Com o advento da Reforma Psiquiátrica Brasileira, o cuidado deixa de ser pautado na internação e exclusão dos indivíduos e passa a construir práticas de cuidados voltados às pessoas com transtornos, a partir de serviços de atendimento comunitário que contemplem a vida concreta dos sujeitos (AMARANTE, 1996). Durantes as ações devemos atentar para não transformar as pessoas em objeto, incapaz de estabelecer relações com o outro, e sim considerar todas as suas dimensões, levando em conta suas alterações de comportamento e estado de saúde, contexto cultural e convívio social (WETZEL et al., 2011).
A mudança do foco, do transtorno mental para o indivíduo, permite o desenvolvimento de novos saberes e práticas no campo da psiquiatria e saúde mental, com atuação em diferentes pontos de atenção e profissionais de saúde, ocasionando a desconstrução do modelo manicomial e fortalecimento do modelo de reabilitação psicossocial voltado para serviços comunitários (WETZEL et al., 2011).
Desse modo, o processo de trabalho em saúde é caracterizado pela ação de cuidar, que deve ser oferecida à população através de instrumentos que incluam modo, meios e recursos utilizados numa determinada atividade. Entendemos que o cuidado em saúde mental se baseia em algumas premissas (ALVES, 2004), veja na animação a seguir:
Cada situação está dentro de uma singularidade e o objetivo é proporcionar a autonomia: O cuidado em saúde mental para pessoas em sofrimento psíquico grave tem como desafio o aumento do poder de contratualidade e de trocas sociais. A qualidade do cuidado é a incorporação permanente do papel de agenciador. Vale a premissa contrária de encaminhar simplesmente, o que vale é o princípio da tomada de responsabilidade e a mediação das relações do sujeito com a vida.
O cuidado em saúde considera o potencial emancipatório a partir do momento que se é capaz de ajudar os sujeitos envolvidos na relação terapêutica a construírem projetos singulares que contribuam para a melhoria da qualidade de vida (AMARANTE; 2003).
Além disso, é essencial compreender e reconhecer a subjetividade? Para o desenvolvimento da enfermagem e processo de cuidado mais humanizado. Este reconhecimento implica compreender as dimensões do cuidado de enfermagem, como a instrumental e a expressiva (PERSEGONA; LACERDA; ZAGONE, 2007).
As dimensões instrumentais e expressivas do cuidado de enfermagem possuem características peculiares que, ao mesmo tempo, as tornam diferentes entre si, mas que juntas contribuem com a prática profissional do enfermeiro. Mesmo diferentes, podem ser articuladas, complementando-se de acordo com as necessidades observadas e expressadas pelo outro, numa relação recíproca e única, como a compreensão do ser humano como corpo, mente e espírito (PERSEGONA; LACERDA; ZAGONE, 2007).
A dimensão instrumental do cuidado é caracterizada pelas ações físicas desempenhadas, relacionadas a papéis que atendam às expectativas sociais, que incluem processos de cuidar baseados nos saberes e fazeres. Diferentemente desta, a dimensão expressiva do cuidado de enfermagem é de natureza emocional, que resulta de interações que permitem ao outro ser humano expressar seus sentimentos relacionados à experiência ou vivência, incluindo a intuição e a expressão da subjetividade (ROY; ANDREWS 2001).
Estas duas dimensões do cuidado são consideradas componentes importantes no julgamento clínico e na tomada de decisões. Elas podem resultar, portanto, em uma melhoria da qualidade das ações de enfermagem na medida em que são reconhecidas e valoradas. Finalizamos o estudo sobre Dimensões do cuidado na Atenção Psicossocial.