Módulo 8: Linhas de Cuidado: Oncologia - (Câncer de Mama, Câncer do Colo do Útero e Tumores da Próstata)
Unidade 3: A inserção da família, aspectos culturais e psicossociais do viver com câncer.

Atuação com a família
Sobrevivência ao câncer, reabilitação e (re)inserção social
Direitos sociais da pessoa com câncer

A família como sistema e cuidadora

A família é a grande unidade cuidadora, tanto nos momentos de saúde como nos momentos de doenças.

De acordo com Tavares e Trad (2009), os cuidados oferecidos às pessoas com câncer foram divididos em cinco categorias, acompanhe na animação a seguir:

Nas famílias com pessoas com diagnóstico de câncer, geralmente um membro assume o papel de cuidador principal. A função de cuidador da família concretiza-se através de uma missão de proteção e socialização dos indivíduos.

É importante observar que as relações familiares normalmente ficam abaladas após o aparecimento da doença. Quando a estrutura familiar é sólida, a união surge e traz à tona sentimentos de carinho, cuidado, atenção, respeito e amor, que podem estar esquecidos ou pouco demonstrados. Entretanto, essa forma positiva de influência familiar pode não estar presente em todos os casos (RIBEIRO; SOUZA, 2010).

O cotidiano do cuidador familiar é diretamente influenciado pela demanda de cuidados e necessidades com a saúde da pessoa doente, o que consequentemente pode alterar sua qualidade de vida.

Tanto o comprometimento psicobiológico da doença como o estigma ainda presente nesta podem privar o cuidador de sua sociabilidade cotidiana e interromper o curso normal da vida para os enfermos e seus familiares (SALES et al., 2010).

O cuidado diário é exaustivo; a sobrecarga que o cuidador tem, com sua estafante e estressora atividade de cuidados diários e ininterruptos, requer que o diagnóstico e as intervenções de enfermagem abranjam a orientação para:

• Os fazeres e cuidados.
• A compreensão da doença e tratamentos.
• O envolvimento de outros familiares para o revezamento dos cuidados.
• O suporte de apoio às necessidades emergenciais.
• A hospitalização, quando da necessidade da pessoa doente ou do próprio cuidador para um período de descanso.

Vale lembrar que a hospitalização também representa o momento de ensino e aprendizagem para o cuidado (RIBEIRO; SOUZA, 2010).

Ressalta-se ainda que o comportamento e as necessidades do cuidador familiar se manifestam no período de adoecimento da pessoa com câncer, desde o diagnóstico, passando pelo tratamento inicial, recidiva da doença, novo tratamento, sucessivas internações até o encaminhamento para os cuidados paliativos. Essa etapa final, em geral, é árdua e penosa, ainda que motivada pela esperança de cura, mas também com desilusões, sofrimentos e importante carga de trabalho dispensada à pessoa.

Estas vivências tendem a se intensificar com a evolução da doença (RIBEIRO; SOUZA, 2010). Cabe à equipe de saúde e em especial aos enfermeiros dirigir a atenção profissional também ao familiar.

O enfermeiro é o profissional que está mais próximo do cuidador e da pessoa com diagnóstico de câncer, portanto, é do enfermeiro que se espera a atenção ao cuidador.

Tanto os enfermeiros da área hospitalar e especialidades quanto da atenção básica devem considerar o cuidador familiar como foco do cuidado domiciliar (SILVA; SILVA; CAMPOS, 2007). Ainda, as famílias assumem parcela significativa de responsabilidade para preservar a vida do doente, de maneira adequada as suas próprias possibilidades, aos seus padrões culturais, às necessidades particulares de cada indivíduo e às condições do meio em que vivem. Logo, conhecer a funcionalidade familiar é prerrogativa para a qualidade do cuidado e a satisfação do cuidador e da pessoa com DCNT (MARTINI et al., 2007; PAVARINI et al., 2006).

Palavra de Profissional
Você considera que a participação da pessoa com DCNT nas decisões e soluções de problemas da família pode tornar-se reduzida? Há perda de autonomia e da liberdade nas decisões? Já pensou a respeito? Então vamos entender melhor como isso acontece.

• Reestruturação familiar e redefinição de papéis, o que nem sempre é vivenciado como bom.
• Experiência de fragmentação e perda de autonomia sobre o próprio corpo.
• Uma funcionalidade familiar na qual os familiares se concentram de modo excessivo no cuidado com a pessoa doente relegando aspectos biopsicossociais da vida familiar e elegendo o cuidador principal daquele indivíduo.

Perda da autonomia nas práticas cotidianas ou nas resoluções de problemas familiares e domésticos e perda do espaço individual dos sujeitos (não há momentos de reserva e de isolamento). (ARAÚJO, PAÚL, MARTINS, 2011).

Saiba Mais
Para compreender melhor este tema recomendamos a leitura de dois artigos:

ARAÚJO, I.; PAÚL, C.; MARTINS, M. Viver com mais idade em contexto familiar: dependência no autocuidado. Rev. Esc. Enferm. USP. São Paulo, v. 45, n. 4. ago. 2011. : Clique aqui e confira.

DUARTE, Y. A. O. Família: rede de suporte ou fator estressor. A ótica de idosos e cuidadores familiares. Tese (Doutorado). São Paulo. Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem, São Paulo, 2001. Clique aqui e confira.

Acompanhe na próxima página uma reflexão sobre o estigma do câncer.