Módulo 8: Enfermagem na Atenção à Saúde da Mulher, do Neonato e à Família no Alojamento conjunto
Unidade 1: A enfermagem no cuidado à mulher, ao neonato e à família no Alojamento conjunto

A enfermagem no cuidado à mulher, ao neonato e à família

O processo de cuidado da puérpera no Alojamento conjunto

O cuidado de enfermagem no puerpério integra o conjunto de ações planejadas, executadas e constantemente avaliadas nos seus diferentes períodos, ou seja, imediato, tardio ou remoto.

Independente do marco conceitual, referencial teórico ou teoria adotada, o cuidado de enfermagem no pós-parto, como já enfatizamos no início do módulo, deverá ser de qualidade, visando o atendimento individualizado e integral da puérpera. Isso significa considerar aspectos nas suas diferentes dimensões (físicas, psíquicas, sociais, culturais e espirituais). Observe a animação:

Além destes aspectos, outros deverão ser aprofundados por meio da implementação das diferentes etapas do processo de enfermagem. Vale ressaltar a importância do suporte educativo com o auxílio de orientações individuais e em grupo às puérperas e aos seus familiares, respeitando seus saberes prévios em relação aos cuidados inerentes a este período. Estudos têm evidenciado que atividades educativas no período pós-parto podem modificar de maneira satisfatória o comportamento dos pais, trazendo bons resultados no que diz respeito à saúde (SANTOS; PENNA, 2009). Este tema será aprofundado em uma unidade específica ao final do presente módulo.

Exame físico da puérpera:

Tem como objetivo obter informações acerca do estado geral da puérpera, com ênfase aos fenômenos puerperais (involutivos e progressivo), às modificações locais e sistêmicas que ocorrem no puerpério e a outras alterações relacionadas ou não com este período. Deve ser realizado diariamente enquanto a mulher permanecer internada na maternidade ou por ocasião da consulta puerperal, após a alta hospitalar. Observar:

Cuidados de rotina no pós-parto:

Dada a especificidade do período puerperal e de suas fases distintas, alguns cuidados de rotina, independentemente das particularidades individuais de cada puérpera, deverão ser priorizados nos planos de cuidados de enfermagem. Assim sendo, de acordo com o preconizado na literatura especializada, apresentamos a seguir os principais cuidados adotados como rotina nos diferentes períodos do puerpério.

  • Processo de cuidar no puerpério imediato (1o ao 10o dia):
  • Nas primeiras horas que se seguem ao parto (48 a 72 horas), ou seja, durante o período de internação hospitalar, a mãe e o recém-nascido devem permanecer juntos no Sistema Alojamento conjunto onde receberão toda a atenção e as orientações necessárias. Ao serem encaminhados do Centro Obstétrico para o Alojamento conjunto, algumas informações referentes à puérpera devem ser obtidas pelo(a) enfermeiro(a) da unidade obstétrica. Tais informações incluem o tipo e a hora do parto, a analgesia, anestesia recebida, o volume da perda sanguínea, o tempo decorrido entre a ruptura das membranas e o parto, a episiotomia ou a laceração e qualquer outra intercorrência no parto (BURROUGHS, 1995).

    Autores como Santos (2011a), Montenegro e Rezende Filho (2010), Ziegel e Cranley (1985) e Brasil (2006), afirmam que neste período o plano de enfermagem referente à assistência à puérpera deve incluir os seguintes cuidados:
    • Verificar os sinais vitais (pulso, respiração, temperatura e pressão arterial), de 6/6 horas.
    • Observar o estado das mucosas e hidratação. Estimular ingestão hídrica nas primeiras 48 horas.
    • Encorajar a deambulação precoce (6 horas para parto vaginal e 12 horas para cesariana).
    • Verificar altura do fundo uterino, observando sua consistência e localização, bem como as características da incisão operatória quando o parto for cesáreo.
    • Inspecionar diariamente o períneo e o estado dos genitais externos: condições de higiene, cicatrização da episiotomia/laceração, presença de edema, hematoma e sinais de inflamação.
    • Observar continuamente e registrar lóquios: cor, odor, quantidade e aspecto.
    • Fazer ou orientar para higiene vulvar e perineal com água corrente após as micções e evacuações.
    • Avaliar continuamente o estado das mamas e mamilos: consistência, temperatura, sinais de apojadura, ingurgitamento, trauma mamilar, bloqueio de ductos, produção láctea, entre outros.
    • Controlar micção, características da urina, volume, frequência e distúrbios urinários, especialmente nas primeiras 24 a 72 horas. Em caso de sonda vesical, observar cuidados com a mesma.
    • Controlar e registrar diariamente a função intestinal: presença de peristaltismo, frequência e distúrbios no padrão de eliminação. Na ocorrência de hemorroida, observar tamanho, desconforto e sensibilidade.
    • Observar continuamente membros inferiores, atentando para os sinais precoces de tromboses e flebites.
    • Discutir com a puérpera os conceitos relacionados à alimentação e à higiene corporal;
    • Avaliar o estado emocional da puérpera e sua aceitação da maternidade, procurando identificar o grau de interação com o recém-nascido e de integração familiar.
    • Dar suporte emocional e ajuda prática.
    • Identificar o grau de conhecimento da puérpera em relação aos cuidados com o recém-nascido: curativo do coto umbilical, banho, vestuário, alimentação e imunização.
    • Respeitar a autonomia da mulher e sua liberdade de escolha.
    • Ministrar medicamentos prescritos, observando efeitos colaterais e adversos. Em caso de fluidoterapia, realizar controle e cuidados para esta.
  • O processo de cuidar no puerpério tardio (10o ao 45o dia) e puerpério remoto (45o dia em diante):
  • Autores como Santos (2011a), Montenegro e Rezende Filho (2010), Ziegel e Cranley (1985) e Ministério da Saúde (BRASIL, 2006) indicam uma série de cuidados durante o período de internação ou por ocasião da alta, em que a puérpera deverá receber orientações sobre os cuidados a serem observados no puerpério tardio e remoto, tais como:

    • Consulta pediátrica e puerperal entre o 7o e 10o dia.
    • Observação das características fisiológicas e patológicas dos lóquios.
    • Identificação de situações de risco ou intercorrências.
    • Estado e cuidados com a episiorrafia e outras suturas.
    • Higiene e alimentação.
    • Exercícios físicos visando recuperar o tônus da musculatura abdominal e perineal.
    • Retorno da atividade sexual em torno do 20o dia, informando sobre prevenção de DST/AIDS.
    • Amamentação.
    • Planejamento familiar, explicando como funciona o Método da Amenorreia Lactacional (LAM) ou ajudando na escolha de outro método.
    • Prevenção do câncer de colo uterino e detecção precoce do câncer da mama.
    • Imunização do bebê.
    • Direitos da mulher trabalhadora/estudante/privada de liberdade, da criança e do adolescente.

  • Consulta puerperal:
  • Alguns autores, como BRASIL (2006) e Organização Panamericana da Saúde (OPAS) (2004), indicam que a consulta puerperal deverá incluir as seguintes atividades:
    • Realizar exame físico geral da puérpera.
    • Realizar exame obstétrico: avaliação dos fenômenos puerperais involutivos (involução uterina e loqueação) e progressivo (lactação), inspeção da cicatriz perineal ou abdominal.
    • Observar comportamento da mãe/pai em relação ao seu filho.
    • Orientar a puérpera para completar a vacinação antitetânica no caso de ter iniciado tardiamente.
    • Orientar sobre o planejamento familiar e os cuidados com o recém-nascido.

    Palavra do Profissional
    A consulta puerperal caracteriza-se como um importante momento da saúde da mulher e não somente da saúde materna, cabendo ao enfermeiro promover a conjugação desses dois campos de prática e de conhecimento no âmbito da ação profissional.

    Saiba Mais
    Para aprofundar seus conhecimentos acerca deste assunto, recomendamos a leitura do Manual técnico elaborado pelo Ministério da Saúde, acesse no link a seguir:

    BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção a saúde. Pré-Natal e puerpério: atenção qualificada e humanizada:manual Técnico. Brasília: Ministério da Saúde, versão revisada, 2006. Disponível AQUI.

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