Módulo 7: Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
Unidade 2: Cuidado em Atenção Psicossocial.

Dimensões do cuidado na Atenção Psicossocial
Processo de trabalho: núcleo e campo no trabalho interdisciplinar
O Enfermeiro nas equipes de atenção

Introdução

Ao final deste estudo o aluno será capaz de apreender e efetivar as dimensões do cuidado na atenção psicossocial.

Dimensões do cuidado na Atenção Psicossocial

Ao estudarmos os seres humanos nos deparamos com indivíduos multidimensionais e complexos (MORIN, 2006a), o que contempla os aspectos biológico, psíquico, social, afetivo e racional. São seres que trazem em si sua individualidade/coletividade, autonomia/dependência/ interdependência, que convivem culturalmente com regras, normas, proibições, estratégias, crenças, ideias, valores e mitos, mas que também convivem com desregramentos, pertencentes a uma sociedade que comporta as dimensões histórica, econômica, sociológica e religiosa.

Porém, muitas vezes quando realizamos o cuidado, damos atenção apenas aos órgãos, patologias, sinais e sintomas clínicos e, com isso, a relação e interação entre as pessoas ficam prejudicadas (BAGGIO; CALLEGARO; ERDMANN, 2009).

Espera-se que o cuidado seja voltado não só para visão biológica e biomédica, mas que integre as diversas unidades e multiplicidades dos seres. As ações dos profissionais de saúde precisam ser eficazes, contudo, precisam valorizar também a subjetividade do ser humano (BAGGIO; CALLEGARO; ERDMANN, 2009).

Nesta perspectiva, o cuidado também possui várias dimensões a serem consideradas para atender às diferentes necessidades do indivíduo. São estas dimensões que norteiam todo o planejamento deste cuidado, sendo de fundamental importância tanto na atualização das políticas públicas de saúde da atenção psicossocial, quanto na qualificação de profissionais atuantes na área. (BAGGIO; CALLEGARO; ERDMANN, 2009).

Discutirmos as dimensões do cuidado na atenção psicossocial não é simples, pois este campo vem se (re) construindo diante das transformações ocorridas pelas tensões entre os paradigmas manicomial e psicossocial (WETZEL et al., 2011). Na ótica do paradigma manicomial, o indivíduo era visto como uma “doença mental” que ameaçava a sociedade oferecia risco à sua integridade e do grupo que o cercava. Ele devia ser excluído do convívio social, tendo como única forma de tratamento a internação (ROTELLI, 1990). Já na proposição do paradigma psicossocial, o indivíduo é considerado uma pessoa com transtorno mental e pertencente a um grupo social (família e/ou comunidade), em que são consideradas as dimensões biopsicosocioculturais na atenção em saúde mental (COSTA-ROSA, 2000).

Palavra de Profissional
A partir de Morin (2000), entende-se o conceito Biopsicosociocultural com uma nova forma de perceber o ser humano, em sua complexidade (vida, linguagem, sociedade e aspectos culturais) e sua interligação com o mundo.

Na página a seguir, continuaremos tratando sobre este tema. Acompanhe!