A autoestima é conceituada como uma tendência relativamente estável de sentir-se bem ou sentir-se mal consigo mesmo. Quando ela é positiva, expressa o sentimento do indivíduo em considerar-se bom o suficiente e capaz, sem necessariamente sentir-se superior aos outros. Todavia, quando é negativa, implica em autorrejeição, insatisfação e desprezo consigo próprio, levando o indivíduo a desejar a invisibilidade aos olhos dos demais. O nível de aceitação ou rejeição em relação a si mesmo constitui um fenômeno de aprendizagem que abrange toda a existência pessoal e durante o adoecimento manifesta-se com maior intensidade (GNATTA et al., 2011).
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Palavra de Profissional |
A imagem corporal negativa pode ser consequente a uma cirurgia mutiladora e efeitos secundários devastadores da terapêutica, como por exemplo, a alopecia ocasionada pela quimioterapia e radioterapia, e a independência anteriormente vivenciada e no momento do tratamento muitas vezes perdida, seja a perda da independência física, psicológica ou até mesmo econômica.
Neste contexto, exemplificamos o caso das mulheres mastectomizadas. A remoção da mama e as terapias adjuvantes contribuem para o desenvolvimento de complicações físicas e transtornos psicológicos, que podem influenciar negativamente a qualidade de vida. Após a mastectomia, a ausência da mama altera a imagem corporal da mulher, produz sensação de mutilação e perda da feminilidade e sensualidade. Na tentativa de reduzir os sentimentos negativos desencadeados pela doença e seu tratamento, melhorar a autoestima, suprir a falta da mama e facilitar o vestuário, muitas mulheres buscam a reconstrução cirúrgica da mama. No entanto, realizar este procedimento pelo sistema público de saúde exige persistência e paciência (OLIVEIRA; MORAIS; SARIAN, 2010; ROSA, 2011). Esta dificuldade acaba influenciando na diminuição da autoestima.
A imagem corporal pode ser compreendida por três elementos: o modo pelo qual percebemos e sentimos o nosso corpo (realidade do corpo), como o nosso corpo responde ao nosso comando (apresentação do corpo) e o padrão internalizado pelo qual os dois aspectos anteriores são julgados (ideal de corpo) (PEDROLO; ZAGO, 2000).
A imagem corporal alterada é definida como sendo qualquer alteração significativa na imagem corporal que ocorre fora dos domínios do desenvolvimento. Entretanto, a definição de nova imagem pela pessoa com câncer dependerá das suas experiências, da sua adaptação a ela e da imagem corporal normal. A adaptação à imagem corporal alterada é tanto mais fácil quanto mais flexível for a personalidade da pessoa (PEDROLO; ZAGO, 2000).
Veremos agora alguns aspectos sobre a imagem corporal da mulher com câncer de mama ou com colo do útero e do homem com câncer de próstata.
Para compreendermos as necessidades de cuidados das mulheres com câncer de mama, precisamos primeiramente entender que a mama, na sociedade, é símbolo sexual, de feminilidade, de fertilidade, de sensualidade. Clique na animação para compreender melhor esta complexidade.
Por sua vez, as cirurgias e tratamentos do câncer de colo de útero também ameaçam a sexualidade da mulher e a sua feminilidade. O tratamento do câncer de colo de útero causa flutuações na autoestima e na imagem corporal. O ciclo sexual feminino é afetado se o tratamento lesionar a região e a estrutura nervosa do clitóris ou da vagina. A ressecção cirúrgica ou a radioterapia (teleterapia e braquiterapia) podem alterar a função sexual e a aparência da região externa. As intervenções de enfermagem devem se adequar principalmente ao tipo de cirurgia e ao controle da toxicidade decorrente da radioterapia, bem como às consequências psicológicas enfrentadas pela mulher e por seu companheiro (LANGHORNE; FULTON; OTTO, 2007).
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O câncer de próstata pode levar a uma alteração temporária ou permanente em relação à ereção e à ejaculação. A orientação e os cuidados ao homem e a sua companheira são essenciais para promover o ajustamento e a reabilitação sexual (LANGHORNE; FULTON; OTTO, 2007).
A cirurgia do câncer de próstata causa impacto definitivo na sexualidade masculina, dependendo da sua extensão. O avanço das técnicas cirúrgicas vem permitindo a manutenção da ereção masculina. Já a radioterapia pode causar fibrose das artérias pélvicas e a impotência erétil. A hormonioterapia também pode causar efeitos colaterais na função sexual (LANGHORNE; FULTON; OTTO, 2007).
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Saiba Mais |
Abordamos neste estudo que você será capaz de compreender as mudanças ocasionadas pelo câncer no cotidiano da vida da pessoa com diagnóstico de câncer e sua família; a família como sistema e como cuidadora; o estigma do câncer; as fases psicológicas do câncer; a influência do câncer na sexualidade, na imagem corporal e na autoestima da pessoa.