A bioética deve ser entendida como bioética da vida e não sobre a vida, representando, dessa maneira, uma resistência à biopolítica e às formas de poder sobre a vida em nome da justiça ou como situação de empowerment (empoderamento) dos cidadãos (SCHRAMM, 2010)*.
O termo biopolítica, utilizado por Foucault, está associado ao corpo e à medicina, considerando-o como uma estratégia capitalista: para a sociedade capitalista. Há que se entender por 'biopolítica' a maneira pela qual, a partir do século XVIII, a prática do governo de Estado buscou pensar os problemas relacionados à saúde, à higiene, à natalidade e à longevidade da população. Nessa perspectiva, a política só poderia ser vista como a possibilidade, ou o instrumento de conservar a vida (SCHRAMM, 2010)*.
* SCHRAMM, F. R. A bioética como forma de resistência à biopolítica e ao bio poder. Revista Bioética. 2010; 18 (3): 519-35.
Podemos inferir, portanto, que, no primeiro caso, a saúde e o bem estar da população são os objetivos almejados; e, no segundo caso, o foco é o corpo biológico sendo protegido contra agentes patogênicos.
Você deve estar se questionado, por que inserir na discussão bioética a biopolítica? Porque a biopolítica é inevitável. A pretensão não é excluir a biopolítica e nem teria como. A biopolítica é competente e interfere positivamente na saúde da população e na sua longevidade.
Mas, ao mesmo tempo, a biopolítica é excludente, pois, entra na pauta da biopolítica aquilo que constitui e mobiliza economicamente a sociedade, logo, devemos aplicar as ferramentas da bioética para detectar a moralidade (que inclui a imoralidade) da biopolítica e reconstruir formas de resistência.
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