Módulo 8: Enfermagem na Atenção à Saúde da Mulher, do Neonato e à Família no Alojamento conjunto
Unidade 3: Alterações fisiológicas do neonato

Avaliação clínica e exame físico do recém-nascido
Termorregulação do recém-nascido e Taquipneia transitória do recém-nascido
Icterícia neonatal

Termorregulação do recém-nascido

Termorregulação do recém-nascido

A termorregulação é uma necessidade crucial do recém-nascido logo após o nascimento e durante o período de Alojamento conjunto. O ambiente uterino fornecia ao feto uma temperatura 0,5ºC a 1ºC acima da temperatura materna (BRASIL, 2011; ORSHAN, 2010)e ao nascer, ele pode perder calor por evaporação ou por convecção (ORSHAN, 2010).

Manter a temperatura corporal adequada é condição fundamental à sobrevivência do recém-nascido. É preciso considerar a grande superfície corporal e a pequena quantidade de tecido subcutâneo isolante como facilitadores da vulnerabilidade do recém-nascido para a perda de calor; vulnerabilidade que aumenta à medida que diminui a idade gestacional ao nascimento (ORSHAN, 2010).

Diferentemente do adulto, que produz calor através do tremor, o recém-nascido produz calor através da termogênese sem calor, ou seja, mediante aumento do metabolismo e do consumo de oxigênio (HOCKENBERRY, 2006).

Saiba Mais
Para aprofundar seus conhecimentos sobre o assunto, consulte o documento Controle térmico e mecanismos de perda de calor no período neonatal. Disponível AQUI.

O profissional de enfermagem deve manter o recém-nascido aquecido nas primeiras horas de vida para auxiliar o equilíbrio entre a produção de calor e a conservação deste pelo bebê.

Outra ação importante do enfermeiro é viabilizar um ambiente termo neutro ao recém-nascido (minimizando a produção de calor e o consumo de oxigênio), isto favorece a manutenção da temperatura do bebê sem a necessidade de dispor de mecanismos fisiológicos que aumentem a taxa metabólica e o consumo de oxigênio (ORSHAN, 2010). A faixa de normalidade da temperatura axilar do recém-nascido é definida pela Organização Mundial de Saúde entre 36,5ºC e 37,0ºC (BRASIL, 2011b; 2011c).

Como consequências do estresse em decorrência de temperaturas menores que 36,0ºC, estão a hipóxia, a acidose metabólica e a hipoglicemia. O aumento do metabolismo acontece em resposta ao resfriamento, gerando um aumento compensatório do consumo de oxigênio e de calorias. Se o oxigênio disponível não for aumentado para poder suprir essas necessidades, haverá diminuição da tensão arterial de oxigênio, levando a uma menor quantidade de oxigênio no sangue (HOCKENBERRY, 2006).

Para evitar perda de temperatura, os recém-nascidos devem ser mantidos vestidos e protegidos com cobertores ou mantas e; ao realizar a avaliação clínica, os bebês devem ser despidos de acordo com a área/segmento a ser avaliado.

Para casos específicos (prematuridade, instabilidade térmica persistente), existem outros métodos que possibilitam a manutenção de um ambiente térmico neutro para o recém-nascido, como os aquecedores ao lado do berço, o Método Canguru, como também o uso de incubadoras e os berços aquecidos. Estes últimos são utilizados em unidades neonatais e não em Alojamento conjunto, pois requerem acompanhamento mais próximo da equipe de saúde (monitorização frequente).

É importante destacar que os dispositivos mecânicos (aquecedores ao lado do berço, incubadoras e berços aquecidos) necessitam de avaliação constante do enfermeiro, identificando-se riscos e necessidades do recém-nascido.