ao mesmo tempo em que o trabalho grupal pode ter significativo potencial criativo, é possível a emergência de processos que impedem a troca saudável de modos de pensar, ser e agir (MENOSSI; LIMA; CORRÊA, 2008).