Módulo 8: Enfermagem na Atenção à Saúde da Mulher, do Neonato e à Família no Alojamento conjunto
Unidade 5: Aleitamento Materno

Anatomia da mama, fisiologia da lactação, leite humano e Cuidados de Enfermagem ao aleitamento materno
Ordenha

Anatomia da mama, fisiologia da lactação e leite humano

Introdução

Segundo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde (MS), todos os bebês devem ser amamentados com leite materno exclusivamente até o sexto mês de vida; depois disso, o aleitamento materno deve ser complementado com outros alimentos durante 2 anos ou mais (BRASIL, 2001).

Os benefícios do aleitamento materno estão claramente descritos na literatura científica, sendo que a sua importância como meio ideal de nutrição da criança tem sido largamente difundida. Pesquisas têm demonstrado as propriedades nutricionais e imunológicas do leite materno, que atende satisfatoriamente às necessidades fisiológicas do lactente (MCKEEVER; STEVENS; MILLER, 2002). Além disso, o aleitamento traz também benefícios para a nutriz, sua família e para a sociedade (BRASIL, 2001).

Apesar de todo o conhecimento científico acumulado, a prática da amamentação ainda está aquém do que é recomendado e o desmame precoce, bem como a transição do desmame, ainda preocupam pelos prejuízos que podem causar às crianças, aumentando os índices de morbi-mortalidade infantil.

Assim, este estudo fornecerá informações importantes para que você possa atuar junto às nutrizes, lactentes e suas famílias, na promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno.

Anatomia da mama, fisiologia da lactação e o leite humano

Para podermos compreender e manejar adequadamente o processo da lactação é necessário conhecermos a estrutura da glândula mamária feminina e seu funcionamento.

É importante destacar que nos últimos 160 anos as descrições da anatomia da mama têm mudado pouco, mas, recentemente, estudos utilizando novas tecnologias de imagens foram realizados evidenciando novidades em sua descrição. Assim sendo, descreveremos na animação a seguir a anatomia da glândula mamária feminina de acordo com os autores Ramsay et al. (2005), Geddes (2007) e Santos (2011b).

A pele que reveste as mamas inclui os mamilos e a aréola. Ela é macia, flexível e elástica, está aderida ao tecido subcutâneo, rico em gordura, e contém glândulas sebáceas e sudoríparas apócrinas, sem particularidades especiais.

Cada mama tem na sua porção o mamilo, localizado no centro da aréola, constituído de tecido erétil, cilíndrico, dotado de grande sensibilidade, por ser ricamente enervado com terminações neurossensitivas e corpúsculos de Meissner. Significativamente variáveis na sua forma e tamanho, possuem papilas dérmicas altas e fibras musculares lisas circulares e longitudinais, o que os torna mais rígidos e salientes especialmente na gestação e no período menstrual. Estão também ricamente providos de glândulas sebáceas e sudoríparas apócrinas.

Anatomicamente podem ser classificados em três tipos:

  • Mamilo normal: apresenta-se protruso e caracteriza-se pela existência de um ângulo com cerca de 45º entre o mamilo e a aréola. É extremamente elástico e de fácil apreensão.
  • Mamilo plano: situa-se no mesmo nível que a aréola, inexistindo a presença de um ângulo entre os dois. É de tecido pouco elástico, devido à grande quantidade de aderências de tecido conetivo existente em sua superfície.
  • Mamilo invertido: caracteriza-se pela inversão total do tecido epitelial, podendo ocasionar o desaparecimento completo do mamilo. Frequentemente não é de tecido elástico e é de difícil apreensão.

Cada um desses tipos de mamilos pode ter subcategorias, como por exemplo: o mamilo normal pode ser protruso ou semiprotruso, o mamilo invertido pode ser também pseudoinvertido e assim por diante.

Ao redor do mamilo, encontramos uma área cutânea pigmentada de tamanho variável, normalmente com 2 a 4cm de diâmetro, mas podendo apresentar-se com até 15 a 100mm de diâmetro: a aréola. Nesta área e nos mamilos, localizam-se glândulas areolares ou mamárias acessórias, responsáveis pelas proeminências modulares da superfície, que na gravidez crescem até o diâmetro de 2,5mm e produzem secreção lipoide, cuja função consiste em lubrificar os mamilos e as aréolas: são os tubérculos de Montgomery. Essas glândulas constituem-se na fonte do cheiro da mãe, favorecendo o bebê a reconhecê-la e a encontrar a mama.

Toda esta estrutura arquitetônica da glândula mamária está imersa em tecido conjuntivo, colágeno e adiposo, constituindo-se o que denominamos de estroma, que é o responsável pela consistência característica da mama. O mesmo também inclui os vasos, os nervos e os linfáticos (conforme demonstram as figuras 5.1 e 5.2).

Figura 5.1: Nova versão da descrição da anatomia da glândula mamária feminina lactante é feita por imagem de ultrassom por Ramsay. Fonte: Ramsay et al.(2005, p. 531).

Figura 5.2: Estrutura da glândula mamária feminina: 1) Músculo peitoral maior; 2) Músculo peitoral menor; 3) Plano costal; 4) Ligamento de Cooper; 5) Tecido adiposo subcutâneo; 6) Tecido adiposo retromamário; 7) Músculo areolar; 8) Glândulas areolares; 9) Orifício do ducto excretor; 10) Mamilo; 11) Ductos de leite; 12) Canal galactóforo; 13) Tecido adiposo intramamário (estroma). Fonte: Santos (2011b, p. 28, adaptado de Santos, 2000) e Ramsay, et al. (2005).

Para melhor ilustrar as diferenças entre as versões antiga e nova da anatomia da mama, de acordo com Ramsay et al. (2005), apresentamos o quadro 5.1 a seguir.

Quadro 5.1: Diferenças entre as versões antiga e nova da anatomia da glândula mamária feminina de acordo com Ramsay. Fonte: Ramsay et al.(2005).

Na próxima página continuaremos a tratar desse tópico fundamental para a sua atuação junto às nutrizes, lactentes e suas famílias. Acompanhe!