Módulo 2: Política de Redes de Atenção à Saúde
Unidade 3: Política Nacional de Humanização em saúde

Histórico do Humanização SUS
Conceituação do Humaniza SUS
Funcionamento do Humaniza SUS
Potencialidades e Desafios do Humaniza SUS

Potencialidades e Desafios

É possível observar que nos últimos vinte anos, reorganizou-se a rede de atenção, solidificando-a a partir do fortalecimento da atenção básica; ampliou-se o acesso das pessoas aos serviços; o sistema foi integrado por meio de redes de atenção municipalizadas e regionalizadas; fortaleceu-se o trabalho em equipe ampliando a quantidade, a diversidade e a qualidade dos trabalhadores da saúde; investiu-se em desenvolvimento científico e tecnológico (entre os quais vacinas e medicamentos); e desenvolveram-se sistemas de informação e de gestão, que permitiram monitorar resultados e melhorar o processo de tomada de decisão (PASCHE, 2009*).

* PASCHE, D.F. Política Nacional de Humanização como aposta na produção coletiva de mudanças nos modos de gerir e de cuidar. Interface: comunicação, saúde, educação., v. 13, supl.1, p.701-8, 2009.

Porém, como lembra o autor, esses imensos avanços são do tamanho dos desafios que o SUS ainda tem pela frente para sua consolidação como política pública que garante um direito de cidadania, de modo qualificado e universal. Dentre os inúmeros desafios que ainda persistem na agenda do SUS, destacam-se:

  • A superação da cultura sanitária biomédica, que associa saúde à ação médica e acesso a remédios e hospital, concepção que permite a medicalização da vida.
  • O subfinanciamento do sistema com aporte insuficiente de recursos para financiar as ações de saúde.
  • A superação da forte presença da cultura hospitalocêntrica e de interesses privados, corporativos e político-partidários na definição de políticas de saúde e na organização de serviços de saúde (privatização).
  • As iniquidades no acesso.
  • A má distribuição dos recursos assistenciais em muitos territórios, deixando muitos locais desprovidos de atenção adequada.
  • A inexistência operacional de rede de atenção, o que dificulta a continuidade dos tratamentos.
  • A baixa capacidade da atenção básica, ainda entendida como ação direcionada para população pobre.
  • A baixa capacidade de ordenamento dos processos de formação de trabalhadores às necessidades do sistema de saúde.
  • A ausência de uma “carreira SUS” para trabalhadores da saúde.
Conheça um pouco mais da PNH na animação a seguir.

É tarefa, para as próximas gerações, manter vivas, fortalecidas e pulsantes as forças sociais e políticas que criaram e sustentaram a reforma sanitária brasileira. Radicalizar o interesse coletivo na ação do Estado, afirmando a natureza pública das políticas sociais, convoca a sociedade civil a “jogar o jogo da política”, a disputar as orientações na condução da coisa pública, ação que se faz em todos os espaços singulares da micropolítica, mas também em outros planos, no interior e nos limites da máquina do Estado. Esse é o papel e a função estratégica da PNH (PASCHE; PASSOS, 2008*).

* PASCHE, D.F.; PASSOS, E. A importância da humanização a partir do Sistema Único de Saúde. Rev. Saúde públ. Santa Cat., Florianópolis, v. 1, n. 1, jan./jun. 2008.

É importante lembrar a dimensão ética-estética-política que assume a configuração da PNH ao se capilarizar por entre sujeitos coletivos e instituições. Como apontam Verdi e Caponi (2005, p.87)

“Para a construção das mudanças necessárias no cotidiano das práticas profissionais de saúde, é preciso refletir sobre as implicações éticas das ações dos trabalhadores como agentes morais. É preciso, também, compreender o caráter dinâmico da sociedade como um espaço em permanente disputa de interesses políticos e desejos individuais e coletivos, que envolvem forças díspares, valores diversos e crenças divergentes.”

* VERDI, M.; CAPONI, S. Reflexões sobre a promoção da saúde numa perspectiva bioética. Florianópolis, Rev. Texto contexto Enfermagem. v. 14, n. 1, p.82-88, jan./mar. 2005.

Você viu que a PNH já obteve muitos avanços desde a sua implantação até os dias atuais, no entanto, ainda são muitos os desafios a serem vencidos. Cabe a você, como profissional da saúde, comprometer-se com o processo, contribuindo para o seu desenvolvimento e a sua divulgação.