Sexto aspecto: e a dor?
A dor é considerada uma experiência desagradável, sensitiva ou emocional. Um sofrimento estressante que causa uma importante redução na qualidade de vida das pessoas, quando o sintoma não é bem avaliado e controlado. Por esse motivo, é que a dor está entre as consequências mais comum, temidas e angustiantes sinalizadas pelas pessoas com câncer ou com outra doença crônica. Tenha em mente que a incapacidade de comunicar a dor não equivale à ausência desta, e o objetivo dos CP é eliminar por completo a dor e os sintomas da doença quando possível ou diminuí-los a níveis que a pessoa possa tolerar quando não puderem ser completamente aliviados (PERES et al, 2007).
Veja que o desafio relacionado à dor é obter alívio eficaz com mínimos efeitos colaterais e fornecer esse serviço para todas as pessoas que necessitam destas intervenções. Nos Estados Unidos, um estudo mostrou que nos últimos três dias de vida, dois quintos de todos os pacientes em todas as categorias de doenças incluídas apresentavam fortes dores (HIGGINSON et al, 2002).
A enfermeira deve ensinar o cuidador/familiar sobre a continuação das medidas de conforto e alívio da dor. Deve oferecer-lhes módulos educativos sobre os cuidados que se estenderão ao domicílio da pessoa doente, pois o processo de orientação contínua é de absoluta importância para uma boa provisão de CP no domicílio (ARAÚJO et al, 2009).
Para sua melhor compreensão, vamos exemplificar, os enfermeiros devem: fazer planilhas com os horários certos do que e quanto ele vai receber; tabela mostrando cada medicação. Estas planilhas devem ser elaboradas para que uma pessoa que não entende nada de enfermagem consiga entendê-la. Se precisar desenhar, deve-se desenhar; se precisar colar o rótulo para o familiar saber qual é qual, deve-se colar. Lembre-se de que cada caso é diferente. Como fazer o curativo, como mudar de decúbito, de quanto em quanto tempo mudar de decúbito, como é que se previne para não fazer feridas.
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Palavra do Profissional |
Sétimo aspecto: o sétimo e último aspecto abordado trata da autonomia no processo de terminalidade. Você já estudou, ao longo dos módulos, os diferentes modos de respeitar a autonomia das pessoas com DCNT. No entanto, com relação à terminalidade, especificamente, isso pouco foi abordado.
Convém ressaltar que, neste modo de cuidar, a autodeterminação pessoal é a base para a suspensão de esforços terapêuticos para os usuários dos serviços de saúde.
Esses esforços são compreendidos como, por exemplo:
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O respeito à autonomia do usuário dos serviços de saúde leva em consideração a maneira própria de ele apreender o mundo, de fazer suas escolhas fundamentadas em valores próprios, agindo de acordo com seus princípios, suas crenças e sua visão do mundo. Lembre-se que saber ouvir é mais que uma qualidade dos profissionais envolvidos, é uma necessidade que favorece a relação entre o profissional e o paciente, reforçando a confiança entre eles, permitindo acompanhá-lo em sua trajetória de decisão, ouvindo-o, esclarecendo-o e, acima de tudo, respeitando-o (VICENTIN; LABRONICI; LENART, 2007).
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Esperamos que com esta aprendizagem você possa contribuir para melhoria do atendimento e atenção em saúde em seu ambiente de trabalho! E entendemos que a temática dos CP mostrou-se adequada para compor este módulo. Ou seja, ainda que os CP tenha se constituído como um campo de conhecimentos e práticas já há várias décadas, recentemente, é que esta prática tem merecido um olhar mais atento das políticas públicas no país. Certamente, alguns dirão que inserir tal prática nas redes de atenção poderá parecer uma ficção ou uma prerrogativa de políticas públicas de saúde de alguns países em detrimento de outras nações. No entanto, ainda que de modo restritivo, os CP estão disseminados nas diferentes instituições da rede de atenção à saúde, existem experts na área e boas estruturas institucionais constituídas e, principalmente, há resultados positivos desta prática de cuidado. Não há como escaparmos deste processo. Nossa sociedade caminha nesta direção. Pense sobre isso; sensibilize-se com esta possibilidade de cuidado.