Módulo 8: Enfermagem na Atenção à Saúde da Mulher, do Neonato e à Família no Alojamento conjunto
Unidade 1: A enfermagem no cuidado à mulher, ao neonato e à família no Alojamento conjunto

A enfermagem no cuidado à mulher, ao neonato e à família

Enfermagem no cuidado à família no Alojamento conjunto

As medidas de higiene e conforto envolvem o banho do recém-nascido e a troca frequente de fraldas. A técnica utilizada para o banho do neonato vai depender da rotina da instituição, podendo ser utilizada a técnica de banho de imersão ou de ducha, ou a limpeza da pele com panos umedecidos em água, sendo que a cabeça deve ser lavada e secada antes da lavagem do corpo, pois o neonato perde muito calor pela cabeça. Dar segurança ao recém-nascido ao colocá-lo na banheira é fundamental. O banho deve ser diário, sem rotina rígida quanto ao horário, observando-se as condições do neonato, bem como as condições climáticas. A temperatura da água do banho deve ser mantida em torno de 34º a 36ºC, devendo ser medida com termômetro próprio para este fim, ou com o dorso da mão ou cotovelo. O local do banho deve estar protegido contra correntes de ar. Encoraje os pais a participarem da atividade para que se sintam seguros no momento do retorno ao lar.

O banho tem como objetivos remover as sujidades, proporcionar proteção cutânea, promover o relaxamento do neonato, estimular a circulação sanguínea e favorecer o vínculo (MONTICELLI, 2011).

Preferencialmente não utilize sabonetes, pois estes podem alterar o pH cutâneo, levando a ressecamentos ou fissuras na pele. Evite também o uso de lenços umedecidos e talcos (MONTICELLI, 2011).

Ao final do banho o neonato deve ser secado com delicadeza, utilizando-se toalha limpa e seca, atentando-se para a região das pregas, região perianal e coto umbilical.

As fraldas devem ser trocadas sempre que o neonato urinar ou evacuar. Limpar a região genital, nádegas, ânus e virilha com água morna de forma a remover resíduos de fezes ou urina, secando-a antes de colocar a fralda.

O coto umbilical deve ser limpo e seco diariamente no momento do banho e a cada troca de fraldas. Fazer antissepsia com álcool a 70% utilizando cotonete ou gaze. A antissepsia deve ser realizada na base e no coto propriamente dito, sendo que este deve permanecer descoberto. Não utilize gazes ou qualquer outro dispositivo para envolvê-lo.

Deve-se aproveitar o momento de limpeza e desinfecção do coto para avaliá-lo quanto ao aparecimento de sangramentos, sujidades, secreções, odor, irritação, entre outros.

Palavra do Profissional
Insira os pais nos cuidados com o coto umbilical, pois o seu manuseio muitas vezes é causa de medos, inseguranças e ansiedades. Orientar que a queda do coto umbilical se dá por volta do 7o dia, podendo ocorrer até o 10o dia, e que o importante é mantê-lo limpo, seco e sem infecções.

No Alojamento conjunto não é muito comum o aparecimento de anormalidades no recém-nascido. No entanto, o enfermeiro deve estar atento a qualquer sinal de desconforto, irritação ou letargia, alteração nos sinais vitais, aparecimento de icterícia fisiológica, problemas com a amamentação, regurgitações ou vômitos, bem como as hipoglicemias que são bastante comuns nos recém-nascidos. Os bebês pequenos para a idade gestacional, assim como os grandes para a idade gestacional devem sempre ser avaliados e triados em relação a hipoglicemia, por meio de punção capilar na face lateral interna ou externa da região posterior da planta do pé. De acordo com Almeida e Kopelman (1994), deve-se fazer uma verificação da glicose na primeira hora de vida, na segunda hora, na oitava e na décima quarta. Caso o neonato apresente-se sem sinais de hipoglicemia após estas avaliações, realize a punção a cada oito horas, até que o neonato complete 48 horas de vida.

Os índices glicêmicos considerados normais para o neonato são de 40 a 160mg/dl. Os sinais que podem ser indicadores de hipoglicemia no recém-nascido são: apatia ou irritabilidade, hipotonia, dificuldade na sucção, choro fraco ou anormal, tremores, convulsões ou episódios de cianose (MONTICELLI, 2011; WONG, 1999; KENNER, 2001).

A educação em saúde é uma das ferramentas básicas do(a) enfermeiro(a) e deve estar presente no Alojamento conjunto, sendo norteada por princípios de diversidade cultural e dialogicidade, proporcionando às mães e aos pais o desenvolvimento da “maternagem” e “paternagem” responsável e consciente.

Neste sentido, as famílias devem ser orientadas sobre os cuidados específicos com a saúde materna e neonatal no domicílio, que incluem: atenção ao vestuário, higiene, amamentação, sono, atividades, banho de sol, eliminações; avaliação dos sinais presumíveis de infecção e de anormalidades; avaliação do choro, da cor e temperatura da pele; profilaxia da dermatite amoniacal; necessidades afetivas e de imunização e avaliações de puericultura periódicas. Enfatize a importância da lavagem das mãos de todos os familiares que forem entrar em contato com o recém-nascido, bem como dos cuidados com infecções respiratórias.

Palavra do Profissional
Ao prestar educação em saúde para as famílias dos recém-nascidos, planeje que as orientações sejam dadas de forma que a família possa assimilá-las. É importante que a educação em saúde seja desenvolvida durante toda a internação e, sempre que possível, no domicílio por meio da visita domiciliar.

Lembre-se que cada recém-nascido e família são únicos e devem ser cuidados de forma individualizada, com respeito às características, às necessidades, às crenças e à cultura de cada família.

Embora as vantagens proporcionadas pelo Alojamento conjunto sejam inúmeras e variadas, é preciso considerar que para isso acontecer deve haver uma predisposição por parte da equipe multiprofissional em interagir positivamente, proporcionando o acolhimento e o atendimento das necessidades da mulher e do seu recém-nascido.

Neste ponto, é importante refletirmos um pouco sobre o significado da convivência entre todos estes atores em prol da saúde do recém-nascido. A presença de tantas pessoas – a mãe, o pai, o bebê, os familiares e a equipe de saúde – gera, por vezes, situações em que é necessário redobrar os cuidados, a paciência e o apoio.

Você já deve ter se dado conta da multiplicidade de situações que podem ocorrer durante o processo de parto e nascimento. Muitas destas situações acabam sendo expressas durante o período vivenciado pela família no Alojamento conjunto. Diferenças de opiniões, crenças, valores, expectativas, experiências anteriores da mãe, do pai e da família com os serviços de saúde culminam em momentos cuja capacidade de negociação do(a) enfermeiro(a) e da equipe de saúde é testada.

De igual forma, tente tornar o processo de permanência no Alojamento conjunto um momento importante de trocas e significativo no fortalecimento de todos, proporcionando a efetividade do que se entende por humanização e integralidade nas ações de cuidar. Lembre-se que o nascimento representa para a família novos desafios que estarão em paralelo com outras demandas requeridas dela. Neste sentido, a família necessitará de profissionais que possam apoiá-la e auxiliá-la nos aspectos saudáveis que o viver em família deve representar.

Saiba Mais
Para aprofundar seus conhecimentos sobre esse assunto, consulte o Guia para Profissionais da Saúde elaborado pelo MS brasileiro:

BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para profissionais de saúde: cuidados no alojamento conjunto. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. v. 4.. Disponível AQUI.

Neste estudo aprendemos conhecimentos relevantes para o cuidado de enfermagem à mulher, ao recém-nascido e à família, no Sistema Alojamento conjunto. Dedicamos ênfase especial à importância do cuidado pautado nos princípios da humanização e nos conhecimentos técnico-científicos para que você, enfermeiro(a), possa prestar um cuidado qualificado, baseado em evidências científicas.