Módulo 7: Enfermagem na Atenção à Saúde da Mulher e da Criança: Parto e Nascimento
Unidade 2: Avaliação materno-fetal e neonatal

Avaliação e exame físico da parturiente
Os quatros períodos do parto
Avaliação do recém-nascido
Exame físico do recém-nascido

Terceiro e quarto período clínico do parto

O descolamento da placenta ocorre devido à brusca diminuição da cavidade uterina (saída fetal e contração da musculatura do útero). Esta diminuição acarreta a redução da área de fixação da placenta no útero, formando um encolhimento neste local, que leva ao descolamento. Os sinais de ocorrência do descolamento placentário são: útero globoso e hipertônico à palpação com elevação do fundo, descida do cordão umbilical que se exterioriza pela vagina, sangramento vaginal em jorro ou contínuo. Normalmente, a placenta descolada é visualizada na vagina, migrando até a fenda vulvar (SAITO; RIESCO; OLIVEIRA, 2006; MAMEDE et al., 2009).

A placenta constitui-se em uma massa esponjosa achatada, arredondada, medindo de 15 a 20 cm de diâmetro e 2 a 3 cm de espessura na região central, se achatando nas margens. A superfície que fica aderida no útero (superfície materna) tem aspecto irregular e cor vermelha escura e é formada por cotilédones; a superfície fetal é lisa e brilhante, nela se insere o cordão umbilical e se visualizam os vasos placentários.

Após o descolamento e descida da placenta, se a mulher estiver em posição dorsal, haverá dificuldade para ocorrer à expulsão da placenta de forma espontânea. A mulher pode ser orientada a fazer força para auxiliar na expulsão da placenta (SAITO; RIESCO; OLIVEIRA, 2006).

Neste período, o principal risco para a mulher é a hemorragia durante ou após a dequitação, causada pela hipotonia uterina ou pela retenção de restos placentários. A hemorragia pós-parto é uma das principais causas de mortalidade materna e sua incidência aumenta frente a alguns fatores predisponentes, como gestação múltipla, polidrâmnio, trabalho de parto complicado, parto vaginal operatório, antecedentes prévios dessas intercorrências. Mesmo em gestações de baixo risco e partos de evolução normal, podem-se observar hemorragias severas e retenção placentária.

Palavra de Profissional
O exame da mulher deve ser realizado com vistas a avaliar a involução, contratilidade uterina e avaliação do sangramento (sinal de que a placenta está descolando). O exame da placenta, cordão umbilical e membranas, imediatamente após a expulsão, é prática indispensável, principalmente para verificar a integridade, certificando-se de que não foram deixados restos placentários ou de membrana na cavidade uterina (BRASIL, 2001).

Passamos agora, para o quarto e último período do parto.

O período de Greenberg refere-se ao pós-parto imediato, após a dequitação da placenta, sendo que não há consenso na literatura científica sobre a sua duração exata.

Clique na animação para ver detalhes deste período.

Na eventualidade de sangramento vaginal anormal, a observação deve redobrada, controlando-se a retração uterina, a perda sanguínea e o estado geral. Na ocorrência da hemorragia, o útero apresenta-se hipotônico e acima da cicatriz umbilical, com acúmulo de coágulos em sua cavidade. Nestes casos, deve-se estimular o esvaziamento vesical, realizar massagem abdominal (com compressão suave do fundo do útero em direção ao canal vaginal), colocar peso sobre o fundo do útero (saco de areia), providenciar uma via de acesso venoso periférico para infusão de reposição volêmica ou administração de ocitocina, se forem necessários (SAITO; RIESCO; OLIVEIRA, 2006).

Neste período, a verificação dos sinais vitais a cada 15 minutos faz parte da avaliação da mulher, tendo em vista a perda sanguínea no período que, se for excessiva, resulta na diminuição da pressão arterial e no aumento do pulso.

O controle da retração uterina e do sangramento deve ser praticamente contínuo, com o intuito de favorecer o diagnóstico precoce das alterações que devem receber intervenção da equipe de saúde. Portanto, considerar que o parto acabou após o nascimento da criança e a dequitação placentária é uma atitude perigosa e inadequada (BRASIL, 2001).

A puérpera deverá ser encaminhada para a sala de recuperação (quando necessário) ou para a enfermaria de alojamento conjunto somente após o término do período de Greenberg.

Ao finalizar este breve, mas importante, quarto período do parto e após sanar as eventuais dificuldades e complicações ocorridas na sala de parto, a mulher poderá ser encaminhada, juntamente com seu filho, para o alojamento conjunto.

Passamos a estudar mais uma fase muito importante deste processo; Avaliação do recém-nascido e sua adaptação a vida extrauterina.