O rastreamento do câncer do colo do útero representa um processo complexo em múltiplas etapas: aplicação do exame de rastreamento, identificação dos casos positivos (suspeitos de lesão precursora ou câncer), confirmação diagnóstica e tratamento.
A realização periódica do exame citopatológico continua sendo a estratégia mais adotada para o rastreamento do câncer do colo do útero (WHO, 2007). Atingir alta cobertura da população definida como alvo é o componente mais importante no âmbito da atenção primária para que se obtenha significativa redução da incidência e da mortalidade por câncer do colo do útero. Países com cobertura superior a 50% do exame citopatológico realizado a cada três a cinco anos apresentam taxas inferiores a três mortes por 100 mil mulheres por ano e para aqueles com cobertura superior a 70%, essa taxa é igual ou menor que duas mortes por 100 mil mulheres por ano (ANTTILA et al., 2009; ARBYN et al., 2009).
O principal método e o mais amplamente utilizado para rastreamento de câncer do colo do útero é o teste de Papanicolau (exame colpocitopatológico do colo do útero) para detecção das lesões precursoras. O que precisamos saber sobre a realização do Papanicolau?
• Quando fazer o exame: segundo as diretrizes brasileiras, o exame deve ser disponibilizado às mulheres com vida sexual ativa, prioritariamente àquelas na faixa etária entre 25-64 anos, definida como população-alvo (BRASIL, 2010b; BRASIL, 2011a).
• Intervalo: a rotina preconizada no rastreamento brasileiro é a repetição do exame a cada três anos, após dois exames normais consecutivos no intervalo de um ano. A realização do exame pode ser interrompida após os 64 anos, quando as mulheres tiverem pelo menos dois exames negativos consecutivos nos últimos cinco anos. Existem casos particulares como mulheres portadoras do vírus HIV ou imunodeprimidas, estas devem realizar o exame anualmente. Por outro lado, não devem ser incluídas no rastreamento as mulheres histerectomizadas (BRASIL, 2010b; BRASIL, 2011a).
| Saiba Mais |
Amostras insatisfatórias exigem que o exame seja repetido. Outra questão interessante em relação ao teste de Papanicolaou é que ele requer uma estrutura de laboratório (com controle de qualidade interno e externo), treinamento de alta qualidade e educação continuada dos profissionais para garantir a eficiência e um sistema de comunicação dos resultados para a mulher. Falhas em algumas dessas áreas significam comprometimentos do rastreamento. Pense nisso!
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Sobre o câncer de colo do útero, vamos conferir o fluxo de atendimento nos diferentes níveis de atenção à saúde. Acompanhe na animação a seguir:
Essas atribuições fazem parte da sua rotina? Reflita um pouco, pense nos fatores impeditivos e na possibilidade de incorporá-las e, caso não as faça, tente introduzi-las no seu dia a dia!
II) Rede de atenção secundária
Cabe às Unidades Ambulatoriais Especializadas:
• Contar com profissionais especialistas e todo material necessário para esclarecimento diagnóstico como colposcopia (nas mulheres com NIC I persistente, NIC II, NIC III ou com margens comprometidas), biópsia excisional (CAF- Cirurgia de Alta Frequência) e biópsia diagnóstica conforme indicação.
• Fazer o seguimento dos casos com diagnóstico de lesões de alto grau e assumir o seguimento dos casos de câncer referenciados pelo nível terciário após 5 anos de seguimento livre de doença e referenciar para o terciário quando suspeita de recidiva ou metástase.
• Contar com hospital geral para tratamento das lesões precursoras inclusive as que necessitem de intervenções cirúrgicas para esclarecimento diagnóstico como conizações, realização de histerectomia, assim como atendimento de intercorrências em cuidados paliativos que não necessitam de atendimento em hospitais terciários.
• Coadjuvar na capacitação da rede básica com ênfase em rastreamento, formação de gestores do cuidado oncológico e cuidados paliativos (FUNCAMP, 2008).
Agora clique na animação para ver o que cabe a Rede de atenção terciária
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