Módulo 2: Política de Redes de Atenção à Saúde
Unidade 3: Política Nacional de Humanização em saúde

Histórico do Humanização SUS
Conceituação do Humaniza SUS
Funcionamento do Humaniza SUS
Potencialidades e Desafios do Humaniza SUS

Uma aposta ético-estético-política

Desde seu início, um dos maiores desafios da PNH tem sido o de conferir à humanização o sentido desejado pela política. Por se tratar de um termo polissêmico, permite vários enunciados e acaba permeado por várias imprecisões e conflitos de interpretações, refletindo distintas práticas de gestão e de atenção encontradas na saúde (HECKERT; PASSOS; BARROS, 2009*).

* HECKERT, A.L.C., PASSOS, E. H., BARROS, M.E.B.. Um seminário dispositivo: a humanização do Sistema Único de Saúde (SUS) em debate. Interface: comunicação, saúde, educação. Fundação UNI/UNESP, v.13, supl.1, 2009.

Nas diferentes produções sobre humanização, como projetos de ação, estudos acadêmicos e propostas de formação na saúde, é possível identificar variados sentidos impostos à humanização que não correspondem ao marco ético-político da política. Encontram-se produções cujo sentido de humanização tem sido associado à ideia de voluntarismo, de assistencialismo, paternalismo, tecnicismo gerencial, entre outros.

Ou ainda, como coloca Fuganti (1990*), no campo da Saúde ainda persistem sentidos ligados à ideia de caridade ou religiosidade, como ser bom, sorrir, ser educado, dar mais de si, respeitar o paciente, criar um grupo de humanização no serviço. Tais sentidos produzem em geral práticas de humanização marcadas por ações individualizadas, tutelares e compassivas, absolutamente em sentido contrário daquele impresso na PNH.

*FUGANTI, L. A. Saúde, desejo e pensamento. In: Lancetti, A. (org.) Saúde e Loucura. São Paulo: Hucitec, 1990.

Mas então, qual o sentido de humanização na PNH? O sentido de humanização proposto pela PNH é o da valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde.

Valorização aqui assume o sentido de fomento da autonomia, do protagonismo e corresponsabilidade entre os sujeitos da saúde, estando também implícito o estabelecimento de vínculos solidários, de participação coletiva no processo de gestão, no mapeamento e interação com as demandas sociais, coletivas e subjetivas de saúde, bem como a defesa de um SUS que reconhece a diversidade, sem quaisquer tipos de distinção (BRASIL, 2008*).

* BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Humanização. Documento base para gestores e trabalhadores do SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 4ª ED., 2008.

Como precursores da política, Regina Benevides e Eduardo Passos (2005), fomentam a ideia da Humanização como estratégia de reencantamento do concreto e, portanto, estratégia que deve partir das experiências concretas considerando a diversidade normativa do humano. Assim, os autores redefinem a humanização como estratégia de interferência nas práticas de saúde levando em conta que sujeitos sociais, atores concretos e engajados em práticas locais, quando mobilizados, são capazes de, coletivamente, transformar realidades transformando-se a si próprios nesse mesmo processo.

Trata-se, então, de investir, a partir desta concepção de humano, na produção de outras formas de interação entre os sujeitos que constituem os sistemas de saúde, deles usufruem e neles se transformam, acolhendo tais atores e fomentando seu protagonismo.

É Importante destacar que a PNH se propõe a um processo de criação que envolve, simultaneamente, três dimensões. Clique nos ícones a seguir e conheças cada uma destas dimensões.

No que se refere ao campo da ética, Ayres (2009), localiza na PNH uma resposta efetiva, um caminho para a proposta da presença da ética no âmbito da construção do SUS, enfatizando que, desde sua emergência, a humanização aponta como um de seus desafios o cultivo de uma ética de emancipação dos sujeitos. Aponta, ainda, que essa tarefa só é possível por meio do reconhecimento da palavra, do diálogo como estratégia de “construção compartilhada entre sujeitos plenos de direito de uma atenção à saúde universal, equânime e integral” (AYRES, 2009, p. 20*).

* AYRES, J.R.C.M. Organização das ações de atenção à saúde: modelos e práticas. Rev. Saúde e Sociedade; 18(supl.2): 11-23, abr.-jun. 2009.

Agora é importante que você prossiga seus estudos e conheça quais são os princípios e o método da PNH. Vamos lá?