A Psiquiatria de Setor foi uma estratégia com a finalidade de reduzir a importância do hospital em detrimento da atenção extra-hospitalar. Setor era uma denominação para delimitar áreas geográficas em que os profissionais pudessem acompanhar os pacientes, onde as equipes se responsabilizavam pelos pacientes conforme sua área geográfica. Foi um mecanismo para conciliar o hospital e a rede extra-hospitalar (ROCHA, 2005). Essa estratégia reflete-se atualmente na regionalização em saúde e áreas de abrangência.
Na década de 60 (século XX), nos Estados Unidos da América, também em decorrência da constatação da precariedade da assistência oferecida aos doentes mentais e dos altos índices de cronificação, surge o que passou a ser denominado de Psiquiatria Comunitária ou Preventiva.
Apoiada na obra de Caplan (1966), é produzido um novo enfoque de assistência ao doente mental, tendo como objeto privilegiado não mais a doença, mas a saúde mental, deixando de ser a cura o objetivo, passando este a ser a prevenção. A comunidade passa a ser eleita como o locus das ações assistenciais em detrimento do hospital. O conceito chave da produção teórica de Caplan é o de crise, que se guia pelo marco teórico do modelo da História Natural das Doenças que possibilita construir as prioridades da assistência psiquiátrica, assim definidas:
Psiquiatria Preventiva se refere a um corpo de conhecimento profissional, tanto teórico quanto prático, que pode utilizar-se para planejar e promover programas para: 1) reduzir a frequência dos transtornos mentais na comunidade através da prevenção primária, 2) reduzir a duração de um número significativo de transtornos através da prevenção secundária, 3) tratar os danos decorrentes dos transtornos.(CAPLAN, 1966, p.34)
Crise tem o sentido de dificuldade, de vulnerabilidade, um ponto decisivo quando se tem que optar por uma ou outra direção, podendo levar à adaptação ou à desadaptação. A crise, neste enfoque, passa a conter um duplo sentido: pode significar doença, como, também, pode significar saúde, apresentando-se como um momento privilegiado para a ação psiquiátrica.
Crises repetidas levariam à doença mental. Assim, a crise representa a encruzilhada onde a saúde ou a doença espreita o indivíduo. O indivíduo pode por si só superar a crise, mas com a intervenção de um técnico em saúde mental consegue conduzi-la de maneira mais rápida e eficaz.
As críticas direcionadas à instituição psiquiátrica, aos fundamentos, ao saber que lhe dá sustentação, passaram a ser designadas de antipsiquiatria.
Na década de 60 (século XX), surge na Inglaterra um movimento contestatório das práticas psiquiátricas vigentes, no qual se destacam Ronald Lang, David Cooper e Aaron Esterson, que formulam crítica radical ao saber médico-psiquiátrico.
O primeiro questionamento é dirigido aos princípios que são adotados para a construção deste saber. Apontam que os princípios e métodos originários das ciências naturais são inapropriados quando aplicados ao campo das ciências do homem.
Mesmo que a ação do homem possa ser probabilística, nada assegura que o homem não possa agir de maneira diferente do esperado, isto é, por geralmente ter um determinado comportamento, nada assegura que não possa se comportar de maneira diferente.
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