Linha de cuidado pode ser entendida como o itinerário* que o usuário faz por dentro de uma rede de saúde. Por itinerário entende-se a definição de trajeto a ser percorrido. Por exemplo, uma empresa de ônibus urbanos ao definir o itinerário de determinada linha, indica todos os pontos de parada do ônibus desde o início até o fim da linha. A esta indicação dá-se o nome de itinerário.
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Ela expressa os fluxos assistenciais seguros e garantidos ao usuário, objetivando atender as suas necessidades de saúde. Perpassa todos os níveis de atenção (atenção básica e atenção especializada de média a alta complexidade) e de atendimento (promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e cuidados paliativos). Após o exemplo, você conseguiu remeter a palavra itinerário à complexa rede e trama de saúde a qual o usuário percorre a fim de que suas necessidades sejam atendidas? Ao olhar para a ilustração você identifica os nós da assistência? Esse é o nosso grande desafio! |
Cabe aqui diferenciar a linha de cuidado dos processos de referência e contrarreferência, apesar de incluí-los também. A grande diferença consiste no fato de que a linha de cuidado ultrapassa os protocolos estabelecidos e facilita o acesso do usuário às Unidades e Serviços aos quais necessita, permite ainda, a reorganização do processo de trabalho, inclusive por meio de novos pactos entre os gestores.
Inserida no SUS, e operacionalizando os seus princípios e diretrizes, fica mais apropriado denominá-la Linha de Cuidado Integral, pois incorpora a ideia da integralidade na assistência à saúde. Isso significa unir ações preventivas, curativas e de reabilitação e proporcionar o acesso a todos os recursos tecnológicos que o usuário necessita, desde simples visitas domiciliares pela Estratégia da Saúde da Família até recursos de alta complexidade hospitalar. Além disso, a Linha de Cuidado Integral requer uma opção de política de saúde e boas práticas dos profissionais.
A concepção de Linhas de Cuidado pressupõe o rompimento com ações centradas numa profissão ou em um profissional. Pressupõe, também, o fim das ações fragmentadas e desarticuladas nas quais predominam os interesses dos prestadores de serviços de saúde, reduzindo a pessoa humana à condição de "paciente" portador de uma patologia, bem como, o fim da dicotomia entre atenção clínica e atenção epidemiológica e, ainda, o rompimento com a lógica assistencial centrada em doenças.