Módulo 2: Política de Redes de Atenção à Saúde
Unidade 2: Educação Permanente em Saúde

Educação Permanente em Saúde

Importância da Atuação Multiprofissional

A implantação da EPS implica, portanto, na necessidade de estabelecer espaços rotineiros de reuniões de planejamento. Nas reuniões de planejamento estão inclusas as discussões de casos, os estabelecimentos de contratos, as definições de objetivos, os critérios de prioridade, os critérios de encaminhamento ou compartilhamento de casos, os critérios de avaliação, as resolução de conflitos, etc. Isso não acontece automaticamente, tornando-se assim necessário que os profissionais assumam sua responsabilidade na cogestão, e os gestores coordenem esses processos, em constante construção. (BRASIL, 2007*)

* BRASIL . Ministério da Saúde. Política Nacional de Humanização. Documento Base. Brasília: Ministério da Saúde. 3ª Edição, 2007.

Esses novos arranjos organizacionais para o trabalho em saúde são capazes de produzir outra cultura e de lidar com a singularidade dos sujeitos, favorecendo a troca de informações e a ampliação do compromisso dos profissionais com a produção de saúde, apresentando, portanto, características de transversalidade, e buscando diminuir a fragmentação imposta ao processo de trabalho, decorrente da especialização crescente em quase todas as áreas do conhecimento (CAMPOS, 1999*).

* CAMPOS, G. S. W. Equipes de referência e apoio especializado matricial: um ensaio sobre a reorganização do trabalho em saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 4, n. 2, p. 393- 403, 1999.

A equipe de referência busca deslocar o poder das profissões e corporações de especialistas, reforçando o poder de gestão interdisciplinar. Para tanto, depende de uma série de instrumentos operacionais e de sua composição, que deve ser multiprofissional, e que é determinada segundo o objetivo de cada unidade de saúde, das características de cada local e da disponibilidade de recursos.

Para que ocorra clara definição da responsabilidade sanitária e se ampliem as possibilidades de construção de vínculo, é fundamental valer-se da metodologia de adscrição de clientela à equipe de referência. A equipe ou o profissional de referência são aqueles que têm a responsabilidade pela condução de um caso individual, familiar ou comunitário (CAMPOS, 1999*; CAMPOS; DO MITTI, 2007**).

* CAMPOS, G. S. W. Equipes de referência e apoio especializado matricial: um ensaio sobre a reorganização do trabalho em saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 4, n. 2, p. 393- 403, 1999. **CAMPOS G.W.S.; DO MITT I, A. C. Apoio matricial e equipe de referência: uma metodologia para gestão do trabalho interdisciplinar em saúde. Rio de Janeiro, Cad Saúde Pública, v. 23, n. 2, p. 399-407, 2007.

O apoio matricial pretende oferecer tanto retaguarda assistencial, quanto suporte técnico-pedagógico às equipes de referência, objetivando ampliar as possibilidades de realizar-se clínica ampliada e integração dialógica entre distintas especialidades e profissões. O apoio matricial procura construir e ativar espaço para a comunicação ativa e para o compartilhamento de conhecimento entre profissionais de referência e apoiadores, implicando sempre na construção de um projeto terapêutico integrado (Id., 1999; 2007). As competências para a realização do trabalho vivo, com as características descritas, exigem processos de Educação Permanente comprometidos com a participação coletiva.

Recomendação de leitura complementar

Para complementar seus conhecimentos sobre EPS, indicamos que você faça as seguintes leituras:

CECCIM, Ricardo Burg. Educação Permanente em Saúde: desafio ambicioso e necessário. Interfaces – Comunic., Saúde, Educ. v.9, n. 16, p.161 – 168 – set.2004/fev.2005.

CECCIM, RB ; FERLA, AA . Educação e saúde: ensino e cidadania como travessia de fronteiras. Trab. Educ. Saúde, v.6, n. 3, p.443 – 456, Nov.2008/fev.2009.