As discussões sobre os problemas da morte no ambiente hospitalar ganharam força e tornaram-se mais frequentes a partir do final da década de 90, do século XX. Período em que surgem discursos sobre uma nova modalidade assistencial, como uma reação à Medicina tecnicista, passando a circular e compondo um saber que pretendia lidar com a morte de outro modo: os Cuidados Paliativos (CP). Essa filosofia assistencial originou-se no Reino Unido, na década de 1960, a partir da criação do St. Christhopher Hospice, em Londres, pela médica, enfermeira e assistente social Cicely Saunders. Cicely, com o intuito de organizar um campo de conhecimentos e práticas voltado para uma assistência humanizada no período que precede a morte, teria criado a filosofia hospice (ARAÚJO; SILVA, 2007).
Em 2002, a Organização Mundial da Saúde estabeleceu que os Cuidados Paliativos configuram-se em uma abordagem que melhora a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares frente a problemas associados à doença terminal, através da prevenção e alívio do sofrimento, identificando, avaliando e tratando a dor e outros problemas, físicos, psicossociais e espirituais (WHO, 2002).
Tenha em mente que a filosofia dos CP é diferente do tratamento curativo. A noção primeira é dar atenção ao doente, e não à doença. Nesse sentido, requer uma abordagem multiprofissional que possa encorajar e ajudar o paciente a aproveitar o melhor que a vida lhe proporciona a cada dia, tratando-lhe de forma respeitosa, respondendo às suas necessidades e aceitando-o com seus valores, crenças e hábitos.
Lembre-se que a hospitalização destes pacientes faz-se necessária quando a família não pode mais cuidar adequadamente do doente, devido à sua dependência total, a qual durará por um período prolongado ou, na maioria dos casos, quando os familiares não suportam assistir ao sofrimento de seu ente querido.
Dessa forma, os hospitais costumam oferecer a prestação de cuidados básicos a esses pacientes e aos seus familiares, não se atentando às suas angústias, ao seu sofrimento, desconsideram que o paciente está à procura de uma boa morte, com dignidade, respeito e sem dor. Logo, devido à necessidade de um cuidado diferenciado, foram criados em todo o mundo locais específicos que acolhem esses pacientes (KRUSE et al, 2007).
Nessa direção, ainda que tenha havido enorme expansão dos programas relacionados aos CP em unidades hospitalares, nem todos os hospitais têm unidades especializadas nestes cuidados. Ou seja, é pressuposto que os profissionais de saúde, de modo geral, desconhecem e não aplicam essa filosofia de trabalho e que as instituições de saúde não dispõem de estrutura física para a inserção de um Núcleo de CP. A criação de uma unidade especialmente organizada e preparada para receber pacientes em fase terminal já indica uma lógica diferente daquela que ordena os demais espaços hospitalares, das especialidades médicas e da disponibilidade tecnológica.
Veja que a lógica se desloca da cura para o objetivo do conforto e para a qualidade das relações estabelecidas entre a equipe e paciente/família. Esta lógica deve se expressar em todas as configurações estruturais, organizacionais e, destacadamente, no preparo da equipe.
Você aprendeu aqui sobre os princípios fundamentais dos Cuidados Paliativos (CP) de saúde em pacientes portadores de DCNT. Conheceu ainda alguns domínios considerados na avaliação dos Cuidados Paliativos. Esperamos que com esse aprendizado, você possa aprimorar suas atividades diárias! Até breve!