Redução de danos
A redução de danos (RD) representa uma abordagem flexível, centrada no desejo e possibilidades do usuário, ou seja, na sua singularidade. Portanto, a RD configura-se estratégia e política fundamentais do cuidado a pessoas com problemas em relação ao álcool e outras drogas. Assim, o sucesso terapêutico não pode ser considerado, colocando-se apenas a abstinência como único objetivo a ser alcançado. Entenda melhor acessando a animação a seguir:
As práticas de saúde devem levar em conta a diversidade da população, acolhendo, sem julgamento, as situações em que são necessárias ações de cuidado. Neste sentido, é fundamental estimular a participação e o engajamento do usuário na consecução de seu projeto terapêutico e nos objetivos de seu tratamento (BRASIL, 2003).
Assim, ao adotar a redução de danos, as estratégias são traçadas junto com o usuário e não estão necessariamente voltadas para a abstinência, mas para a defesa de sua vida. Assim, a redução de danos é um caminho não excludente de outros, que implica em ampliar o grau de liberdade e estimular a corresponsabilidade do usuário. Para isso é fundamental estabelecer vínculo e confiança entre usuários e profissionais, que também assumem a corresponsabilidade pelo cuidado do usuário (BRASIL, 2003).
Para a redução de danos ter a eficácia que se pretende, ela precisa ativar interações, promovendo o aumento do contato, criando pontos de referência, viabilizando o acesso e o acolhimento, adscrevendo o contexto dos usuários e qualificando a demanda, multiplicando as possibilidades de enfrentamento do problema da dependência no uso do álcool, crack e outras drogas (BRASIL, 2003).
Neste ponto, a abordagem se afirma como clínico-política, pois, para que não reste apenas como “mudança comportamental”, a redução de danos deve se dar como ação no território, intervindo na construção de redes de suporte social, com clara pretensão de criar outros movimentos possíveis na cidade, visando avançar em graus de autonomia dos usuários e seus familiares, de modo a lidar com a hetero e a autoviolência muitas vezes decorrentes do uso abusivo do álcool e outras drogas, usando recursos que não sejam repressivos, mas comprometidos com a defesa da vida (BRASIL, 2003, p.11).