Todos esses fatores devem ser levados em conta na avaliação e classificação de riscos no cuidado de enfermagem direcionado à saúde da mulher. O enfermeiro se depara, na sua prática assistencial, com um quadro de saúde que envolve grande complexidade na saúde da mulher. Devem ser levados em conta os vários determinantes sociais implicados na saúde. E quando falamos em determinantes sociais em saúde, precisamos deixar claro o significado deste conceito. Os determinantes sociais de saúde (SDH) são condições sociais em que as pessoas vivem e trabalham, ou, conforme no dizer de Tarlov (1996, p. 73), "são as características sociais dentro das quais a vida transcorre”.
Não temos aqui a pretensão de aprofundar as reflexões relacionadas aos determinantes sociais em saúde, mesmo porque já foram discutidas em módulos anteriores, mas consideramos de fundamental importância resgatar alguns de seus elementos, devido as suas implicações na avaliação e classificação de riscos em saúde da mulher. Portanto, a atenção integral à saúde da mulher e os riscos a sua saúde são compreendidos a partir de uma percepção ampliada de seu contexto de vida, mas também considerando sua singularidade e suas condições como sujeito capaz e responsável por suas escolhas. É sob essa perspectiva que estaremos abordando a Saúde da Mulher e seus determinantes podem ser representados graficamente como podemos ver na figura a seguir:
Determinantes Sociais de Saúde
Fonte: DAHLGREN, G.; WHITEHEAD, M. Policies an strategies to promote social equity in health. Stockolm: Institute for Future Studies, 1991.
Deste modo, a avaliação dos riscos à saúde da mulher inclui uma multiplicidade de fatores, tais como: econômicos, sociais, políticos, culturais e simbólicos, que traduzem as maneiras como cada sociedade e grupo social compreendem as condições de saúde e doença e as modalidades de cuidado socialmente legitimadas (FLEURY, 2009).
Considerando as transformações nos determinantes sociais das doenças no Brasil nas três últimas décadas, algumas doenças emergentes como a AIDS, o problema da violência e as doenças cardiovasculares coexistem com doenças com forte impacto sobre o perfil de mortalidade. Temos como exemplo o carcinoma de colo de útero e de mama e, ainda, morbimortalidade devida a complicações da gravidez, parto e puerpério, decorrentes de intervenções, ou omissões, tratamento incorreto ou de uma cadeia de eventos resultantes de qualquer dessas causas. inserir imagem
Estas complicações são de causas denominadas obstétricas diretas e na sua maioria são evitáveis, desde que haja uma assistência adequada, segura e de qualidade, e que sejam observadas as diretrizes propostas pelo Ministério da Saúde. A mortalidade materna é uma das mais graves violações dos direitos humanos das mulheres, por ser uma tragédia evitável em 92% dos casos com atenção à saúde precoce e de qualidade (BRASIL, 2009b; VICTORA et al., 2011).
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